HISTÓRIA:
Terra plana é um modelo arcaico sobre a
concepção do formato da Terra como um plano ou disco.
Muitas culturas antigas concordavam sobre a cosmografia
plana da Terra, incluindo a Grécia antiga (até o período
clássico), as civilizações da Idade do Bronze e da Idade
do Ferro do Oriente Médio (até o período helenístico),
na Índia (até o período Gupta), primeiros séculos d.C.),
e na China até o século XVII. Esse paradigma também era
tipicamente mantido nas culturas indígenas da América e
a noção de uma Terra plana, abobadada pelo firmamento em
forma de uma tigela invertida, era comum em sociedades
anteriores às leis científicas, e.g. a da gravitação
universal.
Os
argumentos dos terraplanistas simplesmente não
convencem...
A idéia de uma Terra esférica apareceu na filosofia
grega com Pitágoras (século VI a.C.), embora a maioria
dos pré-socráticos (séculos VI a V a.C.) tenha mantido o
modelo plano da Terra. Aristóteles forneceu evidências
para a forma esférica da Terra em bases empíricas em
torno de 330 a.C. . O conhecimento da Terra esférica
começou a se espalhar gradualmente além do mundo
helenístico a partir de então.
Na era moderna, teorias pseudocientíficas da Terra plana
foram adotadas por grupos religiosos, pentecostais e,
cada vez mais, por indivíduos religiosos, usando as
mídias sociais. As teorias atuais que defendem modelos
de Terra plana são totalmente rejeitadas pela comunidade
científica, mas NADA que possamos falar (ou mostrar) os
demove de suas “crenças”, pois tudo está sendo
manipulado por mentes satânicas, nos colocando presos em
uma Matrix!
Concepção na Idade Média
Nos tempos de Plínio,
o Velho (século
I) essa idéia era bem aceita no mundo
greco-romano. Nessa época, Ptolomeu derivou
seus mapas de um globo curvado e desenvolveu o sistema
de latitudes e longitudes.
Entre os primeiros cristãos,
uns poucos escritores questionaram ou mesmo se opuseram
à esfericidade da Terra com fundamentos teológicos, mas
muitos desses não são tidos como influentes em períodos
posteriores como a Idade Média, devido à escassez de
referências a seus escritos. A Idade Média começou com a
desintegração da civilização
romana, em torno do século
VII, quando a Europa
ocidental se desorganiza, empobrece e perde
contato com muito do conhecimento científico que
havia sido desenvolvido pelos gregos. Apesar disso, os
principais escritos cosmológicos do início da Idade
Média continuaram considerando a Terra como esférica; e
é seguro afirmar que no máximo em torno de 1100, época
do Renascimento
do Século XII, o modelo
geocêntrico de Ptolomeu havia suplantado
qualquer dúvida acerca da esfericidade da Terra na mente
de pessoas educadas no continente.
Entretanto, segundo Jeffrey Russell, a noção de que
durante a Idade Média haveria uma crença na Terra plana
teria sido forjada no século XVIII, sendo atualmente uma
visão popular entre leigos. Ainda segundo Jeffrey,
medievalistas e historiadores da ciência atualmente
concordam que essa seria uma concepção falsa, e os
poucos autores ocidentais do mundo antigo ou medieval
que comprovadamente combateram a esfericidade da Terra
foram exceção, sendo geralmente ignorados ou tratados
com pouca seriedade nos círculos intelectuais de sua
época.
Apoio crescente
Mapa-múndi babilônico, o mais antigo
mapa-múndi
conhecido, século VI a.C., Babilônia.
Nos pensamentos primitivos egípcio e mesopotâmico,
o mundo era retratado como um disco flutuando no oceano.
Um modelo semelhante é encontrado no relato homérico do
século VIII a.C. em que "Okeanos, o corpo de água
personificado que envolve a superfície circular da
Terra, é o engenheiro de toda a vida e possivelmente de
todos os deuses".
Os israelitas imaginavam a Terra como um disco plano que
flutuava na água;
um firmamento arqueado separava a Terra dos céus. Como a
maioria dos povos antigos, os hebreus acreditavam que o
céu era uma cúpula sólida com o Sol,
a Lua,
as estrelas errantes (planetas)
e as estrelas embutidas
nela. De acordo com a enciclopédia judaica:
Os hebreus antigos consideravam a terra como uma
planície ou uma colina concebida como um hemisfério,
mergulhado na água. Sobre ela era arqueada a sólida
abóbada do céu. Nesta abóbada estariam presas as luzes,
as estrelas. Tão leve era essa elevação que os pássaros
podiam subir e voar ao longo de sua extensão. Algo
destas crenças deixou-se “transparecer” em algumas
passagens mais antigas das Escrituras; daí as aparentes
“confirmações”, usando-se Escrituras pentecostais..
Os Textos
das Pirâmides e os Textos
dos Sarcófagos do Egito antigo mostram uma
cosmografia similar; Nun (o
oceano) era cercado nbwt ("terras secas" ou
"ilhas").
Tanto Homero quanto Hesíodo
descreveram uma cosmografia de disco plano no Escudo
de Aquiles. Esta tradição poética de um mar
(oceano) que circunda a terra (gaiaokho) e um
disco plano também aparece em Estásino de Chipre,
Mimnermo,
Ésquilo e Apolônio
de Rodes.
A descrição de Homero sobre a cosmografia do disco plano
no Escudo de Aquiles com o oceano circundante é repetida
muito mais tarde por Quinto
de Esmirna em seu Posthomerica,
(século IV d.C.), que continua com a narração da Guerra
de Tróia.
Representação possível do mapa-múndi de Anaximandro
Vários filósofos pré-socráticos acreditavam que o mundo
era plano: Tales
de Mileto (c. 550 a.C.) de acordo com várias
fontes, e Leucipo (440
a.C.) e Demócrito (c.
460–370 a.C.) de acordo com Aristóteles.
Tales
de Mileto pensou que a terra flutuava sobre a
água como um tronco. Por outro lado, argumentava-se, que
Tales acreditava em uma Terra redonda. Anaximandro (c.
550 a.C.) acreditava que a Terra fosse um cilindro curto
com um topo plano e circular que permaneceu estável
porque estava à mesma distância de todas as coisas. Anaxímenes
de Mileto acreditava que "a terra era plana e
viaja ao ar, da mesma forma que o sol, a lua e os outros
corpos celestes, que são todos ardentes, e vagam ao ar
por causa da sua planicidade". Xenófanes
de Colofão (c. 500 a.C.) pensava que a Terra
fosse plana, com a parte superior tocando o ar e o lado
inferior estendendo-se sem limites. A crença em uma
Terra plana continuou no século V a.C. . Anaxágoras (c.
450 a.C.) concordou que a Terra fosse plana e seu
pupilo Arquelau acreditava
que a Terra plana afundava no meio como um pires, para
permitir que o Sol não se levantasse e apontasse ao
mesmo tempo para todos.
Historiadores
Hecateu
de Mileto acreditava que a terra fosse plana
e cercada por água.
Heródoto em suas Histórias ridicularizou
a crença de que a água cercava o mundo, mas a maioria
dos clássicos concorda que ele ainda acreditasse que a
Terra fosse plana por causa de suas descrições de "fins"
ou "bordas" literais da terra.
Sul da Ásia antiga
Na Índia
antiga, algumas teorias descreviam a Terra
como um disco plano, enquanto outros a descreviam como
esférico. Muitos da época medieval inicial de Purana apresentam
uma cosmologia da terra plana. Provavelmente uma
influência dos gregos, após a chegada de Alexandre,
o Grande no subcontinente indiano do
noroeste, as cosmologias hindu, jainista e
budista considerava que a terra fosse um disco circular
de fundo plano composto por sete continentes e
rodeado por um oceano salgado concêntrico. No entanto, a
terra em forma de disco plano não é a única cosmologia
apresentada nestes textos. O quinto canto do texto
historicamente popular Bhagavata
Purana, inclui seções que descrevem a Terra
como uma esfera, onde os autores assim explicam o
fenômeno do nascer e do pôr do sol, o aumento e a
configuração da lua e dos planetas tendo a forma
esférica e movimento de corpos astronômicos.
Antiga Europa
Yggdrasil em gravura de Friedrich
Wilhelm Heine (1886).
Os antigos povos
nórdicos e germânicos acreditavam numa
cosmografia da Terra plana, com a Terra cercada por um
oceano, com um eixo-múndi, uma árvore colossal (Yggdrasil;
acima) ou um pilar (Irminsul)
no centro. No oceano circundante do mundo, havia uma
cobra chamada Jörmungandr. O
relato da criação nórdica preservado em Gylfaginning (século
VIII) afirma que, durante a criação da terra, um mar
intransponível foi colocado ao seu redor:
[…] E Jafnhárr disse: ‘Do sangue, que correu e pululou
livremente de suas feridas, eles fizeram o mar, quando
se formaram e firmaram a terra e juntaram o mar em um
anel redondo sobre ela, e pode parecer difícil para a
maioria dos homens atravessá-lo’
Um relato nórdico posterior Konungs skuggsjá, por
outro lado, infere uma Terra esférica:
[…] Se você levar uma vela acesa e acendê-la em uma
sala, pode esperar que ela acenda todo o interior, a
menos que algo dificulte, ainda que o quarto seja
grande. Mas se você pegar uma maçã e colocá-la perto da
chama, tão perto que seja aquecida, a maçã escurecerá
quase a metade da sala ou ainda mais. No entanto, se
você pendurar a maçã perto da parede, [a maçã] não
ficará quente; a vela iluminará toda a casa; e a sombra
na parede onde a maçã está pendurada será quase tão
grande quanto a própria maçã. A partir disso, você pode
inferir que o círculo da terra é redondo como uma bola e
não igualmente próximo ao sol em todos os pontos. Mas
onde a superfície curva fica mais próxima do caminho do
sol, haverá maior calor; e algumas das terras que se
encontram continuamente sob os raios ininterruptos não
podem ser habitadas. Bingo! Só não conseguir intuir,
empiricamente, o movimento de rotação da Terra!
Antigo Leste Asiático
Na China
antiga, a crença predominante era que a Terra
fosse plana e quadrada, enquanto o céu era redondo, uma
suposição praticamente inquestionável até a introdução
da astronomia europeia no século XVII. O sinologista
inglês Cullen enfatiza o ponto de que não havia conceito
de uma Terra redonda na antiga astronomia chinesa:
O pensamento chinês sobre a forma da terra permaneceu
quase inalterado desde os primeiros tempos até os
primeiros contatos com a ciência moderna por meio dos
missionários jesuítas no
século XVII. Enquanto os céus foram descritos como sendo
como um guarda-chuva que cobre a Terra (a teoria de Kai
Tian), ou como uma esfera que a circunda (a teoria de
Hun Tian) ou como sendo sem substância enquanto os
corpos celestes flutuam livremente (a teoria de Hsüan
Yeh), a Terra era sempre plana, embora talvez
ligeiramente curvada.
O modelo de um ovo foi
frequentemente usado por astrônomos chineses, como Zhang
Heng (78–139 d.C.) para descrever os céus
como esféricos:
Os céus são como um ovo de galinha e tão redondos como
uma bala de besta;
a Terra é como a gema do ovo e está no centro.
Esta analogia com um ovo levou alguns historiadores
modernos, notavelmente Joseph
Needham, a conjecturar que os astrônomos
chineses estavam, afinal, conscientes da esfericidade da
Terra. A referência do ovo, no entanto, era mais uma vez
para esclarecer a posição relativa da terra plana para
com os céus:
Em uma passagem da cosmogonia de Zhang Heng não
traduzida por Needham, o próprio Zhang diz: 'O céu leva
seu corpo do Yang, então é redondo e está em movimento.
A Terra leva seu corpo do Yin, então é plano e
quiescente'. O ponto da analogia do ovo é simplesmente
para enfatizar que a Terra está completamente fechada
pelo céu, em vez de simplesmente coberta de cima como o
Kai Tian descreve. Os astrônomos chineses continuaram a
pensar em termos de terra plana até o século XVII; este
fato surpreendente pode ser o ponto de partida para uma
nova análise da aparente facilidade com a qual a idéia
de uma terra esférica encontrou aceitação no século V
a.C., na Grécia.
Outros exemplos citados por Needham, que supostamente
demonstram vozes dissidentes do antigo consenso chinês,
referem-se, sem exceção, à Terra, sendo quadrada, e não
plana. Por conseguinte, o estudioso Li
Ye, no século XIII, argumentou que os
movimentos do céu redondo seriam prejudicados por uma
Terra quadrada, não defendiam uma Terra esférica, mas
sim que sua borda deveria ser arredondada para que o
domo circulasse.
Conforme observado no livro Huainanzi, no
século II a.C., os astrônomos chineses efetivamente
inverteram o cálculo da curvatura da Terra por parte de Eratóstenes para
calcular a altura do sol acima da Terra. Ao assumir que
a Terra fosse plana, eles chegaram a uma distância de
200.000m. Zhoubi
Suanjing também discute como determinar a
distância do Sol, medindo o comprimento das sombras do
meio-dia em diferentes latitudes,
um método semelhante à medida circuncêntrica da Terra de
Eratóstenes, mas Zhoubi Suanjing assume que a Terra seja
plana.
- Declínio
Mediterrâneo antigo
Quando um navio está no horizonte, sua parte inferior
é obscurecida devido à curvatura
da Terra.
Sombra semicircular da Terra durante
um eclipse
lunar.
A Esfera Terrestre de
Cratos de Malus (c. 150 a.C.)
FOI UM ACASO A DESCOBERTA DE CABRAL?
Pitágoras, no século VI a.C., e Parmênides,
no século V, afirmaram que a Terra era esférica, e a
visão de uma Terra esférica se espalhou rapidamente no
mundo grego. Em torno de 330 a.C., Aristóteles
manteve-se com base na teoria física e na evidência
observacional de que a Terra fosse esférica e relatou
uma estimativa na sua circunferência. A
circunferência da Terra foi determinada em torno de 240
a.C. por Eratóstenes. No século II d.C.,
Ptolomeu reproduziu seus mapas de um globo terrestre e
desenvolveu o sistema de latitude, longitude e climas.
Seu Almagest foi escrito em grego e apenas
traduzido para o latim no século XI, a partir de
traduções em árabe.
No século II a.C., Cratos concebeu uma esfera terrestre
que dividia a Terra em quatro continentes, separados por
grandes rios ou oceanos, com suposições de que pessoas
vivessem em cada uma das quatro regiões. Em oposição ao oikumene,
o mundo inabitado, foram os antípodas,
considerados inacessíveis tanto por causa de uma zona
tórrida intermediária, como pelo oceano. Isso
tomou forte controle sobre a mente medieval. Lucrécio (c.
século I) se opôs ao conceito de Terra esférica, porque
considerava que um universo infinito não tinha centro
para o qual os corpos pesados
tenderiam.
Assim, ele pensou que a idéia de que os animais andassem
sobre (ainda mais na forma de um globo) a Terra fosse
absurda. Ainda no século I d.C., Plínio,
o Velho, estava em posição de reivindicar de
que todos concordassem com a forma esférica da
Terra, embora as disputas continuassem quanto à natureza
dos antípodas e como seria possível que o oceano tivesse
uma forma curva. Plínio também considerou a
possibilidade de uma esfera imperfeita, "… em forma de pinha".
Na antiguidade tardia, enciclopedistas amplamente lidos
como Macróbio e Marciano
Capella (ambos do século V d.C.) discutiram a
circunferência da esfericidade da Terra, sua posição
central no universo, a diferença das estações nos hemisférios norte
e sul e muitos outros detalhes geográficos. Em seu
comentário sobre o Sonho de Escipião, de Cícero,
Macróbio descreveu a Terra como um globo de tamanho
insignificante em comparação com o restante do cosmo.
Igreja cristã primitiva
Durante o período da Igreja
primitiva, o conceito esférico continuou a
ser amplamente aceito, com algumas exceções notáveis.
Lactâncio, escritor cristão e conselheiro do
primeiro imperador romano cristão, Constantino,
ridicularizou a noção de antípodas, habitada por pessoas
"cujos passos são mais altos que suas cabeças". Depois
de apresentar alguns argumentos, ele atribuiu aos
defensores de um céu esférico, e sobre a Terra, ele
escreveu:
Mas se você perguntar sobre aqueles que defendem essas
maravilhosas ficções, por que todas as coisas não caem
na parte inferior dos céus, eles respondem que tal é a
natureza das coisas, que os corpos pesados
são
levados ao meio e que todos juntaram-se ao meio, como
vemos raios numa roda; mas os corpos que são leves, como
a névoa, a fumaça e o fogo, são levados para fora do
meio, de modo a buscar o céu. Estou com uma perda do que
dizer respeitando aqueles que, quando eles erraram uma
vez, perseveram consistentemente em sua loucura e
defendem uma coisa vã por outra...
O influente teólogo e
filósofo Agostinho,
um dos quatro Grandes Pais da Igreja Ocidental [ICAR],
também se opôs à "fábula" de antípodas:
Mas quanto à fábula de que existem antípodas, isto é,
homens no lado oposto da terra, onde o sol nasce quando
se coloca para nós, homens que caminham com os pés
opostos ao nosso, não tem terreno credível. E, de fato,
não se afirma que isso tenha sido aprendido pelo
conhecimento histórico, mas pela conjectura científica,
com o argumento de que a Terra está suspensa dentro da
concavidade do céu, e que tem tanto espaço de um lado
como por outro lado: então eles dizem que a parte que
está por baixo também deve ser habitada. Mas eles não
observam isso, embora seja suposto ou demonstrado
cientificamente que o mundo é de uma forma redonda e
esférica, mas não se segue que o outro lado da terra
esteja nu; embora esteja desnudo, segue imediatamente
que está povoada. Para as Escrituras, que provam a
verdade de suas declarações históricas pela realização
de suas profecias, não fornece informações falsas; e é
demasiado absurdo dizer que alguns homens poderiam ter
embarcado e atravessado todo o oceano largo, e
atravessaram este lado do mundo para o outro, e que
assim mesmo os habitantes dessa região distante são
descendentes daquele primeiro homem...
A visão geralmente aceita pelos estudiosos da obra de
Agostinho é que ele compartilhou a visão comum de seus
contemporâneos de que a Terra fosse esférica, de acordo
com o endosso da ciência em De Genesi ad litteram. Essa
visão, contudo, foi contestada pelo notável erudito de
Agostinho, Leo
Ferrari, que concluiu que
ele estava familiarizado com a teoria grega de uma terra
esférica, no entanto, (seguindo os passos de seu
compatriota norte-africano, Lactâncio), ele estava
firmemente convencido de que a terra fosse plana, era um
dos dois maiores corpos existentes e que deitava no
fundo do universo. Aparentemente, Agostinho viu essa
imagem mais útil para a exegese das
escrituras do que a Terra com a forma de um globo no
centro de um universo imenso.
O
Jardim das Delícias Terrenas,
de Hieronymus
Bosch.
O pintor holandês descreveu a Terra como um disco,
que flutua em uma esfera transparente na obra.
Visão de mundo de Cosmas
Indicopleustes
(terra plana em um tabernáculo)
Por outro lado, interpretação de Ferrari foi questionada
pelo historiador de ciência, Phillip
Nothaft, que considerou que, em seus
comentários escriturais, Agostinho não apoiava nenhum
modelo cosmológico particular.
Diodoro
de Tarso, uma figura líder na Escola
de Antioquia e mentor de João
Crisóstomo, pode ter defendido uma Terra
plana; no entanto, a opinião do Diodoro sobre o assunto
é conhecida apenas por uma crítica posterior. Crisóstomo,
um dos quatro Grandes Pais da Igreja da Igreja Oriental
e arcebispo de Constantinopla,
abraçou explicitamente a idéia, baseada nas escrituras,
de que a Terra flutuasse milagrosamente na água sob o
firmamento. Atanásio,
o Grande, Pai da Igreja e Patriarca de
Alexandria, expressou uma visão semelhante em Contra
os Pagãos.
A Topografia Cristã (547) do monge alexandrino
Cosmas Indicopleustes, que viajou até o Sri
Lanka e à fonte do Nilo
Azul, agora é amplamente considerada o
documento geográfico mais valioso da idade medieval
primitiva, embora tenha recebido relativamente pouca
atenção de contemporâneos. Nela, o autor expõe
repetidamente a doutrina de que o universo consiste
apenas em dois lugares, a Terra abaixo do firmamento e
do céu acima dele.
Baseando-se cuidadosamente em argumentos das Escrituras,
ele descreve a Terra como um retângulo, e uma jornada de
400 dias de comprimento por 200 de largura, cercada por
quatro oceanos e por quatro paredes maciças que apóiam o
firmamento. A teoria da Terra esférica é descartada por
ele como "pagã".
Severiano, Bispo de Gabala (c. 408), escreveu que a
Terra era plana e o sol não passava por baixo dela à
noite, mas "viajava pelas partes do norte como se
estivesse escondido por uma parede". Basil de Casareia
(329–379) argumentou que o assunto era teologicamente
irrelevante; como muitos, HOJE, acham...
Primórdios da Idade Média
Os primeiros escritores cristãos medievais no início da Idade
Média sentiram pouco a vontade de assumir a
planicidade da terra, embora tivessem impressões difusas
dos escritos de Ptolomeu, Aristóteles, e dependiam mais
de Plínio.
Com o fim da civilização romana, a Europa Ocidental
entrou na Idade Média com grandes dificuldades que
afetaram a produção intelectual do continente. A maioria
dos tratados científicos da antiguidade clássica (em
grego) não estavam disponíveis, deixando apenas resumos
e compilações simplificados.
Ainda assim, muitos livros didáticos do início da Idade
Média apoiaram a esfericidade da Terra. Por exemplo:
alguns manuscritos medievais de Macrobius incluem mapas
da Terra, incluindo antípodas, mapas zonais que mostram
os climas ptolemaicos derivados do conceito de Terra
esférica e um diagrama que
mostra a Terra (rotulado como globus terrae, a
esfera terrestre) no centro das esferas planetárias
hierarquicamente ordenadas.
Mais exemplos de tais diagramas medievais podem ser
encontrados em manuscritos medievais do Sonho de
Escipião. Na era
carolíngia, os estudiosos discutiam a visão
de Macróbio sobre os antípodas. Um deles, o monge
irlandês Dungal
de Bobbio, afirmava que o fosso tropical
entre nossa região habitável e a outra região habitável
para o sul era menor do que se acreditava [!!!].
Mapa ‘T’ e ‘O’ do século XII representando o mundo
habitado,
como descrito por Isidoro
de Sevilhaem seu Etymologiae
(capítulo 14, de terra et partibus).
A concepção da Europa sobre a forma da Terra na
Antiguidade tardia e no início da Idade Média pode ser
melhor expressa pelos escritos dos primeiros eruditos
cristãos:
Boécio (480–524),
que também escreveu um tratado teológico sobre a “trindade”,
repetiu o modelo macrobiano da Terra no centro de um
cosmos esférico em sua influente e amplamente traduzida Consolação
da Filosofia.
O bispo Isidoro de Sevilha (560–636) ensinou em sua
enciclopédia amplamente lida, as Etimologias,
diversas concepções, como que a Terra "se assemelha a
uma roda", parecida com a linguagem de Anaximandro no
mapa que ele forneceu. Isso foi amplamente interpretado
como se referindo a uma Terra plana em forma de
disco. Uma ilustração do De Natura Rerun, de
Isidoro mostra as cinco zonas da Terra como círculos
adjacentes. Alguns concluíram que ele achava que as
zonas árticas e antárticas eram
adjacentes entre si. Ele não admitiu a possibilidade de
antípodas, em que considerava que as pessoas habitam no
lado oposto da Terra, considerando-os lendários e
observando que não havia evidência de sua existência. O
mapa de T e O de Isidoro, que foi concebido
representando uma pequena parte de uma Terra esférica,
continuou a ser usado pelos autores durante a Idade
Média, por exemplo, o bispo do século IX, Rábano
Mauro, que comparou a parte habitável do
hemisfério norte (clima temperado do norte) com uma
roda. Ao mesmo tempo, as obras de Isidoro também
mostraram as mesmas noções, e.g. no capítulo 28 em De
Natura Rerum, Isidoro afirma que o sol orbita a
terra e ilumina o outro lado quando é noite neste. Em
seu outro trabalho Etimologias, há também
afirmações de que a esfera celeste tem a terra no centro
e o céu distante de todos os lados. Outros pesquisadores
também discutiram esses pontos. "O trabalho permaneceu
insuperável até o século XIII e foi considerado o topo
de todo o conhecimento. Tornou-se uma parte essencial da
cultura medieval européia. Logo após a invenção da
tipografia apareceu muitas vezes na impressão". No
entanto, "os escolásticos — depois filósofos, teólogos e
cientistas da época — foram ajudados pelos tradutores e
comentaristas árabes, mas eles dificilmente precisavam
lutar contra um legado da terra plana desde a Idade
Média (500–1050). Os primeiros escritores medievais
muitas vezes tinham impressões confusas e imprecisas de
Ptolomeu e Aristóteles e dependiam mais de Plínio,
contudo sentiram (com uma exceção), pouco a vontade de
assumir a planicidade".
O detalhe de Isidoro das cinco zonas da Terra.
O monge Bede (c. 672–735) escreveu em seu tratado
influente sobre o computus, O Cômputo do Tempo,
que a Terra era redonda ["não apenas circular como um
escudo [ou] larga como uma roda, mas se assemelha(ndo)
mais a uma bola"], explicando a duração desigual da luz
do dia "da redondeza da Terra, pois não sem razão é
chamada de "orbe do mundo" nas páginas das Sagradas
Escrituras e da literatura comum. É, de fato, definida
como uma esfera no meio do universo inteiro". (De
temporum ratione, 32). O grande número de
manuscritos sobreviventes d'O Cômputo do Tempo,
copiados para atender à exigência carolíngia de que
todos os sacerdotes deveriam
estudar o computus, indica que muitos sacerdotes,
se não a maioria, foram expostos à idéia da esfericidade
da Terra. Ælfric de Eynsham parafraseou Bede para o inglês
antigo, dizendo: "Agora, a redondeza da Terra
e a órbita do Sol constituem o obstáculo para que o dia
seja igualmente longo em todas as terras".
Virgílio de Salzburgo (c. 700–784), em meados do século
VIII, discutiu ou ensinou algumas idéias geográficas ou
cosmográficas que Bonifácio encontrou
suficientemente censurável e se queixou ao Papa
Zacarias. O único registro sobrevivente do
incidente está contido na resposta de Zacarias, datada
de 748, onde ele escreve:
Quanto à doutrina perversa e pecaminosa que ele
[Virgílio] proferiu contra Deus e sua própria alma — se
for claramente estabelecido que ele professa crença em
outro mundo e outros homens que existem sob a terra, ou
em [outro] sol e lua, tu deves manter um conselho,
privá-lo de sua posição sacerdotal e excomungá-lo da
Igreja.
Representação do século XII de uma Terra esférica
com as quatro estações (livro Liber Divinorum Operum,
por Hildegard de Bingen).
Algumas autoridades sugeriram que a esfericidade da
Terra estava entre os aspectos dos ensinamentos de
Virgílio, que Bonifácio e Zacarias consideravam
censuráveis. Outros consideram isso improvável e tomam a
redação da resposta de Zacarias para indicar, no máximo,
uma objeção à crença na existência de seres humanos que
vivem como antípodas. Em qualquer caso, não há registro
de qualquer outra ação que tenha sido tomada contra
Virgílio. Mais tarde foi nomeado bispo de Salzburgo e
foi canonizado no
século XIII.
Uma possível indicação não-literária, mas gráfica, de
que as pessoas na Idade Média acreditavam que a Terra
(ou quiçá o mundo) era uma esfera, era o uso do orbe (globus
cruciger) na regalia de muitos reinos e do Sacro
Império Romano. É comprovado desde o tempo do
imperador cristão romano tardio Teodósio
II (423) durante toda a Idade Média; o Reichsapfel foi
usado em 1191 na coroação do imperador Henrique
VI. No entanto, a palavra "orbis" significa
"círculo" e não há registro de um globo como uma
representação da Terra desde a antiguidade no Ocidente
até a de Martin
Behaim, em 1492. Além disso, poderia ser uma
representação de todo o "mundo" ou cosmo.
Um estudo recente dos conceitos medievais da
esfericidade da Terra observou que "desde o século VIII,
nenhum cosmógrafo 'digno de nota' questionou a
esfericidade da Terra". No entanto, o
trabalho de tais intelectuais pode não ter tido
influência significativa sobre a opinião pública, e é
difícil dizer o que a população em geral pode ter
pensado no formato da Terra, se eles considerassem a
questão.
Alta e Baixa Idade Média européia
Pintura de uma edição de 1550 de De sphaera mundi,
o livro de astronomia mais influente da Europa
do século XIII.
No século XI, a Europa aprendeu mais sobre a astronomia
islâmica. O Renascimento do
século XII, cerca de 1070, iniciou uma revitalização
intelectual na Europa com fortes raízes filosóficas e
científicas e um maior interesse pela filosofia
natural.
Hermano
de Reichenau (1013–1054) foi um dos primeiros
eruditos cristãos a estimar a circunferência da Terra
com o método de Eratóstenes. Tomás
de Aquino (1225–1274), o teólogo mais
importante e amplamente ensinado da Idade Média,
acreditava em uma Terra esférica; e ele mesmo deu por
certo que seus leitores também sabiam que a Terra era
redonda. Em sua Summa
Theologica, ele escreveu: "O físico prova
que a terra é redonda por um meio, o astrônomo por
outro: para este último, prova isso por meio da
matemática, e.g. pelas formas dos eclipses, ou algo
assim, enquanto o especialista prova por meio da física,
e.g. pelo movimento de corpos pesados
para
o centro, e assim por diante". As palestras nas
universidades medievais normalmente eram a favor das
evidências avançadas da idéia de que a Terra fosse uma
esfera. Além disso, Na esfera do mundo, o livro
de astronomia mais influente do século XIII e a leitura
de estudantes em todas as universidades da Europa
Ocidental, descreve o mundo como uma esfera.
Ilustração da Terra esférica no século XIV,
cópia da L'Image
du monde (c.
1246).
A forma da Terra não foi discutida apenas em trabalhos
acadêmicos escritos em latim, também foi tratada em
trabalhos escritos em línguas ou dialetos vernáculos e
destinados a públicos mais amplos. O livro norueguês Konungs
Skuggsjá, por volta de 1250, afirma claramente que a
Terra é esférica — e que é noite no lado oposto da Terra
quando é dia na Noruega. O autor também discute a
existência de antípodas — ele observa que (se eles
existem) eles vêem o Sol ao norte no meio do dia, e que
eles experimentam estações opostas às das pessoas no Hemisfério
Norte. No entanto, Tattersall mostra
que, em muitos trabalhos vernáculos, em textos franceses
dos séculos XII e XIII, a Terra era considerada "redonda
como uma mesa" em vez de "redonda como uma maçã".
Em praticamente todos os exemplos citados […] de épicos
e de romances não-historicistas (isto é, obras de um
personagem menos instruído), a forma real de palavras
utilizadas sugere fortemente um círculo ao invés de uma
esfera, embora note que mesmo nestas obras o idioma é
ambíguo.
A navegação portuguesa navegou a costa da África na
segunda metade dos anos 1400, e deram evidências
observacionais em larga escala para a esfericidade da
Terra. Nessas explorações, a posição do sol se moveu
mais para o norte, e mais ainda ao sul, durante as
navegações dos exploradores. Sua posição diretamente
acima ao meio-dia dava
evidências de que cruzavam o Equador.
Tais movimentos solares aparentes em detalhes foram mais
consistentes com a curvatura norte-sul e um sol
distante, do que com qualquer explicação de terra plana.
A demonstração final veio quando a expedição de Fernão
de Magalhães completou a primeira
circum-navegação ao redor do mundo em 1521. Antonio
Pigafetta, um dos poucos sobreviventes da
viagem, registrou a perda de um dia no decurso da
viagem, evidenciando curvatura leste-oeste. Nenhuma
teoria da terra plana poderia conciliar os movimentos
aparentes diários do sol com a capacidade de navegar ao
redor do mundo, e a perda de um dia também não fazia
sentido.
Mundo islâmico pós-clássico
O califado
abássida via a grande floração da astronomia
e da matemática no século IX d.C., em que estudiosos
muçulmanos traduziram o trabalho de Ptolomeu, que se
tornou o Almagest, ampliou e atualizou seu
trabalho com base em idéias esféricas. Desde então,
estes geralmente foram respeitados.
O Alcorão menciona
que a Terra estava "espalhada". A isso, um clássico
comentário persa,
o Tafsir al-Kabir (al-Razi), escrito no final do
século XII, diz: «Se é dito: "As palavras 'E a Terra que
nós espalhamos' indicam que é plana? Nós responderíamos:
Sim, porque a Terra, embora seja redonda, é uma esfera
enorme, e cada pequena parte desta enorme esfera, quando
é vista, parece ser plana. Como esse é o caso, isso irá
dissipar o que eles, confusos, mencionaram. A evidência
para isso é o verso em que Alá diz (interpretação do
significado): 'E as montanhas como estacas' [an-Naba’
78:7]. Ele os chamou de 'guindaste' mesmo que essas
montanhas tivessem grandes superfícies planas. E o mesmo
é verdadeiro neste caso».
Abzeme afirma
no seu Fatwas Al-Fasl fi’l-Milal wa’l-Ahwa’
wa’l-Nihal que há evidências sólidas no Alcorão e hádices que
a Terra é redonda, mas o povo comum diz o contrário. Ele
afirma ainda: "Nossa resposta — é que nenhum dos maiores
estudiosos muçulmanos que merecem ser chamados de imames ou
líderes em conhecimento (que Alá os abençoe) negou que a
Terra fosse redonda e que não houvesse narração deles
para negar isso. Em vez disso, a evidência no Alcorão e
no Suna afirmam
que é redonda."
Dinastia Ming na China
Um globo terrestre esférico foi introduzido em Pequim no
ano de 1267 pelo astrônomo persa Jamal
ad-Din, mas não se sabe que tenha
influenciado a concepção tradicional chinesa da forma da
Terra. Até 1595, um missionário jesuíta na China, Matteo
Ricci, registrou que os chineses diziam: "A
terra é plana e quadrada, e o céu é um dossel redondo,
eles não conseguiam conceber a possibilidade de
antípodas." A crença universal em uma Terra plana é
confirmada por uma enciclopédia chinesa contemporânea a
partir de 1609, que ilustra uma Terra plana que se
estende sobre o plano diametral do horizonte de um céu
esférico.
No século XVII, a idéia de uma Terra esférica se
espalhou na China devido à influência dos jesuítas, que
ocuparam altas posições como astrônomos na corte
imperial.
A Teoria da Terra plana
A partir do século XIX, surgiu um mito histórico que
sustentava que a doutrina cosmológica predominante na
Idade Média de que a Terra fosse plana. Um dos primeiros
defensores desse mito foi o escritor americano Washington
Irving, que sustentou que Cristóvão
Colombo teve que superar a oposição dos clérigos para
obter o patrocínio para sua viagem de exploração. Mais
tarde, defensores significativos desta visão foram John
William Draper e Andrew
Dickson White, que o usaram como um elemento
importante na defesa da tese de que havia um conflito
duradouro e essencial entre ciência e religião. Estudos
subsequentes da ciência medieval mostraram que a maioria
dos estudiosos da Idade Média, incluindo aqueles lidos
por Cristóvão Colombo, sustentava que a Terra fosse
esférica. Estudos das conexões históricas entre ciência
e religião demonstraram que as teorias de seu
antagonismo mútuo ignoram exemplos de seu apoio mútuo.
Terraplanistas modernos
Mapa plano da Terra desenhado por Orlando Ferguson
em 1893. O mapa contém várias referências
a passagens bíblicas.
Na era moderna, a crença pseudocientífica em uma Terra
plana foi expressada por uma variedade de indivíduos e
grupos:
O escritor inglês Samuel
Rowbotham (1816–1885), escrevendo sob o
pseudônimo "Parallax", produziu um panfleto chamado Astronomia
Zetética (Zetetic Astronomy) em 1849,
defendendo uma Terra plana e publicando resultados de
muitas experiências que testaram as curvaturas da água
em uma longa drenagem, seguido por outro chamado A
inconsistência da Astronomia Moderna e sua Oposição às
Escrituras. Um dos seus apoiantes,
John
Hampden, perdeu uma aposta para
Alfred
Russel Wallace no famoso
Experimento no Nível de Bedford, tentando
provar sua tese. Em 1877, Hampden produziu um livro
chamado Um Novo Manual de Cosmografia Bíblica. Rowbotham
também produziu estudos que pretendiam mostrar que os
efeitos dos navios que desaparecem abaixo do horizonte
poderiam ser explicados pelas leis de perspectiva em
relação ao olho humano. Em 1883 ele fundou a Zetetic
Societies na Inglaterra e em Nova York, a que enviou mil
cópias da Zetetic Astronomy.
William Carpenter,
um tipógrafo originalmente de Greenwich, Inglaterra
(sede do Observatório Real e central para o estudo da
astronomia), foi um defensor de Rowbotham. Carpenter
publicou a Astronomia Teórica Examinada e Exposta,
onde provava que a Terra não era um globo dividido em
oito partes, em 1864, sob o nome Common Sense (Senso
Comum). Ele mais tarde emigrou para Baltimore,
onde publicou Cem provas de que a Terra não é um
Globo, em 1885. Ele disse: "Existem rios que fluem
por centenas de quilômetros ao nível do mar sem descer
mais do que um poucos pés — notavelmente, o Nilo, que,
em mil milhas, cai apenas um pé. Uma extensão de nível
desta extensão é bastante incompatível com a idéia da
convexidade da Terra. É, portanto, uma prova razoável de
que a Terra não é uma globo", bem como "Se a Terra fosse
um globo, um pequeno modelo de globo seria bem melhor —
porque seria a coisa mais fiel para o navegador levar
para o mar com ele. Mas isso não é conhecido: como que
um brinquedo como guia, o marinheiro destruiria seu
navio, certamente! Esta é uma prova de que a Terra não é
um globo".
John Jasper, um escravo americano tornou-se um pregador
prolífico, fez eco dos sentimentos de seu amigo
Carpenter em seu sermão mais famoso "Der Sun do move" e
"Earth Am Square".
Em Brockport, Nova York, em 1887, a M.C. Flanders
argumentou a questão de uma Terra plana durante três
noites contra dois cientistas que defendiam a
esfericidade. Cinco cidadãos selecionados como juízes
votaram unanimemente por uma Terra plana no final. O
caso foi relatado no Brockport Democrat.
O professor Joseph W. Holden, de Maine,
ex-juiz de paz, deu inúmeras palestras na Nova
Inglaterra e lecionou sobre a teoria da Terra
plana na Exposição Colombiana, em Chicago. Sua fama se
estendeu para a Carolina
do Norte, onde o Semi-weekly Landmark,
de Statesville gravou
em sua morte em 1900: "Mantivemos a doutrina de que a
terra é plana e nós nos arrependemos muito de saber que
um dos nossos membros esteja morto".
Após a morte de Rowbotham, Elizabeth
de Sodington Blount, também conhecida como
Elizabeth Anne Mold Williams) criou a Sociedade Zetética
Universal em 1893 na Inglaterra e criou também um jornal
chamado Earth not a Globe Review, que vendeu
pela tuppence, bem como um chamado "Earth", que
só durou de 1901 a 1904. Ela sustentava que a Bíblia era
a autoridade inquestionável no mundo natural e
argumentava que não se podia ser cristão e acreditar que
a Terra fosse um globo. Os membros bem conhecidos
incluíram E.W. Bullinger, da Sociedade Bíblica
Trinitariana, Edward
Haughton, moderador sênior em ciências
naturais no Trinity College, em Dublim, e um arcebispo.
Ela repetiu os experimentos de Rowbotham, gerando alguns
contra-experimentos interessantes, mas o interesse
diminuiu após a Primeira
Guerra Mundial. O movimento deu origem a
vários livros que defendiam uma terra plana e
estacionária, incluindo a Terra Firma de David
Wardlaw Scott.
Em 1898, durante sua circum-navegação solo do mundo, Joshua
Slocum encontrou um grupo de terraplanistas
em Durban,
África do Sul. Trhee Boers,
um deles era clérigo, e apresentou o Slocum com
um panfleto no qual eles começaram a provar que o mundo
era plano. Paul
Kruger, presidente da República do Transvaal,
tinha a mesma visão: "Você não quis dizer 'dar a volta
ao mundo', é impossível! Você quis dizer 'no' mundo.
Impossível!".
Wilbur Glenn Voliva,
que em 1906 tomou sob a Igreja Católica, uma seita
pentecostal que estabeleceu uma comunidade utópica em
Zion, Illinois,
pregou a doutrina da Terra plana a partir de 1915 e usou
uma fotografia de um trecho de doze milhas do litoral
no lago
Winnebago, Wisconsin, levou três pés acima da
linha da água para provar seu ponto. Quando a aeronave
Itália desapareceu em uma expedição ao Polo
Norte em 1928, ele advertiu à imprensa
mundial que tinha navegado ao longo do mundo. Ele
ofereceu um prêmio de 5.000 dólares americanos para
provar que a Terra não era plana, sob as próprias
condições. Ensinar uma Terra globular foi banido nas
escolas de Zion e a mensagem foi transmitida em sua
estação de rádio WCBD.
Sociedade Terra Plana
As projeções
azimutais equidistantes da esfera como esta
também foram cooptadas como imagens do modelo plano da
Terra que descreve a Antártica como
uma parede de gelo em torno de uma Terra em forma de
disco.
Em 1956, Samuel Shenton criou a International Flat Earth
Research Society (IFERS), mais conhecida como Flat Earth
Society (Sociedade da Terra Plana), em Dover,
Reino Unido, como descendente direto da Universal
Zetetic Society. Isso foi logo antes da União
Soviética lançar o primeiro satélite
artificial, o Sputnik;
ele respondeu: "Navegaria pela Ilha
de Wight e provaria que [a Terra] era
esférica? O mesmo vale para aqueles satélites". Seu
principal objetivo era atingir crianças antes de serem
convencidas sobre uma Terra esférica. Apesar de muita
publicidade, a corrida espacial corroeu o apoio de
Shenton na Grã-Bretanha até
1967, quando ele começou a se tornar famoso devido ao programa
Apollo.
Novo mapa da superfície plana da Terra estacionária,
por Abizaid, John George (1920).
Em 1972, Samuel
Shenton foi contratado por Charles
K. Johnson, um correspondente da Califórnia.
Ele incorporou o IFERS e firmou uma associação com cerca
de 3.000 membros. Shanton passou anos examinando os
estudos das teorias da Terra plana e redonda e propôs
evidências de uma conspiração contra
a Terra plana: "A idéia de um globo giratório é apenas
uma conspiração de erro por qual Moisés, Colombo e todos
os FDR lutaram…" Seu O artigo foi publicado na revista Science
Digest, em 1980. Continuava a indicar: "Se é
uma esfera, a superfície de um grande corpo de água deve
ser curvada. Os Johnsons verificaram as superfícies do
Lago Tahoe e do Mar de Salton sem detectar qualquer
curvatura".
Em contrapartida, em 7 de janeiro de 1958, o então
presidente dos Estados Unidos, Lyndon
Baines Johnson, na Declaração sobre o
Status da Defesa da Nação e Corrida Espacial,
declarou:
O controle do espaço significa controle do mundo. Do
espaço, os mestres do infinito teriam o poder de
controlar o clima da Terra, causarem secas e inundações,
para mudar as marés e elevar os níveis do mar, para
desviar o fluxo do golfo e mudar os climas temperados em
frígidos. Há algo mais importante do que a arma final. E
essa é a posição final. A posição de controle total
sobre a Terra que se encontra em algum lugar no espaço
exterior...
A Sociedade declinou na década de 1990 após um incêndio
em sua sede na Califórnia, e a morte repentina de
Johnson em 2001. Mas foi revivida como um site em
2004 por Daniel
Shenton (que apesar do sobrenome não tinha
nenhuma relação parentesca com Samuel Shenton). Daniel
Shenton acredita que ninguém tenha fornecido provas de
que o mundo não seja plano.
Ressurgimento na era das celebridades e mídias sociais
Na era moderna, a disponibilidade tecnológica de
comunicações e mídia social como o YouTube, Facebook,
Whatsaap e Twitter tornaram
mais fácil para indivíduos, famosos ou não, em espalhar
informação e, consequentemente, desinformação a fim de
atrair outras pessoas para as suas idéias. Um dos temas
que floresceram neste ambiente é a da Terra plana.
No dia 27 de junho de 2017 o grupo de hackers Anonymous defendeu
a Terra plana, num vídeo em que contesta todas as
informações que se conhece sobre o universo. A Terra,
por exemplo, seria plana, e a gravidade, uma mentira!
Nos últimos dois anos, o grupo de terraplanistas tem
crescido muito. Eu lhes garanto que existe um motivo
para isso: se a teoria da Terra plana não tivesse nenhum
mérito, não teria durado mais do que dois meses na
internet.
Com estas frases os hackers iniciam o vídeo, que
ainda alega que 90% da população mundial está dormindo
em sono profundo [na Matrix], já que muitas pessoas
ainda estariam sob a influência da grande mídia. Ainda
segundo eles, a organização (NASA) receberia inúmeros
incentivos fiscais para divulgar apenas imagens de
"desenhos animados".
O eclipse
solar de 21
de agosto de 2017, deu origem a inúmeros
vídeos no YouTube desde os que pretendiam mostrar com os
detalhes do eclipse para provar a terra seria de fato
plana, até os que contra-argumentavam, seguindo as
explicações tradicionais acadêmicas e das agências
espaciais, como a NASA. Também em 2017, um escândalo
desenvolvido nos círculos científicos e educacionais
árabes ocorreu quando um estudante em PhD da Tunísia
apresentou uma tese declarando que a Terra fosse plana,
imóvel, no centro do universo, e tendo apenas 13.500
anos de idade.
Em Setembro de 2017, o rapper norte-americano B.o.B
deu início a uma campanha “Go
Fund Me” no intuito de provar cientificamente
que a Terra é plana, ou descobrir a curvatura do
planeta, alegando que se o planeta tivesse a forma
circular, seria possível perceber isso a olho nu. Para
esse efeito, o artista pretende lançar satélites no
espaço, numa operação no valor de 200 mil dólares,
dependente também da autorização das autoridades, tendo
criado uma página no Facebook intitulada
"Show BoB The Curve".
Referências culturais
O termo "terraplanista" é frequentemente usado num
sentido depreciativo para titular qualquer um que detém
visões antiquadas. O primeiro uso do termo "terra plana"
registrado pelo Oxford English Dictionary está em
1934 na Punch. O
termo "homem-terra-plana" foi gravado em 1908: "Menos
votos do que se poderia ter pensado possível para
qualquer candidato humano, fosse ele mesmo um
homem-terra-plana."
Os defensores mais famosos da teoria da Terra plana são,
dentre outros: o rapper norte-americano B.o.B (1988),
o teorista William Carpenter (1830–96), o jogador
profissional de basquete norte-americano Kyrie
Irving (1992–), presidente da International
Flat Earth Research Society, Charles K. Johnson
(1924–2001), o presidente da República
Sul-Africana e líder da resistência
bôer, Paul
Kruger (1825–1904), o escritor Samuel
Rowbotham (1816–84; pseudônimo "Parallax"), o fundador
da Flat Earth Society, Samuel Shenton (1903–71), o
evangelista Wilbur Glenn Voliva (1870–1942), David Wolfe
(1970–).
Sátira científica
Em uma peça satírica publicada 1996, Albert A. Bartlett
usa aritmética para mostrar que o crescimento
sustentável na Terra é impossível em uma Terra esférica
já que seus recursos são necessariamente finitos. Ele
explica que apenas o modelo de uma Terra plana,
estendendo-se infinitamente nas duas dimensões
horizontais e também no sentido descendente vertical,
seria capaz de acomodar as necessidades de uma população
crescente de forma permanente.
Referindo-se a Julian
Simon no livro The Ultimate Resource,
Bartlett sugere: "Então, vamos pensar em 'Vamos crescer
os limites! pessoal da 'New Flat Earth Society'." A
natureza satírica da peça também deixou claro por uma
comparação com outras publicações de Bartlett,
principalmente ao defender a necessidade de controlar o
crescimento populacional.
A “ciência” da Terra plana
A idéia de que não vivemos em uma esfera está cada vez
mais popular. Entenda aqui por que os terraplanistas
estão redondamente enganados:
O homem nunca pisou na Lua. As imagens produzidas pela Nasa
não passam de obras de computação gráfica. A ciência
manipula a realidade de acordo com os interesses dos
poderosos. Alguma dessas suposições parece familiar? É
bem provável que sim...
E, agora, mais do que em muito tempo. Após ganharem um
banho de loja, muita divagação teórica e um número ainda
maior de vídeos na internet, tais idéias estão de volta
sob uma nova bandeira: a dos terraplanistas. Quase 50
anos depois do lançamento da Apollo 11, e 500 após a
circunavegação de Fernão de Magalhães, cada vez mais
gente acredita que a Terra não é um globo. Em vez disso,
ela seria uma pizza gigante – um disco coberto por uma
redoma invisível e cercado por um paredão de gelo.
Também estaria parada, deitada eternamente em berço
esplêndido no centro do Universo.
Data do final do século 19 o primeiro lampejo moderno
sobre a eventual platitude da Terra. O marco é o ano de
1881, quando Samuel Rowbotham publicou Astronomia
Zetética – A Terra não é um globo, um
apanhado de décadas de estudos na área e interpretações
literais de passagens da Bíblia. Sob o pseudônimo
“Paralaxe”, o inventor inglês tomou para si uma missão
ousada: revelar as “mentiras” cultivadas pela ciência,
responsável por esconder o real formato de nossa casa.
Rowbotham começa sua obra tentando refutar a evidência
prática mais antiga da curvatura terrestre. Segundo ele,
experimentos como o do grego Eratóstenes, nascido em 276
a.C., que conseguiu medir a circunferência da Terra,
contariam com um erro crasso: considerar o Sol como um
astro enorme e distante da Terra. Eratóstenes mediu a
circunferência do planeta comparando os ângulos com que
a luz do Sol incidia em dois postes instalados em duas
cidades distantes. Supondo acertadamente que o Sol é
grande (e longínquo) o bastante para que seus raios
cheguem à Terra sempre paralelos uns aos outros, ele
concluiu que o que causava a diferença entre os ângulos
nos postes só poderia ser uma (até então) suposta
curvatura da Terra. Com os dados na mão, Eratóstenes
calculou que o planeta é uma esfera com 39,7 mil
quilômetros de circunferência. Uma precisão absurda para
2 mil anos atrás: a medida real é de 40 mil quilômetros.
Terra chata
Para os terraplanistas, o Sol e a Lua são bolas do
tamanho de cidades, o planeta é cercado por uma muralha
de gelo e a gravidade… Bom, a gravidade não existe!
Passados
quase 500 anos da expedição do navegador português
Fernão de Magalhães ao redor do mundo e quase 50 anos do
lançamento da missão espacial Apollo 11, muitas pessoas
ainda acreditam que a Terra não é redonda, mas um disco
coberto por uma redoma invisível e cercado por uma
enorme muralha de gelo.
A teoria da Terra plana, que vem sendo fortemente
propagada nas redes sociais nos últimos meses, não é
novidade, como vimos... Por volta do século 16 a.C, os
egípcios e mesopotâmios já falam na possibilidade de uma
Terra plana, acreditando ser um disco flutuando no
oceano. Na época, é claro, a ciência não era avançada.
Mas, mesmo com todas descobertas científicas dos últimos
anos, os adeptos da teoria (terraplanistas) seguem
firmes na convicção de que a Terra não é esférica. A
diferença é que, se antes a teoria estava restrita aos
debates acadêmicos, hoje ela atingiu em cheio as redes
sociais, caindo na “boca do povo”, dito evangélico...
Por que insistem em dizer que a Terra é plana?
O principal expoente das idéias da teoria é a “Flat
Earth Society”. Fundada em 1956 pelo inglês Samuel
Shentonem, a organização se fundamenta, em parte, na
Bíblia (que, em algumas passagens, apontaria para a
existência de uma Terra plana; usando-se uma Escritura
pentecostal, tipo “almeidas”) e, em outra parte, sobre
uma abordagem empírica, deles...
A abordagem empírica é baseada na observação restrita,
pré-concebida. Para a “Flat Earth Society”, confiar nos
próprios sentidos é essencial para discernir a
verdadeira natureza do mundo que nos rodeia. Se o mundo
é plano, o fundo das nuvens é plano, o movimento do sol
é plano, não haveria como acreditar em uma Terra
esférica.
Mas para eles, “redondo” é somente o DOMO que cobre a
“pizza”, digo, a “terra”. E, assim, com este DOMO, tudo
se explica: um sol redondo, movimento circular do nascer
e se pôr do sol e da lua; a noite e o dia; fusos
horários; os diferentes tamanhos de sombras e posições,
durante o dia e em locais diferentes, etc. Enfim... tudo
que conhecemos – digo, a ciência nos ensina – para eles,
o DOMO explica e NADA que possamos refutar, tira a
“certeza” deles sobre uma conspiração satânica, via NOM
– Nova Ordem Mundial – a qual chamam de MATRIX, e todos
nós (os enganados e não enganado) estaríamos presos
nesta ‘consporação’...
Sendo assim, parece-nos que a solução seria o famigerado
e utópico “arrebatamento pentecostal” para podermos sai
deste DOMO!!!
Quando pensamos em evidências de que a Terra é redonda,
costumamos dizer que aprendemos assim na escola ou mesmo
apontar fotografias retiradas durante missões espaciais.
Em nosso cotidiano, no ritmo acelerado de nossas vidas,
realmente não há como notar que a Terra é esférica.
Isso leva algumas pessoas a realmente acreditar que a
Terra é plana. Afinal, quando olhamos ao nosso redor,
estamos enxergando um mundo plano. Os terraplanistas
perceberam esta fragilidade e, a partir dela,
construíram argumentos minimamente críveis para
fundamentá-la.
Embora o empirismo seja um método útil para diversas
áreas do conhecimento, reconhecer sua validade no campo
da astronomia é temerário. Colocar uma régua no
horizonte, na praia, não prova que a Terra é plana.
Nosso planeta é tão grande que é impossível perceber sua
curva de uma distância pequena.
Precisamos ir mais longe para perceber a curva. É
preciso atingir em torno de 60.000 pés (18.000 metros
acima do nível do mar) para ver a curvatura da Terra. O
avião comercial supersônico Concorde, produzido pela
British Aircraft Corporation e pela Aérospatiale,
conseguiu esta façanha na década de 70.
Por razões financeiras, muitos de nós jamais teremos a
oportunidade de viajar em novos
Concordes ou ir ao espaço para conferir a
curva com nossos próprios olhos. Contudo, não é preciso
ir tão longe para entender por que os argumentos dos
terraplanistas simplesmente não convencem.
1. Se a Terra é plana, por que ninguém jamais viu a
muralha de gelo?
De acordo com os terraplanistas, a Terra tem a forma de
um disco. No modelo aceito entre os membros da “Flat
Earth Society”, o Ártico está no centro do disco,
enquanto a Antártica é a parede ao redor da borda.
Assim, o planeta estaria cercado, de todos os lados, por
uma parede de gelo que retém os oceanos.
A Antártica seria uma grande muralha de gelo que
circunda a Terra, cuja função é manter os oceanos,
impedindo que se espalhem por toda a Terra, e nos
proteger de tudo que estiver além deles. Na imagem a
seguir vemos um modelo de Terra plana, embora, segundo
os terraplanistas, a versão não seja definitiva:
O modelo de Terra plana
Os terraplanistas propõem a existência de um muro de
gelo, mas não sabem exatamente até onde o gelo se
estende, como ele termina e o que existe além dele. Para
eles, o gelo se estende mais longe do que o olho humano
ou o telescópio podem alcançar. Ao final, tudo que está
além do gelo é mera especulação.
A grande muralha de gelo.
A visão mais comum é que a parede de gelo sobe em torno
de 45 metros acima do nível do mar, evitando que o
oceano derrame sobre a borda da Terra. Já alguns
acreditam que o muro seja maior, com até 15,24 Km de
altura. O tamanho exato da parede de gelo varia entre os
terraplanistas.
Segundo os adeptos da teoria, o muro de gelo seria
impossível de ser atravessado por qualquer humano por
dois motivos. Primeiro, pela quantidade praticamente
perpétua de gelo. Segundo, o que talvez soe mais
surpreendente, por existir um grande número de
“militares” [da Matrix] vigiando a Antártida.
Os
terraplanistas não sabem até onde o gelo se estende
e o
que existe além dele.
Em outras palavras: membros das forças armadas
(sobretudo dos Estados Unidos) estariam diariamente se
certificando que ninguém atravesse a muralha de gelo.
Contudo, o argumento desconsidera que a superfície da
Antártida tem aproximadamente 14.000.000 km²; mas,
repito, este contra argumento não vale para eles, pois
procedem das nossas observações globalistas!
Quantos milhares de militares seriam necessários para
proteger toda esta extensão? Quantos bilhões de dólares
seriam gastos para custear o armamento, alimentação e
estadia dos militares para que ninguém pise no gelo? E
por que ninguém até hoje conseguiu fotografar estes
vigilantes ou até mesmo a logística necessária para tal
feito e, até mesmo, manter TUDO secreto, a nível
mundial? Os terraplanistas não sabem responder!
2. Se a Terra é plana, por que conseguimos
circum-navegá-la?
No modelo plano da Terra, não sabemos o que está do outro
lado. Logo, não somos capazes de
circum-navegar o globo, pois nos deparamos com o muro de
gelo e, passado este ponto, tudo morre.
Para
os terraplanistas, dar a “volta ao mundo”
seria
se mover em círculo ao redor do Polo Norte.
O argumento dos terraplanistas desconsidera, contudo, a
conquista de Fernão de Magalhães, que circum-navegou o
globo no século XVI; quando ainda não havia a NASA, o
principal inimigo dos terraplanistas. A serviço do rei
Carlos I, o navegador português saiu da Espanha em 1519,
contornou o ponto sul da América do Sul (hoje chamado de
Estreito de Magalhães) até as Filipinas.
Magalhães acabou sendo morto nas Filipinas, mas a
expedição foi chefiada por Juan Sebastián Elcano e
concluída em 1522. Como se vê a seguir, o navegador não
chegou a passar pelo topo da América do Norte, Europa e
Ásia. Se a Terra fosse plana, o navegador teria de
passar por cima destes continentes:
A
rota da expedição de Fernão de Magalhães
3. Se a Terra é plana, por que as fotografias do espaço
revelam o contrário?
Os terraplanistas acreditam que as agências espaciais do
mundo estão envolvidas em uma conspiração para fingir
viagens e explorações no cosmos. As falsificações teriam
iniciado durante a Guerra Fria, quando se intensificou a
corrida espacial entre os Estados Unidos e a URSS. EUA e
URSS unidos nestes propósitos?
Segundo os adeptos da teoria, os países estariam tão
obcecados por vencer a corrida que fingiram suas
conquistas, na tentativa de acompanhar as supostas
realizações do outro. Num eterno “engana que eu gosto”!
A lendária fotografia retirada na superfície da Lua, em
1969, teria sido forjada pela NASA para superar a URSS
na disputa; que “inocentemente” acreditou...
Fotografia retirada na superfície da Lua, durante a
missão Apollo 11
No entanto, afirmar que as fotos da NASA são falsas
esbarra em um detalhe muito importante: a NASA não é a
única agência espacial do mundo. Hoje, recebendo em
torno de 0,4% de recursos do governo norte americano
(10% a menos que na época das missões Apollo), nem é
mais a principal agência. Além das demais agências de
outros países concorrentes nas explorações espaciais...
Tudo uma MATRIX, para os terraplanistas; também este
“argumento” não os convence...
O argumento dos terraplanistas pressupõe que todas as
agências espaciais do mundo teriam se juntado para
forjar fotografias da Terra vista do espaço, o que não
faz sentido. Além disso, equivaleria a dizer que até os
vídeos gravados a bordo da Estação Espacial
Internacional seria forjado em tempo real. Para manter
você neste engodo globalista
Como forma de rebater a crítica, os adeptos da teoria da
Terra plana insistem em dizer que algumas fotografias
foram registradas com as chamadas lentes “olho de
peixe”, cuja principal característica é proporcionar um
ângulo de 180º, resultando em uma imagem com grande
distorção óptica.
Porém, embora algumas fotografias tenham sido de fato
retiradas com as lentes “olho de peixe”, os astronautas
das missão Apolo registraram outras imagens da Terra
quando estavam a 200.000 km de distância. E, nestas
ocasiões, usam câmeras teleobjetivas, que oferecem alta
qualidade nas imagens.
Ainda que as fotografias de todas as agências espaciais
fossem falsas, há experimentos com balões meteorológicos
que apresentam a curvatura da Terra. Estudantes da
Universidade de Leicester recentemente capturaram
imagens da estratosfera usando um balão meteorológico a
uma altitude de 23.600 metros: Mais uma da MATRIX?
O
balão meteorológico chegou a uma altitude de 23.600m
4. Se a Terra é plana, por que conseguimos ver a
curvatura da janela dos aviões?
Supondo que tanto as fotografias das agências espaciais
quanto do balão meteorológico sejam falsas, o que dizer
da percepção de passageiros a bordo de aviões sobre a
curvatura da Terra? Ou mesmo de pilotos de aeronaves
militares, que chegaram a altitudes elevadas e
conseguiram enxergar a curva do planeta?
Bem, os aviões comerciais voam a uma altitude de 11.000
metros. A esta distância vertical, não é possível
observar a curvatura da Terra. Mas há aviões comerciais
e aeronaves militares que podem escalar maiores
altitudes. Nestes casos, quando o passageiro vê a Terra
da janela, a curvatura da Terra é clara.
Para
os terraplanistas, as janelas do avião
distorcem a percepção dos passageiros
Ainda assim, os terraplanistas têm um argumento pronto
para estas situações: as janelas do avião é que são
curvas! O vidro curvo sempre mostra uma imagem curva,
distorcendo a percepção. Logo, mesmo a bordo de um
Concorde, o passageiro teria uma falsa impressão da
realidade pela curvatura da janela. Provar que a
janela tem superfície curva, nem pensar, né?
5. Se a Terra é plana, por que vemos os navios
desaparecendo no horizonte?
Afinal, se a Terra é plana, por que nossa visão não
ultrapassa o horizonte? Por que não conseguimos enxergar
o monte Everest, cuja altitude é de 8.844 m? De acordo
com os terraplanistas, não conseguimos enxergar além do
horizonte em decorrência da neblina e da limitação da
visão humana...
Se a
Terra é plana, por que a nossa visão não ultrapassa o
horizonte?
Contudo, o argumento não faz qualquer sentido, já que
conseguimos enxergar estrelas localizadas a 40 trilhões
de quilômetros de distância (4,3 anos-luz). Nossa visão
não ultrapassa no horizonte por causa da curvatura da
Terra, embora os terraplanistas insistam em não
reconhecer o aspecto. E, as estrelas, não estão longe,
para eles, pois nem mesmo o tamanho que alegamos que
elas têm, é verdade! Seriam apenas pontos colocados nos
DOMO! O próprio SOL e a LUA são extremamente menores,
para eles...
É possível comprovar a curvatura da Terra pela sequência
de desaparecimento de um grande navio no horizonte. Se
você observar os navios que se afastam no horizonte,
perceberá que eles nunca desaparecem de uma só vez, mas
sempre de baixo para cima. Isso acontece porque a Terra
é redonda.
À medida que a embarcação desaparece no horizonte,
algumas estruturas vão sumindo antes de outras.
Primeiro, some o casco, depois o mastro, até o navio
sumir totalmente. Na realidade, a embarcação desaparece
de nosso campo de visão por causa da curvatura
arredondada de planeta.
Na
lógica de uma Terra Plana, deveríamos conseguir
ver o
monte Everest de qualquer lugar
Em uma Terra Plana, se você estivesse a bordo de um
navio e avistasse o monte Everest, você já o enxergaria
por completo. E à medida que se aproximasse dele,
perceberia ele aumentando de tamanho; cada vez mais
nítido, porém, sempre “inteiro”! Mas não é o que
acontece: você começa a ver os pontos mais altos e
gradualmente enxerga o monte todo... Mas, se você for
até o litoral [nem precisaria, basta ‘subir’ em um ponto
mais alto] e usando uma super luneta – dizem que não
temos esta tecnologia disponível para construir esta
luneta – veríamos a África do lado de lá do Atlântico!
6. Se a Terra é plana, por que existem dias, noites e
estações do ano?
Segundo os adeptos da teoria da Terra plana, o sol se
move em círculos em torno do Polo Norte. Logo, quando
ilumina o país que você reside, é dia. Quando não
ilumina o local em que você está, é a noite. O gif
abaixo ilustraria como o sol se move e como as estações
funcionam em uma Terra plana:
Apesar da insistência dos terraplanistas, as estações do
ano existem por causa da inclinação do eixo da Terra. Em
uma Terra plana, a inclinação não existiria. A posição
do sol seria a mesma em relação ao solo. A iluminação
solar seria idêntica em todas as épocas do ano, havendo
uma única estação. E todas estas características, fazem
com que as estações sejam “invertidas” entre os
hemisférios; mas isto eles não explicam
Apenas um planeta em forma de globo justificaria a
diferente posição do sol em duas cidades a poucos metros
de distância. Em uma Terra plana, também não haveria
diferença entre o comprimento das sombras. O
matemático Erastóstenes demonstrou, em 276 a. C., que as
sombras variam conforme a posição dos corpos.
Se a Terra fosse plana, os raios solares iluminariam o
planeta sob o mesmo ângulo. E todos os corpos
projetariam sombras iguais no mesmo momento; no momento
em que ele, o Sol, estivesse a pino [neste instante,
seria meio dia em todo o planeta. No entanto, a
existência de objetos projetando sombras diferentes em
lugares diferentes no mesmo horário comprova que a Terra
é redonda. Mas, para eles, a trajetória do Sol é
circular, em torno do pólo Norte! E, como eles alegam
que a trajetória é circular – e não uma trajetória do
tipo Leste/Oeste – os fusos horários são em forma de
raios, como nas rodas de bicicletas. No entanto, se
assim fosse, obrigatoriamente, ao meio dia, a sombra
teria que ser inclinada e não praticamente inexistente
neste horário!
Erastóstenes demonstrou que as sombras
variam conforme a posição dos corpos
O mesmo vale para os ciclos de dia e de noite. As varias
regiões do mundo estão em horários diferentes em virtude
da curvatura do planeta. Se a Terra fosse plana, pessoas
do Brasil e do Japão enxergariam o sol nascer (e se pôr)
ao mesmo tempo. E sabemos que isso não ocorre na
realidade.
7. Se a Terra é plana, por que todos os demais planetas
são redondos?
As constelações são visíveis a partir de diferentes
latitudes. A constelação Cruzeiro do Sul, considerada
uma das mais facilmente reconhecíveis, é a mais vista no
hemisfério sul. Já no hemisfério norte, podemos
enxergá-la apenas no arquipélago Florida Keys, nos
Estados Unidos.
Essas diferentes perspectivas só fazem sentido se
imaginarmos a Terra como um globo. Nesta lógica, olhar
“para cima” realmente significa olhar para uma faixa de
espaço diferente no hemisfério sul e ou norte.
Se a Terra fosse plana, poderíamos ver as mesmas
constelações de qualquer lugar do planeta.
Finalmente, se a Terra é plana, todos os demais planetas
não deveriam ser planos também? Por que planetas
“vizinhos” como Marte e Vênus, facilmente observáveis
por telescópios, são redondos (ou não?)?
O que faz a Terra ser tão especial para apresentar uma
forma diversa de todo sistema solar?
Se a
Terra é plana, por que todos os demais planetas são
redondos?
A Terra não é diferente. Nosso planeta não é plano por
um simples motivo: a gravidade. Embora a gravidade seja
uma força fundamental do Universo, os terraplanistas não
a reconhecem como tal, preferindo acreditar que a
densidade de nossos corpos é que nos mantêm sobre a
Terra.
Mas nosso planeta é redondo, sim, por causa da
gravidade. Em uma esfera, todos os pontos da superfície
ficam na mesma distância do centro e recebem a mesma
forma gravitacional. Essa é a forma ideal para
distribuir a matéria e a que consome menos energia.
Em suma, é a forma mais fácil que o Universo [o Criador]
encontrou para existir.
Mas como seria se a Terra fosse plana e também
obedecesse às leis de Isaac Newton (ou ele também
pertence à Matrix?)?
E então?
Existem outros argumentos apresentados pelos
terraplanistas para justificar suas convicções, sendo a
maioria provenientes de metodologia empírica (baseada em
observações), deles...
Um Modelo:
TP:
Modelo terraplanista
VR:
Vida real
1. ANTÁRTIDA
TP Para
quem acredita que a Terra é plana, a Antártida é um
paredão de gelo que serve de moldura para a superfície
terrestre, segurando a água dos oceanos. Eles dizem que
o Tratado da Antártida, de 1959, existe para esconder
esse “fato”.
VR Tem
quase o dobro da área do Brasil (14 milhões de m²). E o
Tratado, assinado por 52 países, estabeleceu-a como
território neutro, dedicado à ciência.
2. HORIZONTE
TP Se
a Terra é plana, por que a nossa visão não ultrapassa o
horizonte? A desculpa aí envolve a neblina e uma suposta
limitação da visão humana – o que não faz sentido, já
que vemos estrelas a olho nu, e a mais próxima está a 40
trilhões de km (4,3 anos-luz).
VR Alguém
com 1,80 m no nível do mar só consegue enxergar a uma
distância de 5 km. Dá para comprovar a curvatura da
Terra pela sequência de desaparecimento de uma
embarcação no horizonte: a parte que some primeiro é a
popa, depois a vela.
3. GRAVIDADE
TP Não
existe. Só estaríamos presos ao chão por conta de uma
força misteriosa que puxa a Terra para cima a uma
aceleração constante de 9,8 m/s² – a mesma da gravidade.
Seria como se estivéssemos dentro de um elevador
gigante, presos ao chão.
VR Existe,
claro. E mais: corpos celestes são redondos justamente
por causa da gravidade. A massa gera um campo que suga
tudo para o centro, moldando-os como esferas.
4. LUA
TP Tem
51, 5 km e descreve sua órbita a 5 mil km do chão.
VR A
Lua é só quatro vezes menor que a Terra (com 3.476 km de
diâmetro) e está a 384.400 km de distância.
ECLIPSES LUNARES
TP Uma
Terra plana não faria sombra. Como explicar os eclipses
lunares, então? Uma hipótese diz que o céu tem um
“objeto de sombra”. A Lua se esconderia quando esse
objeto cortasse seu caminho.
VR São
fruto da sombra da Terra projetada na Lua, claro.
5. SOL
TP Tem
51,5 km de diâmetro e fica a 5 mil km de altitude.
Funciona como se fosse uma lanterna: ilumina cada porção
do planeta em momentos determinados. Ou seja: quando o
Sol brilha sobre sua cabeça, é dia. Quando ele está
longe, é noite. Simples assim.
VR O
Sol tem 1,3 milhão de km de diâmetro (108 vezes mais do
que a Terra), e está 149,6 milhões de km distante.
ESTAÇÕES DO ANO
TP Em
diferentes momentos do ano, o Sol terraplanista assume
órbitas diferentes – se aproximando ou se afastando de
cada trópico. E isso estabelece as estações do ano. O
raio da trajetória é maior quando o Sol está no “anel
norte” e menor quanto está no “anel sul” (veja lá
embaixo).
VR Você
sabe: por conta do movimento de translação e do eixo de
rotação da Terra (inclinado a 23,5 graus), cada
hemisfério recebe mais luz solar em determinados
períodos do ano. Quando é inverno na parte do sul, é
verão no Hemisfério Norte, e vice-versa.
6. MAGNETISMO
TP Alguns
terraplanistas defendem que o centro da Terra plana (o
Polo Norte) abriga uma montanha magnética que seria a
responsável por atrair as agulhas das bússolas. E mais
do que isso: para manter o Sol, a Lua e as estrelas em
volta do “disco planetário”.
VR Os
polos magnéticos estão próximos aos polos geográficos.
No centro da Terra, onde as temperaturas podem chegar a
6.000 ºC, existe ferro e níquel em estado líquido. Esse
fluido, em constante movimento, gera as correntes
elétricas responsáveis pelo campo magnético.
7. ATMOSFERA
TP Os
terraplanistas a chamam de atmosplana ou atmocamada –
note que “atmosfera” faz referência a um formato
esférico, coisa que eles abominam.
VR A
camada de gases que envolve nosso planeta fica presa
aqui por conta da gravidade, outro conceito que os
terraplanistas não curtem.
DOMO
TP É
o que nos isola do resto do Universo (seja lá o que
exista além da Terra plana).
VR Não
existe.
8. MONTANHAS E VULCÕES
TP Abaixo
da crosta, haveria uma pressão agindo na Terra plana,
resultado da aceleração que ela sofreria para simular a
gravidade. Tal movimento teria criado um vasto oceano de
magma no manto terrestre, o que justificaria os vulcões.
VR O
interior do planeta é instável. Os vulcões e o movimento
das massas continentais são os resultados mais notórios
desse fato.
A. ATLAS
O mapa-múndi terraplanista usa a projeção azimutal,
igual à do símbolo da ONU
B. ESTRELAS
TP Estrelas
seriam basicamente lâmpadas de LED: fontes luminosas a
poucos milhares de km da Terra.
C. EQUADOR
TP Esta
região seria mais quente que a dos polos por estar
diretamente abaixo do mini-Sol.
***
Bom, para negar a circunferência da Terra, Rowbotham
começou negando Eratóstenes. Criou um modelo teórico em
que o Sol não é grande nem está longe – seria uma bola
de fogo alguns quilômetros acima das nossas cabeças.
Isso permitia, segundo suas contas, que a Terra fosse
plana.
Rowbotham não teve tempo de cumprir o legado messiânico
que sua última obra criaria, já que morreu três anos
depois da publicação de seu livro. Mas a semente estava
plantada. Nomes como Wilbur Glenn Voliva, Samuel Shenton
e Charles K. Johnson – esses dois últimos, fundadores da
Sociedade da Terra Plana (Flat Earth Society) – , deram
sequência aos estudos do mestre, espalhando a palavra “
terraplanista” (flat
earther) nos Estados Unidos da metade do
século 20. Rachas internos deixaram a Sociedade da Terra
Plana de molho por umas boas décadas. Em 2009, porém,
ela ressurgiu das cinzas e voltou a receber novos
membros – e agora faz mais barulho do que nunca.
Parte dessa nova onda terraplanista passa pelo nome de
um novo guru, Eric Dubay. Ele é o fundador-presidente da
Sociedade Internacional de Pesquisa sobre a Terra Plana
e se define como “um americano de 35 anos que vive na
Tailândia, onde ensina ioga – tinha que ser -meio
período e divulga a nova ordem mundial em tempo
integral”. Entre textões conspiracionistas sobre
maçonaria e os Illuminatis, Eric destaca-se pelo
trabalho hercúleo de conseguir traduções em 18 idiomas
(incluindo árabe, lituano e letoniano) para sua obra
seminal 200
Provas de que a Terra não é uma Bola Giratória –
transformada, também, em um vídeo de mais de duas horas
de duração para seu canal no YouTube.
No Brasil, um dos terraplanistas mais proeminentes é
Jota Marthins, dono do Sem
Hipocrisia, um canal do YouTube dedicado ao
terraplanismo e outras teorias conspiratórias. O
objetivo de Marthins é revelar “a farsa da bola molhada
giratória”, forma como costuma se referir ao modelo
vigente. O paulistano conta com mais de 50 mil inscritos
e já obteve mais de 11 milhões de visualizações em seus
vídeos – por essas, ganhou o apelido de “Rowbotham
brasileiro”.
Sua maior obra, no entanto, é outra: o livro O
Universo que não te Apresentaram – Expondo a Maior
Mentira da Humanidade, publicação
independente comercializada a R$ 70. Caro? Para ele,
não: “Em um mundo onde pessoas pagam R$ 350 em obras de
ficção científica como as de Carl Sagan, fica difícil
calcular o valor para um livro que expõe a verdade”,
diz.
As “verdades” reivindicadas pelos terraplanistas se
resumem a tentativas de refutar conceitos provados e
comprovados por mais de 2 mil anos de ciência. Mas isso
não é necessariamente um problema. Para tudo que você
quiser questionar, sempre haverá resposta. Por exemplo:
a gravitação impede que corpos celestes com uma massa
razoável, como a Terra, tenham forma de pizza. Se você
pegar uma impressora 3D do tamanho de Júpiter e imprimir
uma Terra plana, a gravidade vai puxar as bordas da
estrutura para o centro e aglutinar tudo. E em pouco
tempo você terá uma Terra redonda, tal qual esta aqui.
Se o nosso planeta é plano, então, por que é que ele não
colapsa à mercê da gravidade? Fácil. Para os
terraplanistas a gravidade não existe. Uma das teorias
deles é que a gente só fica preso ao chão porque a Terra
acelera espaço adentro, como um elevador gigante, e isso
criaria a sensação de gravidade.
Outro enigma da Terra plana é o continente antártico. O
Polo Sul do globo, em sua versão amassada, assumiria uma
configuração peculiar. Mais do que o controle do nível
dos mares, o murão também delimitaria até onde a
curiosidade humana tem o direito de se estender. Os
segredos que estão fora dessa prisão de segurança máxima
ficam a cargo de forças militares internacionais, que
estariam resguardando as águas da região, prontos para
conter a investida de espertinhos.
Mas o que exatamente impediria alguém com espírito
aventureiro de se libertar dessas amarras e matar a
maior charada da humanidade por si só? “Esse é um
movimento de quem nunca saiu da cadeira, não tirou o
pijama”, diz Amyr Klink, velejador brasileiro que viaja
para a Antártida todo ano, há pelo menos 30 anos.
Segundo o capitão (e toda a ciência já produzida), nada
de parede de gelo com altura de prédio de 15 andares ou
exércitos garantidores da ordem mundial no continente
gelado. “Não sei por que ainda damos ouvidos a um
discurso tão equivocado.”
Calma, Amyr, não damos ouvidos... Mas mostrar como os
terraplanistas imaginam o planeta serve não só como
exercício de fantasia, mas também para ilustrar como
funcionam certos conceitos básicos da ciência, a começar
pela física newtoniana - veja a ilustração abaixo com os
prédios inclinados à medida que se aproximam da borda, o
que mostra o quão absurda seria a gravitação de um
planeta em forma de pizza.
Mesmo assim, diga-se, há terraplanistas que sonham em
usar a ciência a seu favor, e ver se um dia conseguirão
provar a quadratura do círculo com métodos consagrados.
É o caso de B.o.B., rapper americano e membro honorário
da Sociedade da Terra Plana. Ele resolveu se mexer e
lançou o projeto de financiamento coletivo “Mostre a
curvatura para o B.o.B.”, que estabeleceu a meta ousada
de juntar US$ 1 milhão para a compra de satélites e
balões atmosféricos, a serem utilizados em estudos
terraplanistas. Até o meio de outubro, a campanha havia
arrecadado apenas US$ 6 mil. Bom sinal...
Terra ainda mais chata
A vida numa Terra plana, de acordo com a física
newtoniana, seria um perrengue.
Este mundo, e todos os outros, são redondos porque a
gravidade os fez assim. Mas como seria se a Terra fosse
plana e também obedecesse às leis de Isaac Newton? Veja
1. O formato de disco faria a gravidade atuar de maneira
não uniforme. Em uma Terra plana, quanto mais você
andasse em direção às bordas, mais a gravidade puxaria
você de volta ao centro.
2. Caminhar até as bordas, então, seria como escalar uma
montanha que vai ficando mais íngreme.
3. Os prédios teriam de ser cada vez mais inclinados
para ir compensando essa influência. Perto da borda,
você teria de se segurar para não entrar em queda livre.
4. Ufa. Se você atravessasse a borda, seus problemas
acabariam. Na “lateral” da Terra plana, o puxão
gravitacional voltaria a ser o de sempre: no sentido do
solo.
Terra plena: Portanto, por que a teoria da Terra plana
não faz nenhum sentido
Porque... A idéia de uma Terra esférica seria parte do
complô criado pelas mais poderosas instituições da
Matrix (só por usarem este argumento utópico
(paranóico), já demonstra que não podemos levar à serio
tais terraplanistas – Mt 7:6... Pena que a ciência é
maior do que tais teorias da conspiração!
TÁTICA DE SILÊNCIO:
Instituições de grande poder estariam manipulando
resultados científicos e outras provas para manter a
visão do planeta redondo. Fotos da Nasa? Mera ficção. Os terraplanistas
defendem ainda que a ciência se tornou teórica demais e
empírica de menos, e dizem que isso é inaceitável,
justamente porque dificultaria a comprovação de uma
Terra plana
CIÊNCIA NÃO É POP:
Como vimos, recentemente, a teoria ganhou adeptos e está
se espalhando na internet. Celebridades como o
ex-jogador norte-americano de basquete Shaquille O’Neal
e o rapper B.o.B declararam que acreditam na teoria.
Grupos em redes sociais já somam mais de 50 mil membros
e existe até o Centro de Pesquisas Terra Plana
Brasil; B.o.B., que inclusive, lançou uma campanha de
financiamento coletivo para enviar um satélite e
comprovar seu ponto de vista...
Como uma teoria da conspiração, a história da Terra
plana pode ser divertida. Mas, recapitulando,
mostraremos como ela não para em pé.
- A chatice de uma terra chata
Para os terraplanistas, seria impossível circunavegar o
planeta. E a única coisa circular seria a Antártida e a
“rota” do sol...
ESTAÇÕES DO ANO
Terra plana –
O Sol se movimenta de forma circular espiralizada [???]:
ao mesmo tempo em que dá a volta no centro, vai de um
trópico a outro, passando pelo Equador duas vez por ano.
Onde ele está mais perto é verão. Mais longe, inverno...
Perfeito! Porém, o inverno (ou verão_ neste modelo
terraplanista, ocorre simultaneamente em todo o Planeta,
e sabemos que não é assim...
Terra esférica –
O eixo de rotação da Terra é
uma linha imaginária inclinada. Ao longo do ano, um
hemisfério recebe mais luz que outro. Por isso, quando é
verão no Sul, é inverno no Norte
ANTÁRTIDA
Terra plana –
Esse continente ocupa a borda do planeta, funcionando
como moldura para o oceano. É um lugar proibido para
pessoas comuns e pode ser visitado apenas em pontos
controlados pelas autoridades, para que nunca um civil
chegue até o final do domo e descubra a verdade sobre a Terra plana
[!!!]
Terra esférica –
O continente é usado por diversos países para exploração
científica. A visita é controlada, visando à
preservação, mas o turismo está aumentando. Em mais uma
comprovação de que ele não é circular, em 2017 Patrick
Bergel, bisneto do famoso explorador Ernest Shackleton,
conseguiu algo em que seu antecessor fracassou: cruzar a
Antártida. Ele venceu 5.800 km em uma viagem de carro
por 30 dias, amplamente divulgada. Se fosse para dar a
volta na Antártida terraplanista, ele levaria, no mesmo
ritmo, 239 dias
CENTRO DA TERRA
Terra plana –
Tudo que existe abaixo dos 12 km já escavados pelos
humanos é desconhecido. Pode existir uma espécie de
inferno (com ou sem conotações religiosas), onde não há
vida, só magma. Abaixo disso, não se sabe: poderiam ser
alicerces e colunas que sustentam a Terra ou
um abismo
Terra esférica –
O núcleo interno é uma grande bola de metal, constituída
basicamente de níquel e ferro, envolvida por uma camada
de rochas em estado líquido. Por causa do calor e da
pressão, nenhuma sonda chegou lá, mas a ciência sabe
disso tudo graças a estudos de terremotos, análises de
meteoritos e pesquisas sobre a formação de nosso solo
GRAVIDADE
Terra plana –
É um conceito que não existe, usado apenas para explicar
coisas que não entendemos e corroborar com a teoria da Terra esférica.
Todas as aplicações da gravidade podem ser explicadas
pela densidade: mais pesados embaixo, mais leves em cima
[seus pés pesam mais que sua cabeça, segundo a “teoria”]
Terra esférica –
Grandeza responsável por definir o peso de um corpo.
Qualquer objeto que se movimenta está sob influência da
aceleração da gravidade, que na Terra
é de aproximadamente 9,8 m/s2 e
puxa tudo para o centro do planeta. A gravidade não só
existe como mostra que o terraplanismo não faz sentido
algum. Caso a Terra fosse
um disco, a gravidade não agiria de maneira uniforme.
Por exemplo, quanto mais longe do Polo Norte, mais
inclinados os prédios teriam que ser para compensar essa
força [?].
MAGNETISMO
Terra plana –
O polo magnético do planeta está no centro do disco, o
Polo Norte. Sol e Lua são atraídos em torno dele
Terra esférica –
O polo norte magnético fica no sul geográfico. De lá
saem as linhas de atração, convergindo para o sul
magnético (norte geográfico). Como os opostos se atraem,
o norte das bússolas aponta para o sul magnético, que se
encontra próximo do Polo Norte
- Para o finito e aquém
Terraplanistas dizem que o Sol é uma melequinha quente
que gira dentro de um domo, cuja base é a Terra
SOL
Terra plana –
A Terra é
o centro de tudo, e o Sol gira em torno do Polo Norte,
completando uma volta em 24 horas. É dia na área em que
os raios solares incidem, é noite onde eles não chegam
Terra esférica –
O Sol é a estrela central do sistema solar, com 1,3
milhão de km de diâmetro. Se a Terra fosse
plana e o Sol girasse em cima dela, a sombra de um
relógio de sol teria o mesmo tamanho ao longo do dia, o
que não ocorre. Aliás, ao estudar a diferença entre as
sombras formadas por postes idênticos em cidades
distantes, o geógrafo grego Eratóstenes calculou a
curvatura terrestre – há 2,2 mil anos!
Além disso, se o Sol funcionasse como um holofote que
gira sobre a Terra, mesmo nas áreas não iluminadas por
ele seria possível vê-lo – e nós não conseguimos ver o
Sol à noite. Além de que, se sua orbita for circular e
espiral ao mesmo tempo [gerando as estações,
segundo eles], isto faria com que os dias fossem
extremamente mais longos no inverno do que no verão...
Quanto mais perto do centro, mais rápido é a velocidade
e isto não é Matrix. No verão, poucas horas e no
inverno, semanas!!!
ESTRELAS
Terra plana –
As estrelas giram em torno do domo. Só uma é imóvel: a
estrela Polar, localizada em cima do Polo Norte. Não é
possível enxergar todas as estrelas porque a luz solar
as ofusca
Terra esférica –
Estrelas são corpos esféricos gigantescos, compostos de
gases que produzem reações nucleares e emitem luz.
Sistemas planetários giram em torno delas
LUA
Terra plana –
Gira em um compasso diferente da do Sol, encontrando-o
algumas vezes. Quando isso acontece, ela armazena
radiação solar até ficar cheia. Em seguida, ela começa a
se esvaziar, até cruzar novamente com o Sol. Isso
explica as fases lunares
Terra esférica –
Único satélite natural da Terra,
a Lua gira em torno da Terra.
Ela não emite luz, apenas reflete a do Sol. As fases
resultam da posição em que a Lua recebe essa luz. Se a
Lua conseguisse armazenar os raios do Sol, como diz a
teoria da Terra plana, as fases determinariam a
intensidade da luz, não o formato da face iluminada.
Seria como uma lâmpada com dimmer
ROTAÇÃO E TRANSLAÇÃO
Terra plana –
A Terra não
se move. O movimento de translação cabe ao Sol, que gira
sobre o disco terrestre
Terra esférica –
A Terra gira
sobre seu próprio eixo (rotação). Cada volta dura 24
horas, formando os dias. Ao mesmo tempo, ela gira ao
redor do Sol (translação). A volta completa leva 365
dias, quatro horas e alguns minutos. É o que forma o ano
-
Por que a Terra é
esférica?
Dicas práticas para você mostrar àqueles seus conhecidos
que andam espalhando que o planeta é plano
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Com um binóculo, observe navios na linha do horizonte. A
primeira parte a desaparecer é a proa (frente). Se o
oceano fosse plano, o navio viraria um pontinho e depois
sumiria (como um pássaro que voa para longe). Uma pessoa
de cerca de 1,70 m percebe isso de uma distância entre
3,5 a 5 km
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Se você estiver em um barco em movimento, aproximando-se
do litoral, a primeira faixa de terra que
verá serão os topos das montanhas. De novo, por causa da
curvatura
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Com dinheiro e tempo de sobra, dá para dar a volta ao
mundo. Um cruzeiro do tipo dura cerca de 200 dias. Você
jamais encontrará um limite para dar meia-volta, o que
significa que a Terra não
tem borda. A expedição de Fernão de Magalhães comprovou
isso em 1519
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Há constelações que só são visíveis em um hemisfério. Se
for à Disney, comprove: você não verá o Cruzeiro do Sul,
pois ele só pode ser visto no Hemisfério Sul. Se a Terra fosse
plana, daria para vê-lo de qualquer lugar
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Nos eclipses lunares, quando a Terra fica
entre o Sol e a Lua, é possível ver a sombra projetada
pelo planeta no satélite – e ela é arredondada – quando
o eclipse está se iniciando ou terminando...
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