A kipá, ou Kipá como é
conhecida popularmente entre os não judeus, é hoje
praticamente uma unanimidade no meio judaico. Poucos,
todavia, conhecem sua origem, ou já se indagaram se o
seu uso reflete as Escrituras. Os que defendem o uso da
kipá entendem que o cobrir a cabeça indica temor aos
céus, e que essa prática teria embasamento nas
Escrituras.
- Edição de oCaminho -
I - A Origem Histórica do Kipá
Mesmo que o objetivo deste estudo
seja uma investigação histórica, a Tanak nos dá um ponto
de partida muito interessante ao afirmar: “Não cortareis
o cabelo em redondo, nem danificareis as extremidades da
barba pelos mortos; não ferireis a vossa carne; nem
fareis marca nenhuma sobre vós. Eu sou o CRIADOR”. [Lv
19:27,28]. Vale ressaltar que o hebraico apresenta um
texto corrido, e que a pontuação e a divisão de
versículos é algo introduzido pelas traduções.
O texto acima fala
de alguns rituais de luto que são proibidos pela Tanak.
Dentre eles, destaca-se o ritual da tonsura, um ritual
de raspagem dos cabelos, deixando uma superfície calva
no topo da cabeça, de modo que os cabelos crescessem
apenas como um halo redondo em torno da mesma; como os
frades o fazem desde a Idade Média. Esse tipo de ritual
de luto era comum entre os antigos sumérios, sendo que
os israelitas tiveram bastante contato com ele nos
tempos antigos. Sobre isso, Brian B. Schmidt, professor
de bíblia hebraica e cultura semita da Universidade de
Michigan, afirma: “Laceração e tonsura são atestados
como rituais de luto dentre diversos povos do Oriente
Médio. Alster nota que [os textos da] "descida de Inanna"
ao Mundo dos Mortos (versões suméria e acadiana),
Gilgamesh, Enkidu e o Mundo dos Mortos (versões suméria
e acadiana) e o Épico de Gilgamesh (acadiano) contêm
reflexões mitológicas dos rituais de luto envolvendo
autolacerações e tonsura. Rowley [também] citou
referências na literatura grega clássica”. (Israel's
Beneficient Dead, pg. 174).
Por hora, será deixada de lado a
referência aos gregos (que será retomada mais adiante),
e o foco será dado ao hábito que aparece na antiga
região da Mesopotâmia. A grande questão que fica é: Por
que a Tanak proibiria esse rito de luto em particular? É
importante ressaltar que a Tanak não se ocupava de
condenar qualquer tipo de costume local, mas sim
principalmente aqueles que de alguma forma estavam
ligados à idolatria.
a. A Adoração a Shamash
Na região da antiga Bavel (Babilônia), a tonsura não era
apenas um rito de luto, mas também um símbolo da devoção
a Shamash, o deus-sol do antigo panteão babilônio. O
acadêmico James Hastings cita a tonsura como uma forma
de rito iniciático de dedicação dos sacerdotes aos
deuses babilônios:
- As placas representam o rei Ur-Nina (Louvre) como um
portador de cesto, e também assentado, mostram-no
na companhia de seus
oito filhos, os quais, de pé perante eles, curvam suas
cabeças
em
sinal de respeito. Com a exceção do primeiro, todos têm
suas cabeças raspadas, e é possível que o cabelo do mais
velho tenha um tipo de tonsura. “O raspar a cabeça é
considerado sinal de ranking sacerdotal, e essas placas
parecem provar que até meras crianças eram
iniciadas...” (Encyclopedia
of Religion and Ethics, parte 6).
Conforme Hastings atesta, pode-se perceber a tonsura no
filho mais velho do rei. Sobre a tonsura sacerdotal,
Hastings continua: "Existem muitas referências à
consagração sacerdotal, mas nada é tão conhecido como as
marcas distintas que os sacerdotes portavam.
Ao lado, gravura da tábua
babilônia de Ur-Nina, em exposição no museu do Louvre
As impressões de selo [as tábuas babilônias eram
impressas com sinetes, em argila] mostram que eles
frequentemente se raspavam, e parece certo que isso era
parte do rito de consagração, que era realizado pelo
shui (sumério) ou gallabu (semita). Seu trabalho era
provavelmente realizado perante a estátua da divindade a
quem o neófito era dedicado. A isto aparentemente se
sucedia o dar a tiara sacerdotal" (ibid, parte 19).
É importante que você
compreenda que o significado do termo “tiara”
aqui usado é um “ornamento de cabeça”.
Mas, como era o ornamento de cabeça dos iniciados no
sacerdócio babilônio, dentre os quais se destacava o
sacerdócio de shamash? Diversas tábuas babilônias
demonstram que o ornamento de cabeça era usado como
símbolo de Shamash. A mais evidente dessas tábuas (à
direita) é uma tábua do século 9 a.Y, que mostra o
próprio deus-sol, o shamash e os seus súditos. Pode-se
observar que esse ornamento de shamash tinha uma forma
semelhante a uma cuia e cobria a cabeça exatamente onde
a tonsura era realizada e representava o ídolo sol.
Abaixo, algumas outras tábuas:
Esse tipo de ornamento dos
sacerdotes de shamash também aparece em outras imagens,
enfeitando tanto homens, quanto mulheres, e até mesmo
outras divindades como Ishtar e Tamuz. Existem, algumas
tábuas da coleção de Ashurbanipal, em exposição no Museu
Britânico. São tábuas do século 7 a.Y, embora
especule-se que sua origem possa estar por volta do
século 17 a.Y. Embora não seja a única forma de
cobertura de cabeça a figurar nas tábuas babilônias, o
disco-solar do shamash é sem sombra de dúvidas o mais
predominante. Até mesmo outras divindades aparecem
trajando-o, demonstrando a grande importância que os
babilônios davam ao sol. Isso pode ser visto em imagens
como a do casamento de Ishtar e Tamuz, que é
representado na gravura arqueológica ao lado.
b.
De Shamash a Mitra
Ao longo dos séculos, o panteão e a teologia babilônia
evoluíram, embora a devoção ao sol permanecesse uma de
suas marcas mais identificáveis. Já próximo aos tempos
de Yaohu'shua, a religião dos Mistérios de Mitra (cuja
mitologia foi incorporada ao Zoroastrismo) era bastante
popular na Babilônia, e com o passar do tempo foi
ganhando cada vez mais força. Mitra [Rá, no Egito] era
uma divindade solar, que acabou incorporando boa parte
da devoção e das características do antigo deus Shamash.
Abaixo, pode-se ver a predominância de Mitra em um mural
do século 3 d.Y, o mural da investidura do imperador
Ardashir. À esquerda, pode-se ver Mitra com seus
inconfundíveis raios solares, e o seu Kipá (um dos dois
chapéus utilizados no Mitraísmo). A religião dos
Mistérios de Mitra tornou-se bastante popular também em
outras culturas, tendo influenciado não apenas gregos,
como também romanos.
Os seguidores de Mitra tinham como marca distinta os
seus dois tipos de cobertura de cabeça: o chapéu fírgio,
e o Kipá. Sobre isso, em sua obra acerca das origens e
do significado do Kipá, o reverendo Antonio Hernandes
nos relata: "… a igreja primitiva (católica romana)
roubou muitos dos hábitos, vestimentas e costumes
mitraístas. Todos os mitraístas usavam um Kipá especial,
todo mitraísta que comete-se pecado era condenado, entre
outras coisas, a usar um Kipá de pele de porco! Seu
profeta, Mitra, usava um Kipá e um chapéu pontudo
supostamente de design fírgio, e era ele quem
originalmente mostrou todos os atributos do Cristo
[romano]. Mas diferentemente do Cristo, Mitra emergiu de
uma rocha, completamente nu e belo, usando seu Kipá
orgulhosamente." (My
Kingdom for a Crown: An Around-the-World History of the
Skullcap and its Modern Socio-Political Significance).
Até hoje, os zoroastristas (também conhecidos como
parsis), utilizam a mesma cobertura de cabeça dos
mistérios mitraístas, como pode ser visto em algumas
fotos abaixo:
c. Da Babilônia à Grécia
O culto ao deus-sol também
influenciou a cultura grega, provavelmente trazido pelos
fenícios, como visto na figura abaixo representando a
história de Cadmos, o fenício que supostamente teria
fundado a Grécia. O painel, do museu do Louvre,
apresenta-o trajando Kipá. Semelhantemente, os deuses
gregos também são frequentemente representados usando
Kipá, como abaixo nas esculturas gregas antigas de
Oceanus e Zeus:
Abaixo, uma escultura de um dos
Dioscuri, os filhos gêmeos de Zeus, em uma praça em
Turim, na Itália, e uma antiga gravura mostrando ambos
os Dioscuri, ambos usando Kipá:
Até hoje, na Albânia, em região do
antigo império grego, pode-se ver o costume
remanescente. Abaixo, um albanês trajando o seu Kipá:
d. Roma e a Tonsura Solar
Parte
desse rito incluía o antigo hábito das tonsuras,
exatamente a mesma prática proibida pela Tanak, e que
era realizada na Babilônia em conexão com a adoração ao
deus-sol. Sobre o rito da tonsura, a Enciclopédia
Católica afirma: “Um ritual sagrado instituído pela
Igreja através do qual um cristão batizado e crismado é
recebido na ordem clériga através da raspagem de seu
cabelo e do investimento da túnica. A pessoa assim
tonsurada torna-se participante dos privilégios e
obrigações comuns do estado clérigo e está preparada
para a recepção de ordens” (Tonsure). A exemplo do que
acontecia na antiga Babilônia, a tonsura romana era
coberta por um Kipá. Sobre esse hábito, Hernandez
escreve: "Tonsura - O ato de raspar a cabeça para
representar o tomar votos ou ordens religiosas.
Praticada tanto pelos pagãos, quanto por budistas e
“cristãos”, a tonsura precisava de proteção – uma das
principais razões pelas quais o Kipá passou a ser usado
pelos clérigos religiosos em todo o mundo." (My
Kingdom for a Crown: An Around-the- World History of the
Skullcap and its Modern Socio-Political Significance).
Embora a
tonsura tenha saído de moda na Igreja Católica, o uso do
solidéu permanece. Curiosamente, o termo “solidéu”
deriva de “soli deo”. Hoje em dia, o Vaticano insiste
que “soli deu” significa “somente deus”. Todavia, o
termo “soli deo”, no latim, também significa “deus sol”.
Apesar dessa aparente ambiguidade, não há dúvidas quanto
à origem real do termo, por dois motivos.
O
primeiro,
porque, como visto, a prática do Kipá começou a se
popularizar através da religião dos mistérios de Mitra,
uma divindade solar.
O
segundo porque,
contrariando as explicações atuais do Vaticano, o famoso
mural de Mitra (vide abaixo) no Vaticano traz a
inscrição “Soli Invicto Deo” (deus sol
invencível). Portanto, pode-se perceber sem qualquer
sombra de dúvida que “Kipá”, ou “soli deo”,
significa literalmente “deus sol”.
e. Representações dos Antigos
Israelitas
Nos tempos bíblicos, os israelitas
comuns não tinham por hábito usarem coberturas de
cabeça. Abaixo, algumas evidências arqueológicas
comprovam isso. A primeira delas, um mural egípcio de
cerca do século 15 a.Y, mostra os hebreus cativos
trajando tsitsiyot (franjas). Não há qualquer cobertura
de cabeça.
O mesmo pode-se observar do mural
de Senaqueribe, abaixo, de cerca do século 7 a.Y, que
ilustra os israelitas sendo levados para o cativeiro
assírio. As tábuas possuem alguns detalhes próximos aos
pés que podem representar tsitsityot (franjas), mas
novamente não há qualquer cobertura de cabeça.
E, por fim, há ainda uma imagem em
que Yehuh, rei de Judá, se prostrando perante
Shelmanaser III, rei da Babilônia, de cerca do século 9
a.Y. Esse mural, de origem babilônia, é curioso pois
representa Yehuh com uma cobertura de cabeça. Todavia,
seu acompanhante ao lado aparece sem tal cobertura, o
que reforça o indício de que nos tempos bíblicos, o
costume de cobrir a cabeça era apenas social.
Mais adiante, serão abordados
também os murais da sinagoga de Dura-Europos, que
indicam que o costume também não era comum mesmo no
século 3 d.Y.
II - A Bíblia e o
Cobrir a Cabeça
Abaixo, apresenta-se uma lista dos
termos bíblicos usados para cobertura de cabeça. Será
feita uma análise cuidadosa da etimologia e do contexto
de uso de cada termo:
a. Mitsnefet
O termo
vem da raíz "tsanaf", que significa "enrolar."
Literalmente, um turbante. Esse termo aparece nas
Escrituras de forma exclusiva ao turbante do cohen
ha'gadol (sumo-sacerdote), que era feito de linho.
Aparece frequentemente como “mitra” nas traduções para o
português, embora “turbante” seja a leitura mais
apropriada: “Prenda-o
na parte da frente do turbante [mitsnefet] com
um cordão azul”.
[Ex 28:37].
Outras
passagens onde o termo aparece:
• Êxodo 28:4,37,39; 29:6; 39:28,31;
• Levítico 8:9; 16:4;
• Ezequiel 21:26.
b. Tsanif
Esse termo
vem da mesma raiz de mitsnefet. Literalmente, algo "enrolado".
No contexto em que é usado, trata-se de um adorno que
indica alguma riqueza ou status. O uso de "tsanif"
versus "mitsnefet" é para diferenciar o traje típico do
cohen ha'gadol dos demais turbantes. Curiosamente, o
termo sempre aparece em contextos figurativos: “A
retidão era a minha roupa; a justiça era o meu manto e o
meu turbante [tsanif]”.
[Jó 29:14].
Outras
passagens onde o termo aparece:
• Is 3:23; 62:3;
• Zc 3:5.
Percebe-se
que o uso desse termo é puramente cultural, e reflete
apenas um costume de pessoas de status no oriente médio.
c. Atará
Literalmente, uma coroa. Era feita de metal (geralmente,
ouro e pedras preciosas), e é associada a reis e
governantes. Quando aparece figurativamente, refere-se à
autoridade: “A
seguir tirou a coroa [atará] da
cabeça do rei, uma coroa [atará] de
ouro de um talento; ornamentada com pedras preciosas. E
ela foi colocada na cabeça de Da'oud...”. [II
Sm 12:30].
Outras
passagens onde o termo aparece:
• II Sm 12:30;
• 1Cr 20:2;
• Ez 8:15;
• Jó 19:19; 31:36;
• Sl 21:3;
• Pv 4:9; 12:4; 14:24; 16:31; 17:6;
• Ct 3:11;
• Is 28:1,3,5; 62:3;
• Jr 13:18;
• Lm 5:16;
• Ez 16:12; 21:26; 23:42.
Outro uso
puramente cultural, que reflete apenas um costume dos
reis e autoridades de usarem coroas.
d. Chevel
Uma corda
ou laço, mencionada duas vezes numa única passagem da
Bíblia como algo possivelmente amarrado ao lado da
cabeça Aparentemente, pelo contexto, era usado por
pessoas humildes (ou que desejassem se humilhar), e se
assemelha ao que aparece em um mural egípcio que
representa os israelitas (acima). Ao que tudo indica,
provavelmente era usado para amarrar os cabelos para o
trabalho. Há ainda algumas traduções que interpretam
como colares. “Então,
lhe disseram os seus servos: Eis que temos ouvido que os
reis da casa de Israel são reis clementes; ponhamos,
pois, panos de saco sobre os lombos e cordas [chavalim] à
roda da cabeça e saiamos ao rei de Israel; pode ser que
ele te poupe a vida. Então, se cingiram com pano de saco
pelos lombos, puseram cordas [chavalim] à
roda da cabeça”.
[I Rs 20:31-32]. Mais uma vez, o uso é plenamente
cultural.
e. Migba'ah
O termo
vem da mesma origem de "gavah"
que significa "alto
ou projetivo".
Não à toa, o termo "guivah"
significa "morro
ou montanha"
e "gavia"
que significa "taça".
A Enciclopédia Judaica define da seguinte forma: "O
termo usado para denotar as mitras dos sacerdotes comuns
('migba'ot', derivado de 'guebia' = 'taça') sugere uma
cobertura de formato cônico, presa firmemente à cabeça".
Em outras palavras, era uma espécie de turbante que era
atado de forma peculiar, formando uma espécie de um cone
mais alto. Qual o provável objetivo desse formato
peculiar? Provavelmente, era destacar o Cohen
(sacerdote) para que fosse facilmente visto em meio à
multidão. Normalmente, aparece nas traduções para o
português como “tiaras”,
embora o formato não tenha nenhuma conexão com o que se
entende modernamente por “tiara”: “Também
Mehu'shua (Moisés) fez
chegar os filhos de Aaron, e vestiu-lhes as túnicas, e
cingiu-os com o cinto, e atou-lhes os turbantes-cônicos [migba´ot], como
o CRIADOR lhe ordenara”.
[Lv 8:13].
Outras
passagens onde o termo aparece:
• Êxodo 28:40, 29:9, 39:28;
• Levítico 8:13.
f. Pe'er
O termo
tem a mesma raiz de tiferet, e
significa literalmente "belo"
ou "beleza".
Era usado para descrever basicamente um enfeite, adorno
ou uma peça bela. Em Yashuayh (Isaías), aparece como
adorno usado pelo noivo. Em Kozok'ul (Ezequiel), o
CRIADOR diz a ele para usar adornos, de modo a ocultar
sua tristeza. Ou seja, era um traje cujo objetivo era
mesmo enfeitar. É provável que nem todas as passagens
onde o termo aparece refira-se a peças específicas para
a cabeça, pois há pelo menos uma ocorrência (vide
citação abaixo) onde a Bíblia se preocupa em explicar o
tipo de adorno, indicando que poderiam ser de diversas
naturezas. Algumas traduções trazem o termo como
“ornamento”, outras como “turbante”. Porém, o termo não
era usado apenas para turbantes, pois a Tanak diz: “E
o turbante [mitsnefet] de
linho fino, e o ornamento das tiaras [pa´arei
hamigba´ot] de
linho fino, e os calções de linho fino, torcido”
[Ex 39:28].
Outras
passagens onde o termo aparece:
• Is 3:20; 61:3,10;
• Ez 24:17,23; 44:18.
g. Charbela
Esse termo
aparece uma única vez nas Escrituras, na parte aramaica
de Dayan'ul. O termo aramaico “charbela”
é de difícil tradução, pois, segundo a concordância
Strong, pode indicar “manto, túnica, turbante ou
capacete”. A passagem em Dayan'ul não é suficientemente
clara para sequer termos certeza de que se trata de uma
cobertura de cabeça. Todavia, o mais provável é que “charbela”
deva indicar uma espécie de pano, que provavelmente
também poderia ser atado como um turbante: “E
os três homens, vestidos com seus mantos, calções,
turbantes [charbelot] e
outras roupas, foram amarrados e atirados na fornalha
extraordinariamente quente”.
[Dn 3:21]. A passagem refere-se aos três amigos de
Dayan'ul, e apenas indica que eles foram lançados na
fornalha do jeito que estavam vestidos. Ou seja, é mais
uma referência cultural.
III - Análise das Escrituras
Pode-se
concluir algumas coisas interessantes analisando os
termos usados para coberturas de cabeça na Bíblia. A que
mais chama a atenção é a ausência de qualquer elemento
que mesmo remotamente nos lembre a kipá. Nas Escrituras,
à exceção da coroa, as coberturas de cabeça tinham
formato de turbante, eram feitas de tecidos finos (que,
à época, custavam pequenas fortunas), e usadas não pelo
povo de um modo geral, mas por pessoas de destaque. Eram
um símbolo de status, e eram tidos como um artigo de
grande beleza. A própria Tanak nos indica ao usar o
termo “pe´er” que os turbantes eram adornos. Ou seja,
eles foram introduzidos por UL (o Criador) no Mishcan (Tabernáculo)
por motivos relativamente simples de compreender. Os
israelitas já estavam habituados a verem pessoas de
status usarem turbantes. Quando o CRIADOR determina que
os cohanim (sacerdotes)
usem turbantes de linho como peças de adorno, isto
simbolizava não o “temor
do céu”,
como alguns supõem por hábitos posteriores, mas sim,
segundo as próprias Escrituras, simbolizavam uma
autoridade e um destaque perante o povo. Não há nenhum
exemplo de alguém do povo usando alguma peça de cabeça
por razão de temor ao CRIADOR, ou adotar o hábito dos
turbantes de linho dos cohanim (sacerdotes).
Se alguém, todavia, entendesse que o fato de nós sermos considerados cohanim (sacerdotes)
em Yaohu'shua indicaria que devêssemos usar algum tipo
de chapéu, teríamos aí dois problemas: O primeiro é que
um cohen (sacerdote)
não usava qualquer chapéu, e sim um turbante de linho
bastante específico. O segundo é a total ausência de
qualquer menção a isso, mesmo como costume, na B'hit
Chadashá (Aliança Renovada).
a. Yaohushua Usava Kipá?
A B'hit
Chadashá (Aliança Renovada) não traz nenhuma menção a
Yaohu'shua ou seus talmidim (discípulos)
usando qualquer tipo de cobertura de cabeça, muito menos
ainda por motivos religiosos. De fato, à época, nem
mesmo a seita dos p´rushim (fariseus)
fazia tal uso. Mesmo por séculos depois de Yaohu'shua,
as coberturas de cabeça usadas pelos israelitas (em sua
maioria, turbantes) eram tidas unicamente como elemento
cultural. Não eram usadas unanimemente, eram partilhadas
por homens e mulheres, e não tinham qualquer conotação
religiosa. Isso será visto mais adiante...
Sobre os tempos de Yaohu'shua, o
rabino Shmuel Safrai, professor emérito de História
Judaica do Período Talmúdico e Mishnaico, da Hebrew
University, afirma: "É certo que Yaohu'shua, um
israelita residindo na terra de
Ysrael no primeiro século, não usava uma kipá (solidéu).
O costume de usar uma kipá surgiu na Pérsia (Babilônia)
entre os séculos terceiro e quinto d.Y. entre os
residentes não judeus – os residentes
judeus da Babilônia ainda não haviam adotado esse
costume, conforme as pinturas (ao lado) da [sinagoga]
Dura-Europos mostram - e passaram de lá para a
comunidade judaica na Europa.
Apesar dos
sacerdotes usarem um migba'at (uma
cobertura de cabeça tipo um turbante - Ex 28:4, 40; Lv
8:13), outros judeus do período do Segundo Templo não
usavam uma cobertura de cabeça. Isto é confirmado tanto
pela literatura quanto por restos arqueológicos do
período. Por exemplo, as gravuras no Arco de Tito em
Roma, que representam a procissão da vitória em Roma
logo em seguida à conquista de Jerusalém em 70 d.Y,
mostram os judeus cativos de cabeças descobertas.
Semelhantemente, as pinturas da sinagoga de meados do
terceiro século d.Y. escavados em Dura-Europos
representam todos os homens judeus com as cabeças
descobertas, exceto por Aarão o sacerdote." (Did
Jesus Wear a Kippah?). Ao lado, um dos painéis da
Dura-Europos, representa a unção de David. Todos os
homens aparecem de cabeças descobertas.
b. O Encobrir/Ocultar a Cabeça
As
Escrituras trazem ainda mais um elemento importante que
deve ser analisado: “E
seguiu Daou'd pela encosta do monte das Oliveiras,
subindo e chorando, e com a cabeça coberta [chafu]; e
caminhava com os pés descalços; e todo o povo que ia com
ele cobria [chafu] cada um a sua
cabeça, e subiam chorando sem cessar”. [II
Sm 15:30]. As palavras que aparecem acima
traduzidas como as ações de cobrir vêm da raiz chafá,
que significa “cobrir”
ou “ocultar”.
Aqui há a idéia de que Daou'd, provavelmente com a sua
própria túnica, ocultou a sua cabeça. Alguns chegam a
tentar apontar essa passagem como evidência de que se
deve orar com a cabeça coberta. Todavia, o que acontece
aqui nessa narrativa é algo bastante específico: Daou'd
estava amargurado, e humilhado. Ele sabia que, por conta
de seu pecado, Ab'shalom,
seu próprio filho, se voltou contra ele. Tanto que, logo
em seguida, Husai se encontra com ele, com terra sobre a
cabeça, e roupas rasgadas.
Repare que
a referência aqui não é a um uso de chapéu, mas sim o
ocultar a cabeça, em sinal de tristeza e humilhação.
Pode-se ver isso com bastante clareza em outros trechos
das Escrituras: “E
os seus mais ilustres enviam os seus pequenos a buscar
água; vão às cisternas, e não acham água; voltam com os
seus cântaros vazios; envergonham-se e confundem-se, e
cobrem [chafu] as
suas cabeças. Por causa da terra que se fendeu, porque
não há chuva sobre a terra, os lavradores se envergonham
e cobrem [chafu] as
suas cabeças”
(Jr 14:3, 4). Yarmi'yah ha'Navi (o profeta Jeremias)
deixa bem explícito que o costume do “ocultar/cobrir”
a cabeça com pano ou túnica era um ato de humilhação.
Pode-se
perceber que isso é bem diferente do uso do turbante,
que era um símbolo de status. Esse hábito, além de não
ser um hábito religioso, também não era hábito exclusivo
dos israelitas, e sim um costume do oriente médio.
Pode-se perceber isso na narrativa de Had'ssah (Ester),
onde Haman também “oculta”
a cabeça pelo mesmo motivo: “Depois
disto Mordechai voltou para a porta do rei; porém Haman
se retirou correndo à sua casa, triste, e de cabeça
coberta”.
[Et 6:12]. Como visto, não havia entre os judeus o
costume de “ocultar/cobrir”
a cabeça com o talit, ou com algum tipo de túnica,
simplesmente para orar rotineiramente. O costume
indicava, ao contrário, um sinal de tristeza, de luto ou
humilhação. Hoje em dia, todavia, esse costume existe, e
é bastante difundido. Como visto tal costume não se
origina nas Escrituras, nem nos tempos antigos.
De onde
vem, então? Esse costume, como vimos, não é
mencionado nas Escrituras. Também não aparece na Mishná
(século 2), nem tampouco no Talmud (séculos 3 a 6). De
onde, então, deriva? A origem desse hábito, que não
condiz com a prática bíblica, é incerta. Talvez a
resposta esteja nos costumes romanos. Isso não seria de
todo surpreendente, tal o grau de assimilação de
costumes pagãos por parte dos p'rushim (fariseus).
Porém, não se pode afirmar categoricamente que a origem
esteja aí. Apesar disso, certamente essa era a origem da
problemática vivida por Sha'ul (Paulo) em Corinto. Sendo
assim, é importante conhecer esse costume romano.
Na
adoração romana, o principal líder das orações tinha por
hábito o chamado capite
velato, isto
é, o cobrir a cabeça. Não em sinal de humilhação – como
era o costume bíblico – mas para realizar orações e
oficiar o serviço religioso; costume esse que pode ter
dado origem ao hábito posterior do chazan (o
condutor das rezas)
cobrir sua cabeça nas sinagogas farisaicas. Sobre tal
costume, o historiador e professor de ética religiosa
David W.J. Gill afirma: "Tal imagem não é apenas visual,
mas é encontrada na Res Gestae de Augusto, onde sua
função como o pontifex maximus é enfatizada. Essa adoção
de uma função sacerdotal foi adotada também por outros
imperadores, e é assim que Nero é representado em uma
estátua fragmentária em Corinto. Ele, semelhantemente,
tem sua cabeça parcialmente coberta pela toga. Augusto
claramente tem um papel específico em sua estátua. Ele é
visto quer prestes a fazer um sacrifício ou a orar. Nem
todos os presentes no sacrifício teriam que puxar sua
toga sobre sua cabeça. Essa característica do chamado capite
velato [cabeça
coberta]
era a marca iconográfica de um sacrificante presidindo
sobre um ritual especificamente romano”. (The
Importance of Roman Portraiture for Head-Coverings in
1Coríntios 11:2-16).
Ao
lado, uma imagem de Augusto com “capite velato”
Abaixo,
um antigo mural representando um sacerdote romano
vestido com “capite
velato”
(cabeça
encoberta)
conduzindo um serviço religioso. Ao lado desses, um chazan
parush (condutor
fariseu)
da mesma forma. Por esta razão, associada à inexistência
do costume nos tempos bíblicos, supõe-se que o costume
romano possa ser a origem do costume farisaico.
c. Sha'ul e Corinto
O
contraste entre o costume bíblico e o costume romano é
particularmente relevante para compreender o contexto de
I Co 11:4, onde Sha'ul afirma:´“Todo
o homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça oculta [m´kassai], desonra
a sua própria cabeça”.
É importante o leitor compreender que a expressão
aramaica “kassai”
significa literalmente algo que está “oculto/encoberto”.
É análoga a raiz hebraica “kassá”,
que significa a mesma coisa. Um exemplo dessa raiz pode
ser visto em Gn 24:65, com Ro’evka (Rebeca) quando se
aproxima de Yatzkh'aq (Isaque): “Então
tomou ela o véu e cobriu-se”.
[tit´kas]”. O que fez Ro'evka aqui? Tomou um véu e
ocultou-se, como era costume nupcial na região do
oriente médio - aliás, costume que influencia até as
práticas ocidentais da atualidade". Pode-se ver ainda um
outro uso do termo: “Quando
partir o arraial, Aaron e seus filhos virão e tirarão o
véu da tenda, e com ele cobrirão [vechissu] a
arca do testemunho”
[Nm 4:5]. A arca era literalmente encoberta pelo véu,
que a ocultava. Há muitos outros usos do termo, como por
exemplo, o das águas cobrindo o mar (Is 11:9), a glória
do CRIADOR cobrindo o Sinai (Ex 24:16), o CRIADOR
cobrindo os olhos de pessoas (Is 29:10), e assim por
diante. O importante aqui é percebermos que a raiz traz
sempre essa idéia de um encobrimento que oculta. Ou
seja, pode-se entender que Sha'ul era contra o uso
de chapéus, turbantes, etc? Pode-se, ainda, supor que
essa passagem é contrária ao uso da kipá? A resposta é
sim e não.
Em prol do
"não", os messiânicos alegam que o termo aqui não se
aplica de forma alguma a qualquer desses elementos, e
sim ao ato de encobrir a cabeça, como quem coloca um
véu. Neste caso, o TALIT sobre a cabeça é que estaria
sendo condenado! Pois não faria sentido que Sha'ul
considerasse esse costume [chapéu, turbantes] condenável
visto que não apenas o costume do uso de turbantes
aparece nas Escrituras, como era comum também em meio a
muitos povos da região. Não faria sentido, portanto, o
escândalo com tal coisa. Sha'ul também não poderia estar
se referindo à kipá, por mais que essa última seja de
origem pagã, pois esse costume [da Kipá] não existia
naqueles tempos, conforme será abordado mais adiante; e
isto daria sustento ao "sim"! E por isto, a passagem é
abrangente; incluído qualquer coisa que venha a cobrir a
gloria do homem... I Co 11:7.
Para entender Sha'ul, é simples:
Basta relembrarmos o que a Bíblia diz acerca desse ato.
Como vimos, os homens encobriam suas cabeças em sinal de
luto, vergonha ou humilhação. Seria, portanto, um grande
choque para qualquer israelita da época ver homens
orando com as cabeças encobertas. Imediatamente, um
israelita pensaria que aquela congregação estava
clamando por ter cometido um grande pecado, ou estaria
entristecida com algo que lhe ocorrera. Vale relembrar
que os israelitas dos tempos bíblicos costumavam
compreender que se uma catástrofe havia lhes afligido
era em razão de terem dado brecha por razão do pecado.
Corinto
tinha um alto número de convertidos não israelitas de
origem, e certamente tais pessoas teriam estado
habituadas ao costume romano do capite
velato.
Além de ser interpretado como um ato de humilhação,
ainda poderia ser confundido com o costume das mulheres,
que usavam véu regularmente nos serviços religiosos.
Observando esse contexto, fica fácil compreender o que
Sha'ul queria dizer: Um homem cobrindo a cabeça, podia
se assemelhar às mulheres; quebrando a hierarquia da
criação!
A
conclusão da instrução de Sha'ul é exatamente a mesma
que alguém teria ao ler o Tanach (a Aliança): Não se
deve cobrir/ocultar
a cabeça, exceto
quando se está humilhado/entristecido. Isso inclui,
como vimos acima, o uso do Talit para cobrir a cabeça
para fazer orações que, como visto, é muito posterior
aos tempos bíblicos, e pode até mesmo ter sua origem no
costume pagão de Roma.
Se formos
voltar às práticas bíblicas, o cobrir a cabeça (que
poderia, neste caso, ser com o Talit), caberia em um
momento de jejum ou arrependimento de pecado, numa
liturgia lamuriosa como no Yom Kipur (Dia
da Expiação),
ao orar por razão de uma tragédia, em momento de luto,
enfim, algo dentro desse contexto, e não numa prática de
oração e/ou cânticos de louvor ao ETERNO, convencionais,
do dia-a-dia.
Mesmo
assim, é importante que você compreenda que esse era um
costume bíblico, e não uma obrigação! A Bíblia
jamais instrui que alguém que esteja se sentido
humilhado, triste ou envergonhado é obrigado a cobrir-se
com um manto. Tal prática, sendo assim, é totalmente
opcional e fora da Lei do CRIADOR. Imagine
se a pratica cultural, narrada nas Escrituras, de rasgar
as roupas e jogar terras sobre si, fossem doutrinas
bíblicas!!!
IV - A Literatura Judaica e a
Evolução do Costume
E o que revela a literatura judaica
sobre a questão do cobrir a cabeça? Abaixo, uma
investigação detalhada da Mishná e do Talmud.
a. Na Mishná: Costume Cultural
Unissex
Na Mishná,
que foi compilada no século 2 d.Y, não há qualquer
registro de cobertura de cabeça para o povo com
fins religiosos.
Pelo contrário, a Mishná faz relatos de tais coisas como
se fossem unicamente objetos de vestimenta comum. Aliás,
vestimenta essa que era utilizada por homens e mulheres,
indiscriminadamente: "As franjas de um lençol, um
cachecol, um xale de cabeça, um chapéu de feltro… as
franjas de uma capa grossa, um véu, uma camisa, ou uma
capa… as franjas de um xale de cabeça de uma mulher
idosa, ou os xales de rosto dos árabes, as vestes de
pelo de bode dos cilícios, ou de um cinto de dinheiro,
ou de um turbante ou de uma cortina são considerados
conectivos independente-mente de seu comprimento" (m.
Kelim 29:1). Isso confirma a nossa observação de que,
pelo menos até o século 2 d.Y (e portanto igualmente nos
tempos de Yaohu'shua), não
havia entre o povo sequer o conhecimento do uso de
cobertura de cabeça para fins religiosos,
nem mesmo entre os p'rushim (fariseus).
b. Costume Cultural, e Não
Unânime
Praticamente
não há menção no Talmud, que foi compilado entre os
séculos 3 e 6 d.Y, do hábito de cobrir a cabeça, que não
seja apenas um hábito cultural. O Talmud chega a
relatar, por exemplo, que os homens cobriam ou não a
cabeça, culturalmente: "Os homens às vezes cobrem suas
cabeças, às vezes não; mas o cabelo das mulheres está
sempre coberto, e as crianças estão sempre com a cabeça
descoberta" (b. Nedarim 30b).
O hábito de usar turbantes ou xales
enrolados sobre a cabeça era tão comum, que o Talmud
chega a questionar se o contato deles com coisas tidas
pelos p'rushim (fariseus) como sagradas seria um
problema. Abaixo há dois exemplos disso:
"Um [Baraita] ensinou: Um homem
pode atar tefilin usando seu aparkesut [uma cobertura de
cabeça que ia até o corpo] junto com seu dinheiro,
enquanto outro ensina: Ele não deve amarrá-los!" (b.
Berachot 23b).
"Eles são confiáveis [apenas]
acerca de pequenos vasos de barro para coisas sagradas…
mesmo se a cobertura de cabeça [do oleiro] cair neles".
(b. Chaguigá 26a)
Uma situação curiosa é o apelido de
um dos sábios do Talmud, que é chamado de “cabeça
careca”, o que é mais um indício de que o hábito de
cobrir a cabeça não era unânime na época: "Não foi
ensinado: Ben Azzai diz: Todos os sábios de Ysrael são,
em comparação comigo, finos como a casca do alho, exceto
pelo cabeça careca?" (b. Bechorot
58a).
c. Em alguns casos: Hábito para
Casados
Outro
hábito cultural citado pelo Talmud era o de que homens
casados andassem com uma espécie de sudário (conforme o
rabino Dr. I. Epstein, editor da edição Soncino do
Talmud, explica em nota de rodapé para b. Kidushin 29b).
Ou seja, um pano que era amarrado à cabeça,
provavelmente semelhante a algum tipo de turbante. Mesmo
esse hábito entre homens casados sequer era unânime,
conforme o próprio Talmud deixa claro. Vejamos as
citações: "R. Hisda louvou R. Hamnuna perante R. Huna
como um grande homem. Ele lhe disse: 'Quando ele te
visitar, traga-o a mim.' Quando ele chegou, ele viu que
ele não usava cobertura [de cabeça]. Por que você não
está usando cobertura de cabeça?' - perguntou ele.
'Porque eu não sou casado', foi a resposta". (b. Kidushin
29b). 'Rabina
se sentava perante R. Jeremiah de Difti quando um certo
homem passou sem usar sua cobertura de cabeça. Que
despudorado aquele homem! - ele exclamou. Ele lhe disse:
Talvez ele seja da cidade de Mehasia, onde os acadêmicos
são muito comuns'" (b.
Kidushin 33a).
Percebe-se ainda, pelo relato
acima, que o uso era apenas uma questão de pudor,
provavelmente influenciada por alguma cultura adjacente,
uma vez que nem a Bíblia, nem mesmo a Mishná, mencionam
esse hábito em meio ao povo de Israel. E, como pode ser
visto, a revolta de R. Jeremiah, e o comentário de
Rabina, indicam que o hábito não era comum a todo o
povo.
d. O Costume do Luto
O Talmud
também reconhece o hábito, mencionado na Bíblia, de se
cobrir a cabeça (como quem se cobre com um manto) em
caso de luto, e faz menção ao mesmo costume: "Raba
disse: Um pranteador pode andar em sua cobertura
[rasgada] dentro de casa [no Shabat]. Abaye encontrou R.
Joseph entrando e saindo de sua casa, com sua cabeça
coberta com um pano [no Shabat.]". (b.
Mo'ed Katan 24a).
“Quando o
Templo foi destruído, acadêmicos e nobres se
envergonharam e cobriram suas cabeças". (b. Sotá 49a).
"E Mordechai retornou
ao portão do rei. R. Sheshet disse: Isto indica que ele
retornou ao seu pano de saco e jejum. E Haman se
apressou para sua casa, pranteando e cobrindo sua
cabeça; pranteando por sua filha, e com sua cabeça
coberta em razão do que lhe acontecera." (b. Meguilá 16a).
Conforme já visto, o costume de
cobrir a cabeça (como quem se cobre com um manto) era
também um elemento cultural, extensível a outros povos
do oriente médio.
e. Seriam os Cohanim a
fonte?
O
Talmud traz algumas discussões e relatos sobre a
cobertura de cabeça dos cohanim (sacerdotes), porém são
unicamente relatos descritivos, sem nenhuma colocação de
que o hábito deveria ser estendido ao povo, ou mesmo a
rabinos. Enfim, nada que sirva para elucidar o tema em
voga.
Mas, e quanto a outras menções de
cobertura de cabeça para fins religiosos? Existem apenas
quatro citações de cobertura de cabeça, com finalidade
religioso. "Duas delas, referem-se a um mesmo caso, o de
R. Huna, que viveu no século 3 d.Y, é o primeiro
personagem que aparece no Talmud como sendo alguém que
cobria a cabeça regularmente, por motivos religiosos. R.
Huna Ben R. Joshua não andava quatro cúbitos com a
cabeça descoberta, dizendo: A Shechiná está sobre a
minha cabeça." (b. Kidushin 31a). R.
Huna esperava, inclusive, uma recompensa celestial para
esse fato: “R. Huna Ben R. Joshua disse: Que eu possa
ser recompensado por nunca andar quatro cúbitos com a
cabeça descoberta." (b. Shabat
118b). Só que existe um detalhe importante sobre
R. Huna. Ele era um Cohen (sacerdote), conforme o
próprio Talmud afirma em b. Arachin 23a.
Considerando que nenhum outro
acadêmico do Talmud aparece defendendo cobertura da
cabeça por razões religiosas, não é difícil perceber que
R. Huna se sentia obrigado a cobrir sua cabeça por ser
um cohen (sacerdote). A Tanak determinava, conforme
vimos, que os cohanim (sacerdotes) usassem turbantes de
linho. Todavia, a recomendação era unicamente para o
serviço no Mikdash (Santuário), e não algo para o
dia-a-dia. Provavelmente, R. Huna levou essa
recomendação ao extremo.
f. A Influência Pagã é Admitida
As outras duas citações do Talmud
que mencionam uso religioso de cobertura de cabeça não
são muito animadoras. A primeira delas se encontra em b.
Shabat 156a. É importante que o leitor compreenda que
este folio do Talmud se inicia debatendo o costume pagão
de atribuir o destino aos astros. Depois de algumas
discussões sobre isso, o Talmud narra: "De R. Nachman b.
Isaac também [aprendemos que] Israel está livre de
influência planetária. Pois a mãe de R. Nachman b. Isaac
foi alertada por astrólogos: Seu filho será um ladrão.
[Então] ela não o deixava [ficar] com a cabeça
descoberta, dizendo-lhe: 'Cobre tua cabeça para que o
temor dos céus esteja sobre ti, e ora [por
misericórdia]'. Agora, ele não sabia o porquê ela dizia
isso a ele. Um dia ele estava sentando e estudando sob
uma palmeira; a tentação o sobrepujou e ele subiu e
mordeu um cacho com seus dentes" (b.
Shabat 156b).
Vê-se aqui a influência da
astrologia em meio ao povo. Essa influência está
presente na Cabalá judaica, advinda do paganismo.
Perceba que, ao ser alertada por astrólogos, a mãe do
rabino Nachman, por ato de superstição, cobre a cabeça
de seu filho, tentando assim protegê-lo da influência
dos astros. Essa é exatamente a razão pela qual os
babilônios, que viviam em constante temor da influência
dos seus deuses-astros, cobriam suas cabeças! E
justamente aqui, vê-se que quando sua cobertura de
cabeça caiu, ele então foi vencido pela “influência dos
astros” - algo que é completamente estranho às
Escrituras, mas que está profundamente arraigado na
cultura babilônia.
A outra praticamente chega a
admitir o sincretismo religioso: "Trazei as vestimentas
para os adoradores de Ba'al. O que é meltaha? R. Abba b.
Jacob disse em nome de R. Johanan: Algo que é delineado
fino pela unha (ie. linho fino). Quando R. Dimi veio,
ele disse em nome de R. Johanan: Bonias Ben Nonias
enviou ao Rabi um sibni e um homes e salsela e malmela.
O sibni e homes [dobravam] ao tamanho de uma noz e meia,
e a salsela e a malmela ao tamanho de uma noz de
pistache e meia. O que é malmela? Algo que a unha mede
como fino.” (b. Guitin 59a).
Aqui o Talmud menciona que um
rabino recebeu de presente de uma pessoa uma vestimenta
de um adorador de Ba'al! O mais interessante é o
comentário do rabino Dr. I. Epstein, que aparece ao
rodapé desse texto na edição Soncino: “Coberturas de
cabeça feitas de linho. [O Aruch lê: subni e homes subni.
Para subni cf.grego (sabanum) uma “cobertura de cabeça”;
homes é derivado do grego (metade). Segundo essa
leitura, ele lhe enviou um sabanum de tamanho cheio, e
um sabanum de metade do tamanho. V. Krauss, TA I, p.
521.]”.
Veja que interessante: O texto fala
de cobertura de cabeça, e usa o termo “homes.” Esse
termo vem do grego “hemi”, que significa literalmente
“metade”, e é usada em termos como “hemisfério.” Porém,
a aplica à cobertura de cabeça, além de associá-la aos
adoradores de Ba'al, ou seja, a sacerdotes pagãos. Isso
se encaixa totalmente com a descrição da cobertura de
cabeça associada aos deuses gregos, que, como visto
anteriormente, tem exatamente o mesmo formato da kipá,
isto é, um formato de um hemisfério, ou seja, de metade
de uma esfera!
Você, atento, perceberá que até o
momento, não havia nenhuma menção nem no Talmud nem na
Mishná sobre qualquer tipo de cobertura de cabeça
semelhante à kipá. A única que existe, e que se pode
deduzir uma semelhança estética com a kipá, é indicada
pelo Talmud como pertinente a sacerdotes pagãos!
O costume de cobrir a cabeça de
forma litúrgica, especialmente com uma kipá, só começou
a se expandir pelo Judaísmo por volta do final do século
7 ou início do século 8, mesma época que marcou a
expansão da Cabalá, cuja origem, como vimos, também
remonta aos mistérios de Mitra. A importação do costume
da kipá a partir do paganismo é admitida abertamente
pelos p'rushim (fariseus). O rabino ortodoxo Rudolph
Brash, em sua obra “The Star of David”, afirma: "O
paradoxo reside no fato de que essa prática (de cobrir a
cabeça), considerada fundamentalmente judaica e santa
pela tradição antiga, na realidade é pagã, e em termos
de cronologia judaica, é comparativamente moderna. A
verdade é que a prática de cobrir a cabeça foi copiada
do seu ambiente pelos judeus babilônios. Esses judeus
babilônios levaram o seu costume para os litorais da
Espanha no século 8 d.Y, quando ele se tornou firmemente
estabelecido. Contudo, ao mesmo tempo em outros cantos
da Europa, era desconhecido. A história registra que, na
mesma época, jovens [judeus] alemães eram chamados para
a leitura da Tanak com a cabeça descoberta. A cobertura
da cabeça, apesar de naquele momento ser praticada na
Espanha e em Portugal, não tinha tomado raiz no leste ou
norte da Europa.
Um famoso rabino do século
dezesseis, o rabino Moses Isserles, cuja obra está
inclusa no livro 'O Código da Lei Judaica - o Shulchan
Aruch', ensinava que 'a cobertura da cabeça não poderia
ser considerada um princípio religioso.' Ainda mais
recentemente, no século dezoito, a eminente autoridade
judaica, rabino Eliyah Gaon de Vilna, afirmava: 'De
acordo com a Lei Judaica, é permitido entrar numa
sinagoga sem cobrir a cabeça”.
De fato, a história confirma que os
primeiros a adotarem o costume da kipá, no século 8,
foram os judeus sefaradim, na Península Ibérica. Na
época, o costume era completamente estranho à prática
dos judeus ashkenazim, que continuavam a rezar com suas
cabeças descobertas. Pouco a pouco, o costume foi
ganhando força no meio judaico, até se tornar bastante
presente em todas as comunidades. Contanto, o costume só
ganhou status definitivo de obrigatoriedade religiosa
com o Shulchan Aruch, no século 16, quando, baseado na
prática que vimos de R. Huna no Talmud, afirmou que um
homem não pode andar mais do que quatro cúbitos com a
cabeça descoberta (Orach Chayim 2:6.).
V - Onde está a verdadeira
identidade?
É
no mínimo bastante curioso observar que até mesmo em
congre-gações de seguidores de Yaohu'shua que restauram
as raízes da Palavra do CRIADOR da fé, obriga-se os
homens a fazerem uso da kipá, algo que não só apenas se
tornou obrigatório no meio judaico a partir do século
16, como ainda é de origem pagã.
Essa obrigação é anacrônica (nenhum
judeu do primeiro século usava tal coisa), abominável
(por ter sua origem na prática babilônia), além de ser
uma exigência que a Palavra do CRIADOR jamais impôs a
ninguém. É triste também observar que muitos usam a kipá,
considerando-a um símbolo de judaicidade - embora não
seja, pois outros grupos religiosos com costumes que
também derivam do Mitraísmo também façam uso dela, tal
qual os padres romanos, e os zoroastristas.
Se algo caracteriza os judaicos ortodoxos é o uso das
franjas (tzit-tzits) em sob seus trajes...
VI - E agora, o que fazer?
Talvez alguns leitores,
após tomarem contato com este estudo, sintam-se em
situação delicada, por terem que ir a um local que exija
que a cabeça esteja coberta. Se alguém, por exemplo, for
convidado a assistir a um casamento judaico ou a falar
sobre Yaohu'shua e/ou sobre a Tanak em uma sinagoga que
tenha esse hábito. O que fazer, nesse caso? É importante
que o leitor compreenda que, embora a kipá e o hábito de
cobrir a cabeça por “temor aos céus” sejam de origem
pagã, as Escrituras não são contra o uso de chapéus e
outros adornos de cabeça; mas não por razões
espirituais.
Sendo assim, a
recomendação que se dá é a de que a pessoa opte então
por algum outro tipo de adorno de cabeça, tal como um
chapéu convencional, uma boina ou boné, enfim, algo que
seja destituído de significação religiosa. Normalmente,
esse tipo de cobertura de cabeça é aceito mesmo entre os
ortodoxos e suas sinagogas; se bem que um
verdadeiro servidor de Yaohu'shua não deve adentrar em
locais onde se pratica o paganismo, ou práticas
derivadas dele e muito menos para participar de rituais
dessa espécie. Portanto, em
sua prática pessoal, ou em sua comunidade, o discípulo
de Yaohu'shua, não deve utilizar cobertura de cabeça,
nem cobrir sua cabeça com Talit.
VII - Conclusões
Abaixo, um resumo
do que abordamos:
-
A kipá, ou Solidéu, não é um
símbolo judaico, mas tem sido usada por vários
grupos étnicos de diversas religiões pagãs.
-
A kipá, ou Solidéu, não se
originou em meio a Israel, e sim na cobertura das
tonsuras, na região da Mesopotâmia, em conexão à
adoração ao deus-sol [Rá, no Egito].
-
A kipá, ou Solidéu, foi
importada por diversas religiões, a partir de seu
contato com a cultura babilônia, especialmente com
os mistérios do Mitraísmo.
-
Nos tempos bíblicos, os
israelitas comuns não tinham por hábito cobrir a
cabeça para fins religiosos.
-
A cobertura de cabeça que
aparece nas Escrituras era fundamentalmente um
turbante.
-
o CRIADOR ordenou que os
cohanim (sacerdotes) usassem turbantes de linho
simplesmente porque isso indicava status social na
região do Oriente Médio, e com isso o povo os
identificaria como líderes escolhidos. Não há, nas
Escrituras, a idéia de que tal coisa significasse
“temor dos céus.”
-
Nem Yaohu'shua, nem seus
seguidores, usavam kipá ou qualquer cobertura de
cabeça para fins religiosos. Essa prática só surge
no Judaísmo entre os séculos 3 e 6 d.Y.
-
A prática só tomou volume no
final do século 7, ou início do século 8, entre os
judeus sefaradim. Ainda assim, a prática era
desconhecida pelos ashkenazim.
-
A Bíblia ressalta que o cobrir
a cabeça com um manto era sinal de vergonha,
humilhação ou tristeza.
-
O costume de cobrir-se com o
Talit (especialmente no caso do chazan) para orações
convencionais vai contra o costume bíblico, e era
desconhecido no Judaísmo antigo e na Palavra do
CRIADOR. Esse costume pode ter se originado no
costume romano, pois é a marca do antigo sacerdócio
romano.
-
Pelas razões acima citadas,
além de não se usar kipá, deve-se também evitar
cobrir a cabeça com talit.
"Todo o homem que ora ou
profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria
cabeça" [I Co 11:4]
O
Que a Bíblia Diz Sobre o Uso de Barba?
"Não cortareis
o cabelo, arredondando os cantos da vossa
cabeça, nem desfigurareis os cantos da vossa
barba." Lv 19:27.
"Não farão
os sacerdotes calva na cabeça, e não raparão
os cantos da barba, nem farão lacerações na
sua carne."
Lv 21:5.
Muitos
irmãos (homens), tomando conhecimento da Verdade
acabam se voltando para Lv 19:27 e 21:5
(citados acima). A partir de então, não faz mais
a barba. Mas, num estudo bíblico minucioso,
podemos obter a correta compreensão bíblica
sobre o tema.
1. Não é
esse, porém, o ensino das Escrituras. Pode-se
usar barba, por opção pessoal ou outro motivo,
porém não porque a bíblia ordene. Há muitas
teólogos que não tinham barba, além de exemplos
bíblicos como o de Yao'saf.
Gn
41:14: "Então Faraó mandou chamar a
Yao'saf, e o fizeram sair apressadamente da
masmorra. Ele se barbeou, mudou de
roupa e apresentou-se a Faraó."
2. Outra evidência de que o
uso da barba não é uma exigência divina para os
homens dentre Seu povo é o fato de que no
próprio livro de Levítico o Criador recomenda
que a barba seja raspada em alguns casos por
razões de saúde:
Lv
13:29: "E
quando homem (ou mulher) tiver praga na
cabeça ou na barba, o sacerdote
examinará a praga, e se ela parecer mais
profunda que a pele, e nela houver pêlo fino
amarelo, o sacerdote o declarará imundo; é
tinha, é lepra da cabeça ou da barba.
Lv
14:1-3, 8-9: "Depois
disse o Senhor a Moisés: Esta será a lei do
leproso no dia da sua purificação: será
levado ao sacerdote, e
este sairá para fora do arraial, e o
examinará; se a praga do leproso tiver
sarado... ...Aquele
que se há de purificar lavará
as suas vestes, rapará todo o seu pêlo e
se lavará em água; assim será limpo.
Depois entrará no arraial, mas ficará fora
da sua tenda por sete dias. Ao sétimo dia rapará
todo o seu pêlo, tanto a cabeça como a barba
e as sobrancelhas, sim, rapará todo o pêlo;
também lavará as suas vestes, e banhará o
seu corpo em água; assim será limpo."
3. A
purificação dos levitas ordenada pelo Criador a
Mehu'shua incluiu a retirada da barba e de todos
os pêlos do corpo:
Nm 8:5-7:
"Disse mais o Criador a Mehu'shua: Toma os
levitas do meio dos filhos de Israel, e purifica-os; e
assim lhes farás, para os purificar:
esparge sobre eles a água da purificação; e
eles farão passar a navalha sobre todo o
seu corpo, e lavarão os seus vestidos,
e se purificarão.
4. Mas o
argumento mais importante é que o contexto de Lv
19:27 inclui o versículo 28 e o
contexto de Lv 21:5 inclui os versos de 1 a 6.
Assim, através de uma leitura contextualizada,
percebe-se que a ordem levítica visava a coibir
costumes pagãos praticados por ocasião da morte
de alguém próximo. Veja:
Lv
19:27-28: "Não cortareis
o cabelo, arredondando os cantos da
vossa cabeça, nem desfigu-rareis os
cantos da vossa barba. Não
fareis lacerações na vossa carne pelos
mortos; nem no vosso corpo
imprimireis qualquer marca. Eu sou o
Criador."
Lv 21:1-6: "Depois
disse o Criador a Mehu'shua: Fala aos
sacerdotes, filhos de Aaron, e dize-lhes: O
sacerdote não se contaminará por causa
dum morto entre o seu povo, salvo
por um seu parente mais chegado: por sua
mãe ou por seu pai, por seu filho ou por sua
filha, por seu irmão, ou por sua irmã
virgem, que lhe é chegada, que ainda não tem
marido; por ela também pode contaminar-se. O
sacerdote,
sendo homem principal entre o seu povo, não
se profanará, assim contaminando-se. Não
farão os sacerdotes calva na cabeça,
e não raparão os cantos da barba, nem
farão lacerações na sua carne. Santos
serão para seu UL'HIM, e não profanarão o
nome do seu UL'HIM; porque oferecem as
ofertas queimadas do Criador, que são o pão
do seu UL'HIM; portanto serão santos."
5.
HIGIENE: I Sm 1924-25Mephibosheth,
neto de Sha’ul, saiu de Yah’shua-oleym para
ir encontrar-se com o rei. Não tinha lavado
os pés, nem a roupa que vestia,
nem feito a barba,
desde o dia em que o monarca deixara
Yah’shua-oleym. Porque é que não vieste
comigo, Mephibosheth, perguntou-lhe o rei.
Viyaokró 14
A purificação da
lepra
1-2O Criador
deu a Meru’shua as seguintes regulamentações
referentes a uma pessoa cuja lepra
desa-parece: 3-7O
sacerdote sairá do acampamento para
examiná-lo. Se chegar à conclusão de que a
lepra se foi, deverá requerer dois pássaros
vivos de uma espécie que seja permitida
comer, e ainda um pedaço de madeira de
cedro, um fio carmesim e alguns ramos de
hissope, para serem usados nessa cerimônia
de purificação de alguém que foi curado. O
sacerdote mandará que uma das aves seja
morta dentro de um recipiente de barro, mas
sob água a correr. O outro pássaro que ficou
vivo será molhado no sangue que está no
vaso, juntamente com a madeira de cedro, o
fio de escarlate e os ramos de hissope.
Depois o sacerdote espargirá o sangue sete
vezes sobre a pessoa curada de lepra e
declará-la-á limpa, soltando a ave viva para
que voe livremente sobre os campos. 8-9Em
seguida a pessoa curada deverá lavar a sua
roupa, rapar todo o pelo do corpo,
lavar-se para ser limpo, e só depois voltar
vivendo no interior do acampamento. Contudo,
mesmo assim ainda deverá permanecer durante
sete dias fora da sua tenda. Ao sétimo dia
rapará todo o cabelo da cabeça, da barba,
das sobrancelhas, lavar a sua roupa,
lavar-se a si próprio, e só então será
declarado inteiramente limpo da sua lepra.
Portanto, o homem foi criado com barba e
se a usar, usará porque é característica
física; não por exigência espiritual (nem
mesmo para um sacerdote)! E, quando a usar,
deverá usá-la higienicamente, devidamente
aparada!
AMNAO!
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