CUIDADO!!! A Bíblia
Hebraica do Antigo Testamento [TANAKH], em português, vendida pela
editora judaica SÊFER, cujos autores são David Gorodovits e Jairo
Fridlin, tem alterações textuais que impedem a percepção de
Yaohushua como sendo o Messias.
Isaías/Yahshua’yaohuh
53 e os Rabinos de Yaoshor’ul: A interpretação rabínica
moderna dos dias de hoje fala que Is 53 refere se a
Yaoshor’ul (Israel), mas isto não é o que os rabinos antigos
pensavam, pois os mesmos interpretavam Is 53 como sendo
messiânico.
Mas, observe estas citações
rabínicas (judaicas):
O Rabino Moses Alschech (1508-1600)
diz: Nossos sábios rabinos com uma só voz aceitam e
afirmam em comum opinião que o profeta discursa sobre o
Messias, e nós devemos aderir ao mesmo ponto de vista.
Abravanel (1437-1508) disse:
Esta é também a opinião de nossos próprios homens instruídos
na maioria de seus "Midrashim" (discursos rabínicos).
Rabino Yafet Ben Ali (segunda
metade do 10º século): Quanto a mim, eu vou considerá-lo
como aludindo ao Messias.
Abraham Farissol (1451 - 1526) diz:
Neste capítulo parece haver umas semelhanças e umas
alusões consideráveis ao ministério do Messias "cristão" e
aos eventos que são aplicados para ter acontecido com ele,
de modo que nenhuma outra profecia deva ser encontrada o
aplica tão bem e o assunto de que pode assim imediatamente
lhe ser conferido.
Targum Yonathan (4º século) dá a
seguinte introdução em Is 52:13: Eis, meu servo, o
Messias.
Gersonides (1288-1344) em Dt 18:18:
"De fato o Messias é tal profeta, pois se indica no Midrash
no verso, "Eis, meu Servo…" (Is 52:13)."
Midrash Tanchuma: "Foi exaltado
acima de Abraham, exaltado acima de Moshe, e ainda mais
exaltado do que os Arcanjos" (Is 52: 13).
Yalkut Schimeon (atribuído ao Rabbi
Simeon Kara, ao 12º século) diz:"Em Zc 4:7 - (o rei Messias)
é maior que os patriarcas, porque é dito, "Eis que o meu
servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e
mui sublime”. (Is 52:13)."
Maimônides (1135-12O4) escreveu ao
Rabbi Jacob Alfajumi: "Do mesmo modo esta em
Isaías/Yahshua’yaohuh que (o Messias) apareceria sem
reconhecer um pai ou uma mãe" ...Pois foi crescendo como
renovo perante ele, e como raiz que sai duma terra seca (Is
53:2)".
Tanchuma - O Rabino Nachman diz:
A Palavra HOMEM na passagem é um homem que seja cabeça da
casa de seu pai.
(Nm 1:4), alude ao Messias, o filho
de David, porque está escrito, "Eis o homem cujo nome é
Tzemach (renovo)". Onde no Targun Yonathan interpreta, "Eis
o homem, o Messias" (Zc 6:12); e assim é dito: homem
de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de
quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não
fizemos dele caso algum (Is 53: 3)".
Talmud Sanhedrin (98b): "Messias…
qual é seu nome? Os Rabinos dizem, "leproso"; aquele
da casa de David, objeto deste estudo. (Rabino Yehuda
Hanassi, o autor do Mishná, 135-200): ...seus alunos
disseram que o nome do Messias é "Cholaja" (o enfermo),
porque diz; "certamente carregou nossas enfermidades..."
(Is 53,4)".
Pesiqta Rabbati (ca. 845) sobre Is
61,10: Os "mundo dos Patriarcas", um dia no mês de Nisan,
levantaram e dirão (ao Messias): 'Efraim, nosso Justo
Ungido, embora nós sejamos seus avós, contudo você é maior
do que nós, porque você carregou os pecados de nossos
filhos, porque diz: ‘Verdadeiramente ele tomou sobre si
as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e
nós o reputávamos por aflito, ferido do ETERNO, e oprimido’
‘Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e
esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos
traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados’ (Is 53, 4-5).
Rabino Shmeon Ben Yochai (2°
Século), Zohar; parte II página 212ª e III página 218ª,
Amsterdã Ed.): Há no jardim de Éden um palácio chamado: 'O
palácio dos filhos da enfermidade, este é palácio que o
Messias entra, e chama sobre si cada doença, cada dor, e
cada castigo de Yaoshor’ul: então todos vêm e caem sobre
Ele. E assim tirou o peso de Yaoshor’ul, e os levou sobre si
mesmo. Não havia nenhum homem capaz de carregar a punição de
Yaoshor’ul por causa da transgressão da lei; este é aquele
do que é escrito, verdadeiramente Ele tomou sobre si (Is
53:4). Enquanto lhe dizem (o Messias) da miséria de
Yaoshor’ul em seu cativeiro, e daqueles infiéis entre eles
que não atenderam em conhecer seu Criador, Ele (o Criador
deles, o Messias) levanta sua voz e chora para pelas
iniquidades e infidelidades deles; e assim escreve-se, "ele
foi ferido por causa de nossas transgressões" (Is 53:5).
Midrash (em Ruth 2:14): É discurso do rei Messias – ‘venha
em direção’, isto é próximo ao trono; "coma do pão", isto é
o pão do Reino. 'Isto alude a (pão da) aflição, enquanto é
dito, "mas [ele] foi ferido por causa de nossas
transgressões, afligido por causa nossos iniquidades"
(Is 53:5).
Disse o Rabino Elias de Vidas
(Século 16): "O significado de ‘foi ferido por causa de
nossas transgressões, afligido por causa de nossas
iniquidades’ é, desde que o Messias carregará nossas
iniquidades que produzem suas aflições, consequentemente
aqueles que não admitem que o Messias sofra por nossas
iniquidades, então devem eles mesmos sofrer pelas delas".
O Rabino Jose Galileu disse: vem
aprender os méritos do Rei Messias e a recompensa do justo -
Considere quantas mortes levou sobre si, de sua própria
geração, e sobre daquelas que os seguiram, até o fim de
todas as gerações. Qual atributo é maior, o atributo da
bondade, ou o atributo da vingança? Respondeu, 'o atributo
da bondade é maior, e o atributo da vingança é menor',
'quanto mais então, o Rei Messias, que resiste às aflições e
às dores por causa de nossas transgressões (pois se escreve,
'foi ferido...), justificam todas as gerações. Este é o
significado da palavra, mas o ETERNO fez cair sobre ele a
iniquidade de todos nós. (Is 53:6)".
O
Rabino Eleazer Kalir (Século 9) escreveu a seguinte oração
de Musaf
(do sidur): "Nosso Messias o justo partiu de nós. O Horror
apreendeu-nos e nós não temos ninguém para justificar-nos.
Carregou nossas transgressões e culpa de nossas iniquidades,
e foi ferido por causa de nossas transgressões. Suportou
nossos pecados em cima de seus ombros para que nós possamos
encontrar o perdão para nossas iniquidades. Nós seremos
curados por suas feridas, quando o ETERNO o recriar em uma
nova criatura. E trazê-lo ao círculo da terra, levantá-lo de
Seir,
para que nós possamos o ouvir pela segunda vez".
Rabino Moshé, "o Pregador" (sec 11)
escreveu em seu comentário sobre
Gênesis/Bereshit
(pág 660): No principio o ETERNO fez uma aliança com o
Messias e disse à ele: 'meu Messias, o Justo, aqueles que
confiarem em você, seus pecados, trarão sobre você um fardo
muito pesado pra você suportar, e Ele (o messias )
respondeu: 'eu aceito contente todas estas agonias em ordem
que nenhum só de Yaoshor’ul seja perdido. 'Imediatamente, o
Messias aceitou todas as agonias com amor, como se escreve:
'foi oprimido e aflito'.
Pesiqta (sobre Is 61:10): Grandes
opressões foram colocadas em cima de Você, como diz: Pela
opressão e pelo juízo foi levado e quem dentre os da sua
geração considerou que ele fora cortado da terra dos
viventes, ferido por causa da transgressão do meu povo? (Is
53:8), como ele dizem: mas ETERNO fez cair sobre ele a
iniquidade de todos nós.'(Is 53:6)".
Hinei Tzemach ShmôEis que se
chamará Renovo - Zc 6:11-12.
Rabi Joshua ben Levi diz: o nome do
Mashiach é Tzemach… Talmud Brachot Cap. 2 Halachá 4. No
Midrash Mishlei, o Rabino Huna fala dos "sete" nomes do
Messias, tirado também de Is 9:5.
Rebbe Rabi Menachem Mendel
Schneerson: É preciso lhes dizer que a verdadeira e perfeita
Redenção depende inteiramente de nós; pois se nós, judeus,
voltarmos ao ETERNO com um sincero arrependimento, seremos
imediatamente redimidos pelo nosso justo Mashiach (Messias).
Bíblia Hebraica
da Editora Sefer & Toráh
O problema reside no fato de que,
como foi visto na questão das Haftarôt, há na estrutura do
judaísmo posterior ao Segundo Templo, uma tendência a
“ajustes” de ordem teológica na
própria religião, de forma não haver lacunas para uma
possível compreensão ou associação de Yaohushua como uma figura
messiânica. Para prevenir possíveis
“distorções”, apela-se para todo
tipo de adaptação textual, para que se alcance este
objetivo. Objetivo este alcançado na Toráh disponível em
nossos dias e seguido pela tradução hebraica da editora
Sefer, no Brasil!!!
Pensar-se-á em algumas passagens
bíblicas cuja tradução é conduzida de tal forma que levam o
leitor à conclusões previamente elaboradas, obviamente com
fins profiláticos, como uma forma de prevenir outros judeus
de perceberem a figura messiânica de Yaohushua nestes
possíveis textos.
Citar-se-ão alguns textos na versão
portuguesa da Bíblia Hebraica e será feita em seguida uma
análise exegética destes textos, percebendo possíveis
distorções ou interpolações doutrinais.
TEXTO 1:
Is 9:6, 7 (v.5-6 no texto hebraico) -
“Pois nasceu entre nós uma
criança, um filho (de Achaz, da dinastia de David) nos foi
dado. E sobre seus ombros estará a autoridade; por isso o
Maravilhoso Conselheiro, o Criador Todo-Poderoso e Pai
eterno, alcunhou-o (aHizikiáhu [Ezequias], o filho de
Ashaz) de Sar-Shalom
(‘Príncipe da Paz’)...”
Como já foi dito, as inferências
entre parênteses são em alguns casos elucidativas, mas em
outros, são ampliações do texto vinculando-os à uma tradição
interpretativa.
Neste texto a
“criança”, a priori não identificada
diretamente no texto, é associada ao filho do rei Acaz,
neste caso o Rei Ezequias. Não é necessário observar, que as
citações entre parênteses não constam no texto hebraico
original; são interpretações de ordem especulativa
(pessoal), não havendo clareza no texto sobre tal
possibilidade. Repentinamente, a
“criança” ou o “menino”, ‘cujo
poder está sobre seus ombros’, é nomeado de “Príncipe da
Paz” por um terceiro sujeito: “O ETERNO, Todo Poderoso e
Pai”.
Estranho, pois no texto hebraico
esta estrutura final está da seguinte
forma: Vaikrá [e chamar-se-á] sh’mô
[seu Nome] pélê [Maravilhoso] yoêts [Conselheiro] el-Gibor
[Criador Forte] Abiád [Pai para sempre] Sar-Shalom [Príncipe
da Paz].
Como pôde ser observado, na
tradução interlinear (transliterado) não há possibilidade
para outra tradução, não há a expressão
“por isso” usada pela Bíblia
Hebraica em português. Nem o artigo definido “o
conselheiro”, como se houvesse uma outra pessoa no texto.
Fica claro que todo os adjetivos usados no texto se aplicam
à “criança” (o Messias) que nasceria
e teria o poder sobre seus ombros. Há nitidamente
inferências artificiais no texto tendo em vista conduzir o
leitor a uma interpretação intencionada.
Veja ainda que o tradutor atribuiu
os adjetivos messiânicos para o
Eterno, obviamente para ofuscar a argumentação de séculos, de
que este texto refere-se a Yaohushua.
Veja como este texto está na ESN
– Escrituras Sagradas segundo o Nome [EUC – Edição
Unitariana Corrigida by CYC]: Porque um menino nos
nasceu; foi-nos dado um filho. Ser-lhe-á dada a
responsabilidade de governar. Estes serão seus títulos:
Maravilhoso, Conselheiro, UL Forte, UL’ABI para sempre,
Príncipe da Paz. Is 9:6 – ESN.
Enfim, o que o texto do profeta
deseja, é demonstrar o caráter representativo do Messias,
cuja função é revelar: o
“UL Forte”, “um PAI para sempre”; etc.
TEXTO 2:
IS 7:14 - “Eis pois
que o Eterno, Ele mesmo, vos dará um sinal: eis que a moça
grávida dará à luz um filho e o chamará Imanuel
(‘o Criador está
conosco’)”.
Hú [ele] lachêm [para vós] ôt [um
sinal] hinê [eis] haalmá [a jovem] hará [grávida]
veylédét [dará à luz] bên [um filho] v’karát
[e chamará] sh’mô [seu
nome] imanu-êl [êl conosco].
Quando um cristão lê este texto,
percebe logo a diferença em relação às versões cristãs, que
traduzem geralmente o verso como:
“... eis que a virgem dará
à luz um filho...”, ao invés de “... eis
que a jovem...”.
O problema reside na polêmica sobre a palavra hebraica
“almá” (traduzida pelas versões não judaicas como virgem).
O argumento judaico é que esta expressão não significa
“virgem”, mas “mulher jovem” ou “moça”. De fato, as
Escrituras Hebraicas possui
uma palavra específica para fazer referência a virgem,
o termo "betulá". Porém, é óbvio que o termo
“almá”, que apesar de significar
“moça” ou “menina jovem”, não descarta a hipótese de
virgindade.
No livro de Mateus/Matt'yaohuh
quando da narrativa do nascimento
de Yaohushua, vê-se claramente o uso do termo grego
“partenós” (virgem) para se
referir a Maria/Maoro'ehm. Isto não foi acidental, pois a
versão grega das Escrituras Hebraicas (que era muito popular
entre os judeus de Yaoshor’ul no I século) chamada de Septuaginta
(ou LXX), introduziu a expressão
“partenós” (virgem) para traduzir
“almá” do hebraico de Is 7:14. Provando assim, que os judeus
responsáveis por traduzirem as Escrituras do hebraico para o
grego já assimilavam doutrinas pagãs e as incutiram nas
Escrituras, uma vez que viam “claramente” o vínculo entre
almáh e “virgindade ”,
apesar de haver uma palavra hebraica específica para
“virgem”. Evidente que este não foi o pensamento do escritor
bíblico, uma vez que, como foi dito acima, no hebraico
existem palavras distintas e se o profeta assim desejasse
[expressar a “virgindade” da jovem], o teria feito mediante
o uso da palavra correta; provando assim que o RESULTADO [a
Septuaginta] foi tendencioso em mais este tópico.
Yaoshor’ul teve em sua trajetória
vários casos em que mulheres que não podiam dar a luz de
forma natural e conceberam por intervenção divina,
obviamente não eram virgens, mas eram estéreis, e o CRIADOR,
por Sua intervenção, as fez conceber (como Sara/Soro’ah) em
idade avançada). Há algum limite para o poder do
CRIADOR? Não seriam estes casos que vão desde
Sara/Soro’ah,
passando por Anna até Isabel/Oliza’bohay (parente de
Maria/Maoro'ehm),
sinais de uma concepção ainda mais milagrosa do que a que
ocorreria quando o Messias viesse ao mundo? Daí, o texto que
cumpriu-se no próprio Isaías/Yahshua’yaohuh, ser messiânico,
apontando que naquela concepção carnal entre
José/Yao'saf
e Maria/Maoro'ehm,
produziria o Messias (Hb 10:5), o Filho do ETERNO – o
Cordeiro que tiraria o pecado do mundo! Jo 3:16.
TEXTO 3:
Is 52:13 – 53:12.
Este é o texto mais adulterado da
versão portuguesa da Bíblia Hebraica [SEFER]. Far-se-á uma
análise de alguns trechos considerados de maior gravidade.
Este trecho é comumente conhecido, como se referindo ao
“servo sofredor”, associado
durante muitos anos no judaísmo à figura do Messias, como
bem demonstra alguns targumim
e trechos do Talmud. Houve uma mudança de ponto de vista
hermenêutico (interpretativo), na estrutura do judaísmo da
idade média, tendo em vista prevenir a associação da figura
de Yaohushua com este texto. Houve um consenso rabínico de
se procurar uma interpretação alternativa a Is 53, ao invés
de associá-lo ao Messias.
Is 52:13
que começa na Bíblia Hebraica em português como:
“Eis que há de prosperar Meu
servo (o povo de Yaoshor’ul)...” Deixa óbvia a
interpolação entre
parênteses e proposta de associação entre o
“servo” com o “povo de
Yaoshor’ul”, descaracterizando o caráter messiânico da
profecia. Estranho, para uma versão que se propõe manter
seus vínculos com a tradição, ignorar como o Targum Jonatas
(Yonatân) traduz o começo do
texto:
“Eis que o meu
servo o Messias (o Ungido), há de prosperar”.
Em Is 53:4 a Bíblia Hebraica
em português propõe a seguinte tradução:
“Na verdade, eram os nossos
sofrimentos (das nações) que (Yaoshor’ul) suportava, e as
dores que o oprimiam,
mas nós o considerávamos um ser aflito, golpeado e ferido
por Criador”.
Veja a diferença, na tradução interlinear (literal) no
quadro abaixo:
Achên [certamente] chalayênu
[nossas enfermidades] hú [ele] nassá [levou] umachovêinu [e
nossas dores] sevelêm [carregou] vaanáchnu [e nós] chasháv’nehú
[o julgamos] nagúa [golpeado] muké [ferido] ulhim [CRIADOR
ETERNO] umuné [e oprimido].
Não há, obviamente nem
“Israel” e nem as “nações” no
texto original. Mas, observe, que o “tradutor” colocou “...
as dores que o oprimiam...”.
Associando assim a “dor” à 3ª pessoa (ele), como se o texto
estivesse associando “as dores” ao sujeito descrito no
texto, que para a versão é “Israel”. Mas, no original não é
bem assim... O que se vê é o uso da expressão “umachôvêinu”
que está na 1ª pessoa do
plural (nós) como indica o sufixo
”einu”. O texto está dizendo
que
“Ele” (o servo sofredor – o
Messias) levará as “nossas dores”, ou seja as dores do povo
de Yaoshor’ul e não o contrário, como se Yaoshor’ul
carregasse em si suas próprias dores.
Portanto, como vimos anteriormente,
na tradição judaica, (anterior à idade-média) este era
interpretado como se referindo ao Messias, como descreve o
Talmud Sanhedrin (98b): "Messias… qual é seu nome? Os
Rabinos dizem, "leproso"; aquele da casa de David,
objeto deste estudo. (Rabino Yehuda Hanassi, o autor do
Mishná, 135-200): ...seus alunos disseram que o nome do
Messias é "Cholaja" (o enfermo), porque diz; "certamente
carregou nossas enfermidades..." (Is 53:4)".
Na ESN:
Contudo ele tomou verdadeiramente sobre si as nossas
enfermidades; e os nossos sofrimentos pesaram sobre ele.
Pensamos que era afligido, castigado por UL’HIM; humilhado!
Outro trecho sujeito a críticas é o
que se encontra no verso 8:
Com opressão e juízo iníquo foi
aprisionado; acaso alguém (das nações) argumentou para com
sua geração: ‘Ele (Israel) foi exilado da terra dos vivos
pela transgressão do meu povo, e por isso recebeu esse duro
golpe?’.
Ao analisar o trecho acima, o que
se vê é uma frase contraditória. Afinal, todo o tempo o
autor [diga-se tradutor] impõe um diálogo entre
“Israel” e as “nações”,
excluindo uma terceira pessoa, a figura do Messias.
Observe a tradução
interlinear-literal:
Ki (porque) nigzár (ele foi
cortado) meérets (da terra) chaim (dos vivos) mipêsha (da
rebelião) ami (do meu povo) nega (um golpe) lamô (recebeu)”
O que se vê é que a expressão
“ami” (meu povo) se refere
a ISRAEL, a única nação no mundo que é chamada nas
Escrituras Hebraicas de “meu
povo”. Então como pode o
mesmo Yaoshor’ul levar um golpe pelo “meu povo” (Israel).
Aqui, há um outro sujeito que recebeu um golpe pela rebelião
ou transgressão do povo de Yaoshor’ul... Isto é demonstrado
claramente pelo verbo “nigzár” (que “traduzido”, vai para a
3ª pessoa do singular, masculino – “cortado”) e o verbo
“lamô” (que também deve ficar na 3ª pessoa do singular,
masculino – “recebeu”). Lembrando, que não há a expressão
“exílio” (galút) no texto original. Fica claro que neste
caso há referência ao Messias (Ele - a 3ª pessoa do
singular) como redentor das
culpas de Yaoshor’ul.
Veja este texto, na ESN:
Após a
prisão e o julgamento levaram-no então para a morte. Mas,
afinal, quem de entre o povo, naquele dia, se deu conta de
que era pelos pecados deles que ia morrer, que estava
sofrendo o castigo que deviam eles ter suportado?
Is 53:10
- Este é outro trecho profundamente alterado, veja como se
segue a tradução feita pela Bíblia Hebraica em Português [SÊFER]:
“Contudo, aprouve ao Eterno oprimi-lo
para testar se sua alma
se oferecia como restituição, para que pudesse
ver prolongados os dias de sua semente, e sentir prosperar,
por seu intermédio, os desígnios do Eterno”.
Agora observe a tradução
interlinear- literal:
VeYHVH (e Adonai) chafêtz (agradou)
dakô (quebrantá-lo) hechelí (enfermá-lo) im-tassim (quando o
colocar) ashâm (como oferta pelo pecado) naf’shô
(a vida dele) yreê (verá) zéra (sua semente) yarích
(prolongará) yamim (os dias) vechfêts (e deleite) YHVH
(ADONAI) beyadô (pela mão dele) ytslách (prosperará).
O que se deve discordar é a
tradução do termo “asham”
(oferta pelo pecado) por “restituição”. Sabe-se o sentido
literal de “asham” como significando “compensação”, porém
“asham” é uma referência direta a “oferta pela culpa”
oferecida no Templo, conforme se vê o uso da palavra em
textos como: Lv 7:15; 14:21
e 19:21. Ao ofuscar a função de
“asham” do Messias, exclui-se
qualquer possibilidade, de encontrar a cura de Yaoshor’ul, a
resposta para um Yom Kipur verdadeiro. Pois não há “Yom
Kipur sem sangue” como afirma a tradição. Sem dúvida, por
isto o Eterno providenciou
um “asham”, uma oferta pela
culpa de todo judeu (Jo 3:16). O Eterno providenciou esta
cura e os que a experimentam (judeu ou não-judeu) conhecem
bem os seus efeitos.
Este mesmo texto, na ESN:
Contudo foi o bom plano de UL’HIM que ele fosse moído e
cheio de aflições. Mas, quando a sua vida for oferecida por
expiação do pecado, então terá uma multidão de filhos, uma
posteridade imensa. E tornará a viver; os planos de UL’HIM
hão de prosperar nas suas mãos.
O que se vê também, é que há uma
suavização dos verbos usados. Ao invés do verbo
“testar” dever-se-ia usar como no
original o verbo “hechêlí” que vem da raiz “chalá” que só
pode ser traduzido como: “adoecer, se tornar enfermo, etc”.
O verbo “testar” é inexistente no original, não há nenhuma
palavra que suporte esta tradução. Vale aqui
uma crítica: Por que a versão em questão traduziu o termo
que vem da raiz “chalá”
como “teste” em Is 53:10 e traduziu como “doente” em Is
33:24? Este texto foi traduzido como se segue: “E não dirá
um habitante (de Jerusalém/Yah'shua-oleym): ‘Estou doente’,
pois ao povo que ali vive
serão perdoados todos os pecados”.
TEXTO 4:
Zc 9:9 - “Rejubila-te com
todo teu ser, ó filha de Tsión! Clama com alegria, ó filha
de Jerusalém! Eis que para ti se encaminha teu justo rei,
triunfante por suas vitórias,
mas ao mesmo tempo comportando-se com humildade, cavalgando
um filhote de jumento”.
Observe a tradução linear:
Gili (alegra-te) meôd (muito) bat
(filha) tsiôn (de Sião) harii (grita) bat (filha) yrushalam
(de Yah'shua-oleym)
hinê (eis) malkêch (teu rei) yavô (virá) lách (a ti) tsadik
(justo) venosha hu (e salvação ele é) ani (pobre) verochêv
(e montado) al chamôr (sobre o jumento) veal-ayir (e sobre o
filho do jumento) bem atonôt.
O texto procura obscurecer a
“pobreza” e o “sofrimento” do
Messias em sua primeira vinda Yaohushua era pobre, as
narrativas dos evangelhos deixam isto claro, e sofreu em sua
trajetória messiânica.
Porém, neste caso há um obscurecimento deste detalhe. Pois
se insere a seguinte frase:
“... triunfante por suas vitórias,
mas (chalití verbo da raiz Chalá adoecer.) ao mesmo tempo
comportando-se com humildade...” Não há no original esta
estrutura, ele não se
“comporta” com humildade, ele é
“pobre e sofredor” (ani).
Veja o uso da mesma palavra em
alguns textos da Toráh:
Ex 3:7 - Falando do sofrimento e da
aflição do povo de Yaoshor’ul no Egito.
Dt 16:3 - Falando do pão da
aflição.
Dt 24:12 - Falando do homem pobre.
Na ESN:
Alegra-te
intensamente, ó meu povo! Grita de contentamento! Vê, o teu
rei aproximar-se! Justo e Salvador, pobre e montado num
jumento, um pequeno jumentinho.
O que a profecia de
Zacarias/Zochar’yah procura demonstrar é a dupla função do
Messias: “sofredor” e
“vitorioso”. Interessante observar novamente o que está
preservado na tradição judaica, sobre esta relação do
Messias “sofredor X vitorioso”,
como está escrito:
“Rabino Alexandre disse: Rabi
Yaosh Bem Levi levantou uma contradição. Está escrito, neste
tempo [virá o Messias], como também está escrito, Eu
[ETERNO] apressarei isto! Se eles forem dignos, eu
apressarei isto, se não, [ele virá]
no tempo oportuno. Rab. Alexandre disse: Rab. Yaosh opôs-se
com dois versos: Está escrito, que um como o Filho do Homem
virá com as nuvens dos céus, mas também está escrito que o
[Rei virá a ti] humilhado e cavalgando sobre um jumento! Se
eles merecerem, ele virá com as nuvens dos céus, mas se não,
humilhado e sobre um jumento”
(San’hedrim 98a).
Como descrito, os rabinos debatiam
o duplo caráter do Messias: pobre, humilhado e afligido e ao
mesmo tempo um Messias vitorioso. Este conflito
messianológico era muito presente no I século em vários
debates rabínicos. Pois de fato havia textos que sustentavam
o aspecto “sofredor” do
Messias. Por isto há a tradição de um “Messias Ben Yosef”
que antecederia o Messias vitorioso. A diferença que existe
na abordagem dos judeus
messiânicos, é que simplesmente vemos Yaohushua como este
Messias sofredor e que Ele mesmo (como prometera) voltará
para um povo que merecidamente o verá sobre as nuvens dos
céus, em sua segunda vinda.
TEXTO 5:
Zc 12:10 - “E derramarei
sobre a Casa de Davi e sobre
os moradores de
Yah'shua-oleym o espírito de
graça e das súplicas, e olharão para Mim por causa daqueles
que foram transpassados e gemerão como se fosse pela morte
de seu filho único, e sofrerão como quem sofre por seu
primogênito”.
O problema reside no trecho:
“...e olharão para Mim por causa
daqueles que foram transpassados”.
Mais uma vez, observe a tradução
literal do trecho:
Vehibitú (e eles olharão) elay
(para mim) êt (indicação de objeto direto) asher
(que) dakarú (eles transpassaram) vesf’rú
(e prantearão) aláiv (sobre ele) k’mispêd (lamento).
O uso de
“êt” ta pelo tradutor foi
totalmente ignorado. O “êt” tem a função de indicar objeto
direto em uma oração, ou seja, que a estrutura após o “êt”
recebe a ação do sujeito da estrutura
anterior. “Eles” (os que
olharão) são os sujeitos da oração. “Eles olharão” para
aquele (“...para mim...”) que “eles transpassaram” e
chorarão. Não há como sustentar “aqueles que foram
transpassados” , até porque o verbo transpassar “dakarú” (wrqd)
está na voz
“Qal” ou seja, voz ativa e não voz
passiva. Indicado “ação sobre” e não que os sujeitos da
oração estão recebendo a ação. Mas, uma vez a tentativa de
ofuscar, o lamento sobre o Messias ferido pelas iniquidades
de Yaoshor’ul e das nações.
Na ESN:
Nessa altura
derramarei o espírito de graça e de oração sobre todo o povo
de Yah’shua-oleym, e verão aquele que trespassaram, e
chorarão por ele, como por um filho único ou um primeiro
filho que lhes tivesse morrido.
Conclusão:
Como pôde ser observado, existe uma
intensa produção textual inerente ao judaísmo que tenta de
alguma forma impedir a associação entre os textos
messiânicos em sua forma original com a figura messiânica de
Yaohushua. Por uma questão óbvia, sabe-se que por séculos o
judaísmo vem resistindo esta combinação, na maioria dos
casos de forma intencional [a ponto de manipular a própria
Tanakh]. A figura de Yaohushua vem sendo excluída do
judaísmo durante séculos. Hoje, já existe um movimento
acadêmico/teológico que tenta reconstituir Yaohushua como um
judeu, como um grande mestre, até mesmo como um possível
profeta judeu; há até os que afirmam como se segue,
Yaohushua como um tipo de Messias Ben Yosef:
"A literatura teológica judaica
clássica (ortodoxa) fala de um messias fracassado. Na
maioria dos textos, ele é chamado Messias filho de
José/Yao'saf
(ou Messias filho de Efraim). Trata-se de um messias
preliminar, que vem em antecipação do, e para abrir o
caminho ao Messias final, o Messias filho de David. É um
messias que morre a fim de criar as condições e proporcionar
a oportunidade, para que a redenção final ocorra. Essa idéia
de um messias sofredor é originária do messianismo judaico
(...). De acordo com outros historiadores judeus, a idéia do
Messias filho de José foi desenvolvida para conferir a
“jesus” um lugar na teologia messiânica judaica. Segundo
essa concepção, a idéia foi desenvolvida para tentar
convencer os judeus do primeiro século que acreditavam que
Yaohushua era o Messias de que na verdade ele era um messias
judeu, mas não o Messias definitivo. Essa tentativa,
esperava-se, evitaria a separação desses judeus da
comunidade judaica" (“Jesus segundo o Judaísmo”, Ed. Paulus
- Capítulo "Quem você diz que sou?" - Rabino Byron L. Shewin*)
*Professor de filosofia e
misticismo judaicos no Spertus Institute of Jewish Studies
in Chicago. Ordenado no Jewish Theological Seminary.
Cuidado com a
Bíblia Hebraica da Editora Sefer
O Professor Igor Miguel examinou
alguns textos deste tanach em português. Vejamos:
ADULTERAÇÃO DE TEXTOS MESSIÂNICOS
O esforço do judaísmo tardio em
descaracterizar, ou pelo menos, em prevenir a comunidade de
uma “livre associação”
entre textos messiânicos com a figura de Yaohushua continua
ainda de forma mais intensa, quando se trata de uma tradução
recente, do Tanách (da Bíblia Hebraica
– também conhecido como
Antigo Testamento pelos cristãos). Infelizmente, muitos
cristãos ávidos e leigos, ainda inexperientes na relação
cristianismo X judaísmo, se envolvem em elogios até
públicos, sem ao mesmo refletirem criticamente sobre estes
textos.
Como de praxe nesta versão, em nada
diferente de outras traduções da
“Bíblia Hebraica” existentes no
mundo, há inferências entre parênteses que são usadas,
segundo os editores, para a “...inserção criteriosa de
certas palavras (normalmente entre parênteses)
quando extremamente necessárias à compreensão do texto, ou
adotou-se determinada tradução não literal a fim de
possibilitar sua leitura à dos ensinamentos e orientações
técnicas dos Sábios do Talmud e dos consagrados exegetas
bíblicos judeus dos últimos 2 mil anos”.
Neste ponto reside a principal
crítica deste artigo. Ao submeterem uma tradução das
Escrituras Hebraicas para o português, levaram em conta uma
tradição paralela de tradução das Escrituras, neste caso as
orientações de rabinos da antiguidade bem como outros
intérpretes judeus. Ou seja, o que se tem não é apenas uma
tradução, é uma
“interpretação”. Felizmente, este ponto foi deixado
claro...
VEJA O SEGUINTE TÓPICO:
PROBLEMAS DA BÍBLIA HEBRAICA [SEFER] EM
PORTUGUÊS
Alterações textuais que impedem a percepção de Yaohushua
como o Messias
Por Igor Miguel by Ensinando de Sião
- Edição de oCaminho -
Existem
excelentes versões da Bíblia produzidas no mundo judaico, em
específico, versões da Toráh. Pela primeira vez foi
publicada em português, uma versão de todo o Tanakh
(o chamado Antigo Testamento para os cristãos) que se afirma
traduzida diretamente do hebraico.
Sabe-se que
toda tradução é naturalmente interpretativa e hermenêutica.
Ou seja, está sempre submetida aos conceitos e ponto de
vista do tradutor. Há os que sustentam uma “imparcialidade”
ou “neutralidade” em traduções. Porém, cientificamente,
sabe-se que a “neutralidade” é um mito. O tradutor pode
tender à “imparcialidade”, porém sempre há algo de sua
individualidade e subjetividade [crenças pessoais] que
estarão presentes em sua produção textual.
Nesta mesma
linha, há o mito da “tradução fiel”, que é tratar a tradução
como uma reprodução literal e precisa da fonte primária. Em
outras palavras, uma tradução da Bíblia em português (ou
qualquer outra língua) que se diga 100% fiel às fontes
originais. O ideal de uma “tradução fiel” é uma
impossibilidade técnica; não há como fazer uma tradução que
reproduza fielmente, em todos os aspectos, o que o autor
quis dizer. Pois é óbvio, que o sentido de um texto só pode
ser entendido em todas suas dimensões de significado, quando
inserido em sua língua e contexto originais; principalmente
cultural e histórico. Ao passar este significado ou sentido
para uma outra língua, há perdas; limitações naturais que
ocorrem pelo simples fato de ser uma tradução.
Existem
subjetividades de ordem cultural que precisam ser levadas em
conta; há estruturas que são peculiares de uma língua
específica. A exemplo de hebraísmos, rimas, jogos de
palavras, expressões e até mesmo codificações que só fazem
sentido na língua original, por isto, simplesmente é
impossível reproduzi-las em sua totalidade em uma tradução.
Como já fora
introduzido, a tradução também corre o risco de ser
ideológica, ou seja, de carregar consigo a tendência ou
pressupostos teológicos ou filosóficos, do tradutor. Por
isto, o leitor deve ter clareza – ao ler uma Escritura
traduzida – que ele não está lendo a Palavra do CRIADOR de
uma forma direta, mas transmitida por uma tradução
suscetível à interferências do tradutor. A Palavra do
Criador, nos foi transmitida em língua oriental; no caso das
Escrituras judaicas, a língua hebraica (com alguns trechos
em aramaico). O leitor deve ter extremo cuidado para não
cair em uma excessiva sacramentalização da tradução,
ou seja, uma supervalorização canônica da tradução,
pois ela é uma “reprodução” sujeita à “ruídos e
interferências”. Sendo assim, a Bíblia traduzida, seja por
quem for, sempre será uma versão vulnerável a pontos de
vistas e imperfeições. Somente os originais podem ser
tratados como textos realmente canônicos e realmente
inspirados. Estes sim são as “fontes primárias”.
Por isto,
não existem traduções perfeitas, ou uma que possa ser
considerada a melhor. Existem boas traduções da
Bíblia publicadas por editoras protestantes, católicas e
judaicas, porém, estão todas suscetíveis às críticas e às
mesmas vulnerabilidades textuais que já foram mencionadas.
Deve-se
deixar claro, por outro lado, que nenhuma tradução é
desprezível, a maioria das produções sérias, como as versões
clássicas (ARA, ARC, KJV, etc), são trabalhos de profunda
importância intelectual e espiritual. As traduções
introduziram as pessoas aos originais, lhes permitiu terem
seus primeiros contatos com as Escrituras Sagradas em
vernáculo conhecido. Isto é de grande valor! As limitações
de uma tradução da Bíblia, não a colocam em categoria
desprezível. Toda tradução tem seu valor, o que não anula
obviamente, suas limitações.
Já vem sendo
demonstrado através de vários artigos e palestras, os
diversos problemas de tradução em versões cristãs da Bíblia,
principalmente em textos que possuem vínculos teológicos à
respeito da Lei, dos judeus, de Israel/Yaoshor’ul e da
Igreja, etc. Há trechos em específico do chamado Novo
Testamento, que foram distorcidos em uma tentativa de
ofuscar a teologia do relacionamento do Criador para com
Israel/Yaoshor’ul; a Torah e
seu povo. Além
disto, há hoje um esforço teológico, para desmascarar esta
tendência histórica de versões cristãs da Bíblia em
“desjudaizar” as Escrituras.
Porém, nunca
foi apresentada uma crítica (no sentido técnico) às
tendências das versões judaicas das Escrituras, levando em
conta em específico a recente e única edição judaica [SEFER]
do Tanakh em Português.
Não há
intenção aqui, obviamente, de hostilizar a versão, seus
editores ou tradutores. O que se propõe é apenas uma crítica
de ordem teológica e técnica a textos que sofreram algum
tipo de distorção, em favor de posicionamentos dogmáticos
[crenças pessoais] impostos por uma tradição
histórico-religiosa milenar. Tradição respeitável, mas que
não é hermética ou fechada, antes aberta ao diálogo e à
reflexão livre. Mesmo que isto coloque em jogo alguns
paradigmas. Se o que se deseja é o bem da
verdade, que assim seja!
WHAT HAPPENED WITH YAOHUSHUA’ HAFTARAH?
(O QUE
ACONTECEU COM A HAFATARÁ DE
Yaohushua?)
Foi
recentemente publicado um artigo pelo jornal israelense
Haaretz, que trata de um assunto polêmico, mas que
precisa ser debatido. Muitos estudiosos e pesquisadores das
Escrituras, em específico aqueles que se especializaram no
Novo Testamento, vinham questionando algo interessante.
Alguns sabem
que há uma tradição milenar no judaísmo, que é a leitura de
porções dos profetas após a leitura pública da Toráh
(Pentateuco). Estes textos previamente selecionados
dos escritos proféticos são chamados de Haftará. Uma
das fontes mais antigas, que descreve ocasionalmente esta
tradição judaica, está maravilhosamente preservada em um
texto do chamado Novo Testamento, em específico em Lc
4:16-21 que diz:
16-17Quando
foi aos Nudtzoroth’ins, terra da sua infância, dirigiu-se,
como de costume, à sinagoga no Shabbos e levantou-se para
ler a Tanakh. Deram-lhe o rolo de Yahshua’yaohuh, e abriu-o
no lugar onde está escrito: 18-19O RUK’HA-UL’HIM
(UL’HIM, em Espírito onipresente), está sobre mim. Ele me
ungiu para levar as Boas Novas aos pobres. Enviou-me para
anunciar a liberdade aos cativos e que os cegos tornarão a
ver; para anunciar a liberdade aos cativos, e para proclamar
o tempo de favor de UL. 20-21Fechando o rolo,
tornou a dá-lo ao assistente [chazan] e sentou-se, enquanto
todos na sinagoga o miravam atentamente. E começou por
dizer: Hoje se cumpriram estas Tanakh!
Este texto
fascinante, demonstra com clareza que Yaohushua fez a
leitura pública do rolo do profeta Isaías/Yahshua’yaohuh na
sinagoga em um Shabat. O que fazia Ele na ocasião?
Nada mais, nada menos, que a antiga e boa tradição judaica
da leitura da Haftará, já mencionada.
Porém, o
problema que alguns estudiosos observaram ao ler esta
narrativa, foi: Que trecho é este que Yaohushua leu?
Ora o texto lido por Ele advém em específico do capítulo
61:1,2 do livro do profeta Isaías/Yahshua’yaohuh. Daí surgiu
outra questão: Se a leitura das porções dos profetas (a
Haftará) é selecionada antecipadamente, em uma tabela
oficial, quando esta leitura é ou era feita na
sinagoga? Esta dúvida permaneceu durante muito tempo sem
uma resposta satisfatória.
Sabe-se que
a leitura oficial dos profetas é determinada por uma escala
elaborada pela tradição dos rabinos. Assim vem sendo
orientada por centenas de anos. Mas, o que se percebe no
caso de Yaohushua, é que o texto lido por
ele, não se
encontra na escala de leituras do judaísmo atual. Por quê?
Há algum erro no Novo Testamento? Há os que sustentam este
argumento, porém, esta não é a resposta adequada. Teria
então, a lista de leitura das Haftarôt (plural de
Hafatará) sofrido alguma alteração, por parte de alguns
rabinos ou decretos rabínicos, por motivos escusos?
Foi
publicado pelo jornal israelense já mencionado, um artigo
intitulado em inglês como: “What happened to Yaohushua’
Haftarah?” de autoria de Hananel Mack, cuja informação é
no mínimo intrigante. Produto sem dúvida de uma mente
crítica e atenta a possíveis falhas na bela estrutura do
judaísmo; imprecisões que precisam ser criticadas e
discutidas, ao invés de serem friamente aceitas.
O que o
autor do artigo propõe é que existem raras referências na
tradição judaica, que podem dar alguma pista de quando
exatamente surgiu a prática da leitura dos profetas nas
sinagogas. Há obviamente os que argumentam que esta nasceu
no período dos Macabeus (166-63 A.E.C.), porém o autor
deixará claro que estas evidências históricas ainda são
questionáveis. O curioso é que ele recorrerá a fontes,
inusitadas para o judaísmo, que provam a existência desta
prática já na época do II Templo. Incrivelmente um dos
documentos, demonstrado pelo autor, que descreve a leitura
da Haftará no I século E.C., está no chamado Novo
Testamento. Um trecho é o que narra a leitura pública do
profeta Isaías/Yahshua’yaohuh por Yaohushua na sinagoga
entre os nazarenos e outro é o que está preservado no livro
de Atos dos Apóstolos capítulo 13. Estas são claras
evidências de que tal prática era comum na época do II
Templo, tanto em Israel/Yaoshor’ul como na Galút
(diáspora).
O quê autor
questiona é que, como já fora introduzido, não há menção
deste trecho do profeta Isaías (lido por Yaohushua) na lista
oficial de leituras da Haftará do judaísmo recente.
Logo, vem a pergunta: O que aconteceu então, com a
Haftará que Yaohushua leu na sinagoga entre os nazarenos?
EXCLUSÃO DELIBERADA DE TEXTOS MESSIÂNICOS
Para o autor
israelense, houve uma exclusão deliberada por parte de
líderes religiosos judeus da diáspora [a partir do
primeiro século], principalmente em redutos judeus onde
havia uma cultura predominantemente cristã. Para ele houve
uma iniciativa da elite religiosa judaica em REMOVER
os textos em que YAOHUSHUA poderia ser identificado ou
associado ao Messias. A curiosidade é que os capítulos 60, o
final do 61, o capítulo 62 e 63 do profeta
Isaías/Yahshua’yaohuh, estão na lista de leitura da
Haftará. Mas, estranhamente, o início do capítulo 61,
que fora lido por Yaohushua entre os nazarenos, não está na
lista. Segundo o autor, na verdade o texto lido por
Yaohushua fora excluído arbitrariamente.
Esta
inferência apresentada por Mack não foi produzida sem
fundamentos. Baseia-se na antiga lista de leitura de
Haftarôt encontrada na Guenizá
da sinagoga do Cairo. De fato, o referido texto (Isaías
61:1 e seg.) era lido na Haftará desta antiga
comunidade do Norte da África. Por quê? Porque as
comunidades judaicas desta região, não tinham contato com os
debates sobre Yaohushua e o judaísmo; afinal eram locais
onde havia predominância religiosa islâmica. Não havia
conflito entre a cultura local e a estrutura
litúrgico-teológica do judaísmo nestes locais. Não havia
nada, a priori, no Islã que poderia por em risco a fé
judaica.
Em suma, o
que o autor tenta demonstrar é que houve um esforço no
judaísmo ocidental (que logo se espalhou para o restante do
mundo judaico) de excluir textos que eram
tradicionalmente usados por cristãos como “textos prova”
a respeito de uma possível “messianidade” de Yaohushua.
Estes eram os chamados textos messiânicos...
Todos os
textos abaixo foram excluídos deliberadamente da tradição
judaica, por motivos óbvios. O interessante é que a leitura
atual da Haftará engloba ou versos ou capítulos,
antes ou depois destes trechos, mostrando claramente a
resistência do judaísmo em inserir em sua liturgia textos
messiânicos.
ALGUNS TEXTOS EXCLUÍDOS PELA TRADIÇÃO JUDAICA
DA LEITURA DAS HAFTARÔT:
Is 7:14
-
“UL, ele próprio, escolherá o sinal: Um menino será dado
à luz por uma jovem; o seu nome será Imanu’ul.”.
Is
52:13-15
-
“Reparem: o meu Servo prosperará; será altamente exaltado!
Tal como muitos ficaram maravilhados ao vê-lo, sim, até as
nações mais distantes, e os seus governantes, ficarão como
que emudecidos na sua presença! Porque verão aquilo que não
lhes tinha sido dito anteriormente, e compreenderão o que
não lhes fora anunciado. Verão o meu servo tão desfigurado
que dificilmente se perceberá que se trata duma figura
humana ali presente. Mas, é assim que Ele limpará muitas
nações.”.
Is 53:1-6
-
“Mas, quem acreditou na nossa pregação? A quem revelará
YAOHUH o seu poder salvador? Aos olhos de YAOHUH UL’HIM, ele
era o delicado rebento duma planta, que brota duma raiz numa
terra seca e estéril. Mas, aos nossos olhos não tinha
atrativo nenhum, nada que nos fizesse interessarmo-nos por
ele. Desprezâmo-Lo e rejeitâmo-Lo. Era um homem de
sofrimentos experimentado nas mais amargas provações.
Voltávamos-lhe as costas e olhávamos para o outro lado
quando passava perto. Era desprezado e não lhe ligávamos
importância nenhuma. Contudo ele tomou verdadeiramente sobre
si as nossas enfermidades; e os nossos sofrimentos pesaram
sobre ele. Pensamos que era afligido, castigado por YAOHUH;
humilhado! 5Mas, ele foi ferido pelas nossas transgressões,
e esmagado pelas nossas culpas! Foi castigado para que
pudéssemos ter paz; pelas suas feridas fomos sarados.
Perdemo-nos como ovelhas tresmalhadas! Deixamos o caminho
certo para seguir a nossa própria via. Contudo UL’HIM fez
cair sobre ele os pecados e a culpa de cada um de nós”.
Is
42:1-7:
“Aqui está o
meu servo, que eu sustento; o meu escolhido, em quem a minha
vida tem imenso prazer. Pus do meu Rukha sobre ele. Revelará
o que é a verdadeira justiça e a porá em execução entre as
nações do mundo. Atuará com calma e doçura - não gritará,
nem se porá a discutir alto nas praças públicas. Não pisará
a cana que já está quebrada; não apagará de vez o pequeno
pavio que ainda fumega. Dará antes coragem aos que já estão
a desfalecer e que estão sendo tentados a desesperar. Há de
fazer plena justiça aos que têm sido enganados. Não ficará
satisfeito enquanto a verdade e a justiça não tiverem
prevalecido através de toda a terra, nem enquanto as terras,
mesmo as mais distantes, para além dos mares, não tiverem
posto a sua confiança nele. UL, que criou os shuã-ólmayao e
os estendeu, que criou a terra e tudo quanto há nela, que dá
vida, respiração e espírito a todas as criaturas no mundo, é
aquele que diz: Eu, UL, chamei-te para dar prova da minha
retidão. Hei de guardar-te e amparar-te, pois que te dei ao
meu povo como uma confirmação pessoal da minha aliança com
eles. Serás igualmente uma luz para guiar as nações até mim.
Abrirás os olhos aos cegos, e soltarás os que jazem nas
prisões, em sombras e desespero”.
Jr
31:31-33:
“Virá o dia,
diz o Criador, em que renovarei a Aliança com o povo de
Yaoshor’ul e de Yaohu’dah. Mas, não será como a que
estabeleci com seus pais, quando os tirei do Egypto - um
contrato que eles mesmos anularam, forçando-me a
rejeitá-los, diz o Criador. Será assim a Novo Testamento que
farei com eles: porei as minhas leis nos seus corações
mesmo, de forma que hão de querer honrar-me; e nessa altura
então se tornarão efetivamente meu povo, e eu serei o seu
UL”.
Os 11:1 -
“Quando
Yaoshor’ul era uma criança, amei-o, e do Egypto chamei o Meu
Filho”.
Mq 5:2 –
“E tu,
Bet’lekhem Efrata, embora sejas apenas uma pequena aldeia de
Yaohu’dah, ainda assim serás o local de nascimento do
governador do meu povo Yaoshor’ul, que vive desde a
eternidade!”.
Zc 9:9 –
“Alegra-te
intensamente, ó meu povo! Grita de contentamento! Vê, o teu
rei aproximar-se! Justo e Salvador, pobre e montado num
jumento, um pequeno jumentinho. ”.
Parece meio
óbvio, que estes textos tenham sido excluídos da leitura
pública da tradição judaica, fica evidenciado que estas
profecias têm profundas implicações de ordem messianológica,
em favor de Yaohushua como única pessoa histórica que se tem
relato textual que cumpriu, ou pelo menos teve algum vínculo
com estas profecias. O que se vê é um esforço deliberado
contra a figura de Yaohushua como Messias. Além destes
textos, o livro de Daniel/Dayan’ul também é execrado pelos
judaicos ortodoxos, por razões obvias; principalmente o cap.
9.
ADULTERAÇÃO DE TEXTOS MESSIÂNICOS
O esforço do
judaísmo tardio em descaracterizar, ou pelo menos, em
prevenir a comunidade de uma “livre associação” entre textos
messiânicos com a figura de Yaohushua continua ainda de
forma mais intensa, quando se trata de uma tradução recente,
do Tanakh
(da Bíblia Hebraica – também conhecido como Antigo
Testamento pelos cristãos, feita pela SEFER, no Brasil).
Infelizmente, muitos cristãos ávidos e leigos, ainda
inexperientes na relação cristianismo X judaísmo, se
envolvem em elogios até públicos, sem ao mesmo refletirem
criticamente sobre estes textos.
Como de
praxe nesta versão [SEFER], em nada diferente de outras
traduções da “Bíblia Hebraica” existentes no mundo, há
inferências entre parênteses que são usadas, segundo os
editores, para a
“...inserção criteriosa de certas palavras (normalmente
entre parênteses) quando extremamente necessárias à
compreensão do texto, ou adotou-se determinada tradução não
literal a fim de possibilitar sua leitura à dos ensinamentos
e orientações técnicas dos Sábios do Talmud
e dos consagrados exegetas bíblicos judeus dos últimos 2 mil
anos”.
Neste ponto
reside a principal crítica deste artigo. Ao submeterem uma
tradução das Escrituras Hebraicas para o português, levaram
em conta uma tradição paralela de tradução das
Escrituras, neste caso as orientações de rabinos da
antiguidade bem como outros intérpretes judeus. Ou seja, o
que se tem não é apenas uma tradução, é uma “interpretação”
tendenciosa. Felizmente, este ponto foi deixado claro, até
aqui!
O problema
reside no fato de que, como foi visto na questão das
Haftarôt, há na estrutura do judaísmo posterior ao
Segundo Templo, uma tendência a “ajustes” de ordem teológica
na própria religião, de forma a não haver lacunas para uma
possível compreensão ou associação de Yaohushua como uma
figura messiânica. Para prevenir possíveis “distorções”,
apela-se para todo tipo de “adaptação” textual, para que se
alcance este objetivo.
Pensar-se-á
em algumas passagens bíblicas cuja tradução é conduzida
de tal forma que levam o leitor à conclusões previamente
elaboradas, obviamente com fins profiláticos; como
uma forma de prevenir outros judeus de perceberem a figura
messiânica de Yaohushua nestes possíveis textos.
Citar-se-ão
alguns textos na versão portuguesa da Bíblia Hebraica
[SEFER] e será feita em seguida uma análise exegética destes
textos, percebendo possíveis distorções ou interpolações.
TEXTO 1:
Is 9:6-7 (v.5-6 no texto hebraico):
“Pois
nasceu entre nós uma criança, um filho (de Achaz, da
dinastia de David) nos foi dado. E sobre seus ombros estará
a autoridade; por isso o Maravilhoso Conselheiro, o Criador
Todo-Poderoso e Pai eterno, alcunhou-o (a Hizikiáhu/Ezequias,
o filho de Achaz) de Sar-Shalom
(‘Príncipe
da Paz’)...”
Como já foi
dito, as inferências entre parênteses são em alguns casos
elucidativas, mas em outros, são ampliações do texto
vinculando-os a uma tradição interpretativa como
objetivo única: eliminar a messianidade do texto!
Neste texto
a “criança”, a priori não identificada diretamente no
texto, é associada ao filho do rei Acaz, neste caso o Rei
Ezequias. Observe, que as observações entre parênteses não
constam no texto hebraico original, são interpretações de
ordem especulativa, não havendo clareza no texto sobre tal
possibilidade. Repentinamente, a “criança” ou o “menino”,
‘cujo poder está sobre seus ombros’, é nomeado de
“Príncipe da Paz” por um terceiro sujeito: “O Criador
Todo Poderoso e Pai Eterno”. Estranho, pois no texto
hebraico esta estrutura final está da seguinte forma:
Como pôde
ser observado, na tradução interlinear (transliterado) não
há possibilidade para outra tradução, não há a expressão
“por isso” usada pela Bíblia Hebraica em Português. Nem
o artigo definido “o conselheiro”, como se houvesse
uma outra pessoa no texto. Fica claro que todos os adjetivos
usados no texto se aplicam à “criança” (o Messias) que
nasceria e teria o poder sobre seus ombros. Há nitidamente
inferências artificiais no texto tendo em vista conduzir o
leitor a uma interpretação intencionada.
Veja ainda
que o tradutor deslocou os adjetivos messiânicos para o
Eterno,
obviamente para ofuscar a argumentação de séculos, de que
este texto refere-se a Yaohushua hol’Mehushkyah.
Enfim, o que
o texto do profeta deseja, é demonstrar o caráter
representativo do Messias, cuja função é revela-lo como
“Criador Forte” e “Pai pela Eternidade afora”, etc.
Na ESN,
este texto fica assim: Porque um menino nos nasceu;
foi-nos dado um filho. Ser-lhe-á dada a responsabilidade de
governar. Estes serão seus títulos: Maravilhoso,
Conselheiro, UL Forte, UL’ABI para sempre, Príncipe da Paz.
Óbvio, que a
abordagem tradicional cristã sobre a divindade do Messias,
tem pontos de debate e em alguns casos até mesmo
conflitantes com um modelo de fé legitimamente monoteísta.
Por isto, está disponível no site do Ministério Ensinando de
Sião (TAMBÉM na CYC –
www.cyocaminho.com/trinitarianismo.html) um artigo
que demonstra uma forma alternativa de abordar o caráter
“divino” do Messias (www.cyocaminho.com/Messias.html).
Desprovido de um deslocamento da pessoa do Eterno para
Yaohushua [modalismo], como vem fazendo tradicionalmente a
abordagem cristã a respeito da relação Pai X Filho. Porém,
este é outro debate.
TEXTO 2:
Is 7:14:
“Eis pois
que o Eterno, Ele mesmo, vos dará um sinal: eis que a moça
grávida dará à luz um filho e o chamará Imanuel
(‘o Criador está
conosco’)”.
Quando um
cristão lê este texto, percebe logo a diferença em relação
às versões cristãs, que traduzem geralmente o verso como:
“... eis que a virgem
dará à luz um filho...”, ao invés de “... eis
que a jovem...”.
O problema reside na polêmica sobre a palavra hebraica
“almá” (traduzida pelas versões não judaicas como virgem).
O argumento judaico é que esta expressão não significa
“virgem”, mas “mulher jovem” ou “moça”. De fato, as
Escrituras Hebraicas possui
uma palavra específica para fazer referência a virgem,
o termo "betulá". Porém, é óbvio que o termo
“almá”, que apesar de significar
“moça” ou “menina jovem”, não descarta a hipótese de
virgindade.
No livro de Mateus/Matt'yaohuh
quando da narrativa do nascimento
de Yaohushua, vê-se claramente o uso do termo grego
“partenós” (virgem) para se
referir a Maria/Maoro'ehm. Isto não foi acidental, pois a
versão grega das Escrituras Hebraicas (que era muito popular
entre os judeus de Yaoshor’ul no I século) chamada de Septuaginta
(ou LXX), introduziu a expressão
“partenós” (virgem) para traduzir
“almá” do hebraico de Is 7:14. Provando assim, que os judeus
responsáveis por traduzirem as Escrituras do hebraico para o
grego já assimilavam doutrinas pagãs e as incutiram nas
Escrituras, uma vez que viam “claramente” o vínculo entre
almáh e “virgindade”,
apesar de haver uma palavra hebraica específica para
“virgem”. Evidente que este não foi o pensamento do escritor
bíblico, uma vez que, como foi dito acima, no hebraico
existem palavras distintas e se o profeta assim desejasse
[expressar a “virgindade” da jovem], o teria feito mediante
o uso da palavra correta; provando assim que o RESULTADO [a
Septuaginta] foi tendencioso em mais este tópico.
Yaoshor’ul teve em sua trajetória
vários casos em que mulheres que não podiam dar a luz de
forma natural e conceberam por intervenção divina,
obviamente não eram virgens, mas eram estéreis, e o CRIADOR,
por Sua intervenção, as fez conceber (como Sara/Soro’ah) em
idade avançada). Há algum limite para o poder do
CRIADOR? Não seriam estes casos que vão desde
Sara/Soro’ah,
passando por Anna até Isabel/Oliza’bohay (parente de
Maria/Maoro'ehm),
sinais de uma concepção ainda mais milagrosa do que a que
ocorreria quando o Messias viesse ao mundo? Daí, o texto que
cumpriu-se no próprio Isaías/Yahshua’yaohuh, ser messiânico,
apontando que naquela concepção carnal entre
José/Yao'saf
e Maria/Maoro'ehm,
produziria o Messias (Hb 10:5), o Filho do ETERNO – o
Cordeiro que tiraria o pecado do mundo! Jo 3:16.
TEXTO 3:
Is 52:13—53:12.
Este é o
texto mais adulterado da versão portuguesa da Bíblia
Hebraica. Far-se-á uma análise de alguns trechos
considerados de maior gravidade.
Este trecho
é comumente conhecido, como se referindo ao “servo
sofredor”, associado durante muitos anos no judaísmo a
figura do Messias, como bem demonstra alguns
targumim
e trechos do Talmud. Houve uma mudança de ponto de
vista hermenêutico (interpretativo), na estrutura do
judaísmo da idade média, tendo em vista prevenir a
associação da figura de Yaohushua com este texto. Houve um
consenso rabínico de se procurar uma interpretação
alternativa a Isaías/Yahshua’yaohuh 53, ao invés de
associá-lo ao Messias.
Is 52:13
que começa na Bíblia Hebraica em português como: “Eis que
há de prosperar Meu servo (o povo de Israel/Yaoshor’ul)...”
Deixa óbvia a interpolação entre parênteses e proposta
de associação entre o “servo” com o “povo de
Israel/Yaoshor’ul”, descaracterizando o caráter messiânico
da profecia. Estranho, para uma versão que se propõe manter
seus vínculos com a tradição, ignorar como o Targum
Jonatas (Yonatân) traduz o começo do texto: “Eis que
o meu servo o Messias (o Ungido), há de prosperar...”.
Em Is
53:4 a Bíblia Hebraica em português propõe a seguinte
tradução: “Na verdade, eram os nossos sofrimentos (das
nações) que (Israel/Yaoshor’ul) suportava, e as dores que o
oprimiam, mas nós o considerávamos um ser aflito, golpeado e
ferido por Criador”. Veja a diferença, na tradução
interlinear (literal) no quadro abaixo:
Não há,
obviamente nem “Israel/Yaoshor’ul” e nem as “nações” no
texto original. Mas, observe, que o tradutor colocou “...
as dores que o oprimiam...”. Associando assim a “dor” à
3ª pessoa (ele), como se o texto estivesse associando “as
dores” ao sujeito descrito no texto, que para a versão é
“Israel/Yaoshor’ul”. Mas, no original não é bem assim. O que
se vê é o uso da expressão “umachôvêinu” wnybakmw que está
na 1ª pessoa do plural (nós) como indica o sufixo ”einu”. O
texto está dizendo que “ele” (o servo sofredor – o Messias)
levará as “nossas dores”, ou seja as dores do povo de
Israel/Yaoshor’ul e não o contrário, como se
Israel/Yaoshor’ul carregasse em si suas próprias dores.
Uma
curiosidade sobre este trecho é que na tradição judaica,
anterior à idade-média, este era interpretado como se
referindo ao Messias, como descreve o
Talmud:
"Disse
Rav: O mundo foi criado só para David. Disse Shemuel: Para
Moisés. Disse o Rabi Yochana: Para o Messias. Como se chama
o Messsias? (...) Se chama "o leproso da casa dos estudos"-
disseram os rabinos - porque disse o escrito: CERTAMENTE ELE
LEVOU AS NOSSAS ENFERMIDADES, E SOFREU NOSSAS DORES; E NÓS O
REPUTAMOS POR FERIDO DO ETERNO E OPRIMIDO" (Is 53)" (Talmud
Babilônico, Tratado San'hedrim 98a).
Outro trecho
sujeito a críticas é o que se encontra no verso 8: “Com
opressão e juízo iníquo foi aprisionado; acaso alguém (das
nações) argumentou para com sua geração: ‘Ele
(Israel/Yaoshor’ul) foi exilado da terra dos vivos pela
transgressão do meu povo, e por isso recebeu esse duro
golpe?’. Ao analisar o trecho destacado em negrito, o
que se vê é uma frase contraditória. Afinal, todo o tempo o
autor impõe um diálogo entre “Israel/Yaoshor’ul” e as
“nações”, excluindo uma terceira pessoa, a figura do
Messias.
Observe a
tradução interlinear-literal:
O que se vê
é que a expressão “ami” (meu povo) se refere a
ISRAEL/YAOSHOR’UL, a única nação no mundo que é chamada nas
Escrituras Hebraicas de “meu povo”. Então como pode o mesmo
Israel/Yaoshor’ul levar um golpe pelo “meu povo”
(Israel/Yaoshor’ul). Há um outro sujeito que recebeu um
golpe pela rebelião ou transgressão do povo de
Israel/Yaoshor’ul. Isto é demonstrado pelo verbo “nigzár”
(que está na 3ª pessoa do singular masculino – “cortado”) e
o verbo “lamô” (que também está na 3ª pessoa do singular
masculino – “recebeu”). Lembrando, que não há a expressão
“exílio” (galút) no texto original. Fica claro que neste
caso há referência ao Messias (a 3ª pessoa do singular) como
redentor das culpas de Israel/Yaoshor’ul.
Na ESN:
Após a prisão e o julgamento levaram-no então para a
morte. Mas, afinal, quem de entre o povo, naquele dia, se
deu conta de que era pelos pecados deles que ia morrer, que
estava sofrendo o castigo que deviam eles ter suportado?
Is 53:10
Este é outro trecho profundamente alterado, veja como se
segue a tradução feita pela Bíblia Hebraica em Português:
“Contudo,
aprouve ao Eterno oprimi-lo para testar se sua alma se
oferecia como restituição, para que pudesse ver prolongados
os dias de sua semente, e sentir prosperar, por seu
intermédio, os desígnios do Eterno”.
Agora
observe a tradução interlinear-literal:
Na ESN:
Contudo foi o bom plano de UL’HIM que ele fosse moído e
cheio de aflições. Mas, quando a sua vida for oferecida por
expiação do pecado, então terá uma multidão de filhos, uma
posteridade imensa. E tornará a viver; os planos de UL’HIM
hão de prosperar nas suas mãos.
O que se
deve discordar é a tradução do termo “asham” (oferta pelo
pecado) por “restituição”. Sabe-se o sentido literal de
“asham” como significando “compensação”, porém “asham” é uma
referência direta a “oferta pela culpa” oferecida no Templo,
conforme se vê o uso da palavra em textos como: Lv 7:15;
14:21 e 19:21. Ao ofuscar a função de “asham” do Messias,
exclui-se qualquer possibilidade, de encontrar a cura de
Israel/Yaoshor’ul, a resposta para um Yom Kipur verdadeiro.
Pois não há “Yom Kipur sem sangue” como afirma a
tradição. Sem dúvida, por isto o Eterno providenciou um “asham”,
uma oferta pela culpa de todo judeu. O Eterno providenciou
esta cura e os que a experimentam (judeu ou não-judeu)
conhecem bem os seus efeitos.
O que se vê
também, é que há uma suavização dos verbos usados. Ao invés
do verbo “testar” dever-se-ia usar como no original o verbo
“hechêlí” que vem da raiz “chalá” que só pode ser traduzido
como: “adoecer, se tornar enfermo, etc”. O verbo “testar” é
inexistente no original, não há nenhuma palavra que suporte
esta tradução. Vale aqui uma crítica: Por que a versão em
questão traduziu o termo que vem da raiz “chalá” como
“teste” em Isaías 53:10 e traduziu como “doente” em Isaías
33:24? Este texto foi traduzido como se segue:
“E não
dirá um habitante (de Jerusalém): ‘Estou doente’,
pois ao povo que ali vive serão perdoados todos os pecados”
(grifo meu).
TEXTO 4:
Zc 9:9
“Rejubila-te com todo teu ser, ó filha de Tsión! Clama com
alegria, ó filha de Jerusalém! Eis que para ti se encaminha
teu justo rei, triunfante por suas vitórias, mas ao mesmo
tempo comportando-se com humildade, cavalgando um filhote de
jumento”.
Observe a
tradução linear:
O texto
procura obscurecer a “pobreza” e o “sofrimento” do Messias
em sua primeira vinda Yaohushua era pobre, as narrativas dos
evangelhos deixam isto claro, e sofreu em sua trajetória
messiânica. Porém, neste caso há um obscurecimento deste
detalhe. Pois se insere a seguinte frase: “... triunfante
por suas vitórias, mas ao mesmo tempo comportando-se
com humildade...” Não há no original esta estrutura, ele
não se “comporta” com humildade, ele é “pobre e sofredor” yn[
(ani).
Veja o uso
da mesma palavra em alguns textos da Torá:
Ex 3:7 -
Falando do sofrimento e da aflição do povo de
Israel/Yaoshor’ul no Egito.
Dt 16:3 -
Falando do pão da aflição.
Dt 24:12 -
Falando do homem pobre.
O que a
profecia de Zacarias procura demonstrar é a dupla função do
Messias: “sofredor” e “vitorioso”. Interessante observar
novamente o que está preservado na tradição judaica, sobre
esta relação do Messias “sofredor x vitorioso”, como está
escrito:
“Rabino
Alexandre disse: Rabi Josué Bem Levi levantou uma
contradição. Está escrito, neste tempo [virá o Messias],
como também está escrito, Eu [ADONAI] apressarei isto! Se
eles forem dignos, eu apressarei isto, se não, [ele virá] no
tempo oportuno. Rab. Alexandre disse: Rab. Josué opôs-se com
dois versos: Está escrito, que um como o Filho do Homem virá
com as nuvens dos céus, mas também está escrito que o [Rei
virá a ti] humilhado e cavalgando sobre um jumento! Se eles
merecerem, ele virá com as nuvens dos céus, mas se não,
humilhado e sobre um jumento” (San’hedrim 98a).
Como
descrito, os rabinos debatiam o duplo caráter do Messias:
pobre, humilhado e afligido e ao mesmo tempo um Messias
vitorioso. Este conflito messianológico era muito presente
no I século em vários debates rabínicos. Pois de fato havia
textos que sustentavam o aspecto “sofredor” do Messias. Por
isto há a tradição de um “Messias Ben Yosef” que antecederia
o Messias vitorioso. A diferença que existe na abordagem dos
judeus messiânicos, é que simplesmente vemos Yaohushua como
este Messias sofredor e que ele mesmo (como prometera)
voltará para um povo que merecidamente o verá sobre as
nuvens dos céus, em sua segunda vinda.
Este mesmo
texto na ESN: Alegra-te intensamente, ó meu povo!
Grita de contentamento! Vê, o teu rei aproximar-se! Justo e
Salvador, pobre e montado num jumento, um pequeno
jumentinho.
TEXTO 5:
Zc 12:10
“E
derramarei sobre a Casa de David e sobre os moradores de
Jerusalém o espírito de graça e das súplicas, e olharão para
Mim por causa daqueles que foram transpassados e gemerão
como se fosse pela morte de seu filho único, e sofrerão como
quem sofre por seu primogênito”.
O problema
reside no trecho: “... e olharão para Mim por causa
daqueles que foram transpassados...”
Mais uma
vez, observe a tradução literal do trecho:
O uso de
“êt” ta pelo tradutor foi totalmente ignorado. O “êt” tem a
função de indicar objeto direto em uma oração, ou seja, que
a estrutura após o “êt” recebe a ação do sujeito da
estrutura anterior. “Eles” (os que olharão) são os sujeitos
da oração. “Eles olharão” para aquele (“...para mim...”) que
“eles transpassaram” e chorarão. Não há como sustentar
“aqueles que foram transpassados”, até porque o verbo
transpassar “dakarú” (wrqd) está na voz “Qal” ou seja, voz
ativa e não voz passiva. Indicado “ação sobre” e não que os
sujeitos da oração estão recebendo a ação. Mas, uma vez a
tentativa de ofuscar, o lamento sobre o Messias ferido pelas
iniqüidades de Israel/Yaoshor’ul e das nações.
Na ESN,
lemos: Nessa altura derramarei o espírito de graça e de
oração sobre todo o povo de Yah’shua-oleym, e verão aquele
que trespassaram, e chorarão por ele, como por um filho
único ou um primeiro filho que lhes tivesse morrido.
Conclusão:
Como pôde
ser observado, existe uma intensa produção textual inerente
ao judaísmo que tenta de alguma forma impedir a associação
entre os textos messiânicos em sua forma original com a
figura messiânica de Yaohushua o Nazareno. Por uma questão
óbvia, sabe-se que por séculos o judaísmo vem resistindo
esta combinação, na maioria dos casos de forma intencional.
A figura de Yaohushua vem sendo excluída do judaísmo durante
séculos. Hoje, já existe um movimento acadêmico/teológico
que tenta reconstituir Yaohushua como um judeu, como um
grande mestre, até mesmo como um possível profeta judeu, há
até os que afirmam como se segue, Yaohushua como um tipo de
Messias Ben Yosef:
"A
literatura teológica judaica clássica fala de um messias
fracassado. Na maioria dos textos, ele é chamado Messias
filho de José (ou Messias filho de Efraim). Trata-se de um
messias preliminar, que vem em antecipação do, e para abrir
o caminho ao Messias final, o Messias filho de David. É um
messias que morre a fim de criar as condições e proporcionar
a oportunidade, para que a redenção final ocorra. Essa idéia
de um messias sofredor é originária do messianismo judaico
(...) De acordo com outros historiadores judeus, a idéia do
Messias filho de José foi desenvolvida para conferir a
Yaohushua um lugar na teologia messiânica judaica. Segundo
essa concepção, a idéia foi desenvolvida para tentar
convencer os judeus do primeiro século que acreditavam que
Yaohushua era o Messias de que na verdade ele era um messias
judeu, mas não o Messias definitivo. Essa tentativa,
esperava-se, evitaria a separação desses judeus da
comunidade judaica"
(Yaohushua
segundo o Judaísmo, Ed. Paulus - Capítulo "Quem você diz que
sou?" - Rabino Byron L. Shewin*)
*Currículo:
Professor de filosofia e misticismo judaicos no Spertus
Institute of Jewish Studies in Chicago. Ordenado no Jewish
Theological Seminary.
O que se
propõe com este artigo é que irmãos judeus [e os ditos
judaicos-messiânicos com suas rezas, kipas e talits; além
das tais de 613 leis] tenham suas mentes abertas e seu
espírito livre pela verdade. Que questionem, que investigam
com mente e coração dispostos pela Verdade. A verdade é
cara, custa vínculos, revisão de dogmas, mas a recompensa é
incomensuravelmente valiosa, ela liberta.
O judaísmo
possui em sua religiosidade indícios de uma revelação que
está nas entrelinhas dos textos sagrados, na liturgia, nos
cantos sinagogais e na sabedoria dos rabinos. Yaohushua foi
o único judeu que dividiu a história; sua simplicidade
enigmática deixou uma marca no tempo. As impressões que Ele
legou, nunca serão feitas por outro judeu na história.
Uma crítica
como esta, não tem outro fim, a não ser permitir que as
pessoas pensem, pensem de forma autônoma e livre, para
compreenderem finalmente a Verdade além dos dogmas. Amnao!
Musaf - sãos as orações de acréscimos no sidur, o
livro de orações e louvores judaicos usados nas
sinagogas.
Seir - se refere ao lugar onde Esaú/Essáv foi. Essáv
(que é chamado também de Edom) na literatura
Talmúdica alude ao cristianismo; mas nós sabemos que
se refere aos palestinos...
|