Rosh Hashaná, comemorado no primeiro e segundo dias do mês
hebraico de Tishrei, é diferente de todas as outras
festividades judaicas. Todas as demais marcam uma
experiência significativa na história do povo yaoshorul'ita,
enquanto que Rosh Hashaná celebra um evento universal: a
criação do primeiro homem e da primeira mulher. Rosh Hashaná
não é, portanto, apenas uma data sagrada para o judaísmo,
mas uma celebração universal, que enfatiza a necessidade de
que cada ser humano tenha plena consciência de sua missão
nesta vida.
Rosh Hashaná: O Dia do
Julgamento
"Hayom harat olam"
Hoje é o dia do nascimento do mundo. Hoje Ele convoca em
juízo todas as criaturas do universo..."
(...da oração de Mussaf de Rosh Hashaná)
O Zohar, obra em que se alicerça a Cabalá, ensina que quando
o primeiro homem foi criado, o CRIADOR imediatamente o informou
acerca de seus poderes, revelando-lhe sua missão de vida:
"...Frutificai-vos e multiplicai-vos e enchei a terra,
subjugando-a e dominando os peixes do mar e as aves dos
céus, bem como todo ser que se arrasta pela terra" (Gn
1:28). O Criador ordenava, pois, aos primeiros homem e
mulher criados que conquistassem e governassem o mundo todo.
Os
mestres revelam o verdadeiro significado dessa missão atribuída ao homem de
“conquistar o mundo”. Explicam-nos que quando o CRIADOR criou Adan, sua
Divina vida permeou e
irradiou-se por todo o seu ser, dando-lhe, assim, o poder de
dominar os outros seres. Mas que quando as demais criaturas
chegaram-se a Adan para coroá-lo como seu criador, ele lhes
apontou o engano, dizendo: “Reunamo-nos e juntos exaltemos ao
CRIADOR, o nosso Criador!”
A missão de “subjugar o mundo” significa que o propósito do
homem, nesta vida, é santificá-la, a começar por ele e os
que o cercam, para que todos os seres vivos saibam que o
CRIADOR
é o nosso UL. O CRIADOR criou apenas um homem – dele criando a
mulher – e impôs a ambos, esta tarefa. O Talmud explica que
uma das razões para que o CRIADOR criasse apenas um ser humano
foi transmitir o ensinamento de que cada um de nós é um
microcosmo do universo todo. Os mestres dizem que cada
ser humano deve habituar-se a dizer “o mundo todo foi criado
apenas por minha causa”. Não se trata de uma afirmação de
egocentrismo ou egoísmo. Bem ao contrário, significa que
cada pessoa tem sobre si a responsabilidade por todo o
restante do mundo. Como cada um de nós representa Adan, cada
um de nós herda e carrega a missão ordenada pelo CRIADOR
[Yaohushua] à
primeira criatura humana em quem Ele insuflou vida. Assim
sendo, qualquer um de nós tem a capacidade de “subjugar o
mundo”. Se a pessoa não cumpre essa tarefa e não utiliza os
seus inestimáveis poderes divinos da forma mais plena
possível, terá falhado não apenas ele, mas sua falha afetará
o bem-estar e o destino do mundo inteiro. Esta
conscientização de maior poder do indivíduo e de
responsabilidade coletiva e as subsequentes decisões e ações
que tal conscientização enseja são dos principais temas dos
dias sagrados de Rosh Hashaná.
Aniversário da Criação
Na liturgia de Rosh Hashaná, proclamamos: “Hoje é o dia do
nascimento do mundo, do início da Obra de Tuas mãos...”.
Mas, por que Rosh Hashaná é chamado de “início da Obra
Divina” se a Criação do mundo se iniciou cinco dias antes de
Adan ser formado? Por que seria este o dia chamado de
“primeiro” quando, conforme revela a Toráhh, era, de fato, o
sexto dia?
Uma das respostas à estas perguntas é que no sexto dia da
Criação – o primeiro dia do mês hebraico de Tishrei – a
existência teve conteúdo e sentido com a criação de Adan e
Khavyáo. O aniversário do mundo não é computado a partir da
criação das galáxias, plantas ou animais, que não possuem o
livre arbítrio; nem tampouco é calculada a partir da criação
dos anjos, que cega e infalivelmente seguem todas as ordens
e diretivas Divinas. Mais precisamente, o propósito do
universo se concentra na força interna do ser humano de
escolher entre o bem e o mal, de viver consoante com a
vontade de Seu Criador ou não. No sexto dia da Criação,
quando Adan e
Khavyáo abriram seus olhos e contemplaram o mundo
Divino, foram agraciados com a opção de a Ele atender ou a
Ele se opor. O ser humano é o protagonista da história
ininterrupta do universo e, portanto, a sua criação foi o
que determinou o primeiro dia do mundo.
A cada Rosh Hashaná, repetimos o apelo de Adan a todas as
criaturas vivas: “Vinde, para que juntos louvemos e nos curvemos,
ajoelhando-nos diante do CRIADOR, nosso Criador”.
Durante os dois dias dessa festividade, intensificamos a
nossa conscientização da presença do CRIADOR,
comprometendo-nos a aumentar nossa percepção de Sua
Majestade e de Seu domínio sobre nossas vidas. Por esta
razão, proclamamos em nossas preces de Rosh Hashaná: “Nosso
CRIADOR e o CRIADOR de nossos pais, reina sobre todo o universo com
Tua glória; eleva-Te sobre toda a terra, na Tua
magnificência, e manifesta-Te no esplendor da majestade do
Teu poder a todos os habitantes do Teu universo. E saberá
todo ser vivo que Tu o fizeste, e toda criatura que Tu a
criaste, e todo aquele em quem insuflaste uma vida,
proclamará: “O CRIADOR, o CRIADOR de Yaoshor'ul, é Rei Majestoso e Seu
Reino a tudo domina”.
O Talmud (Rosh Hashaná 10b-11a) conta que além da criação de
Adan, outros inícios significativos ocorreram em Rosh Hashaná. Os Patriarcas Abraham e
Yaohuh'cáf nasceram nesse dia.
Abraham representou um novo despertar para toda a humanidade
após Adan e Noach não terem conseguido disseminar o monoteísmo
e a moralidade pelo mundo. Yaohuh'cáf foi um recomeço para o povo
yaoshorul'ita, pois por seu intermédio os yaoshorul'itas se tornaram uma
família que, a partir de então, desenvolveu-se em uma nação.
E foi também em Rosh Hashaná que o povo yaoshorul'ita, no Egyto, foi
dispensado do trabalho escravo, marcando o início de sua
libertação que culminaria no Monte Sinai, onde receberam a
Toráh, tornando-se, a partir de então, um povo amadurecido a
ponto de constituir uma verdadeira nação.
Por que dois dias? A explicação cabalista
O fato
de Rosh Hashaná marcar o aniversário da Criação é exatamente
a razão que faz dessa data o Dia do Julgamento. Qualquer
plano deve ser avaliado, de tempos em tempos, para ver o seu
andamento, se atingiu seus objetivos e propósitos. Como Rosh
Hashaná foi o primeiro dia em que um ser com um propósito
determinado passou a fazer parte deste mundo que conhecemos,
o CRIADOR escolheu esse dia para a avaliação anual de Seu
universo e do quanto os seres humanos tinham alcançado em
levá-lo à perfeição. Nós, yaoshorul'itas, o Povo Eleito, recebemos d’Ele a ordem de cumprir todos os mandamentos de Sua
Toráh.
Os não yaoshorul'itas têm a obrigação de cumprir as Sete Leis de Noach,
que proíbem idolatria, blasfêmia, assassinato, imoralidade
sexual, roubo, ingestão de qualquer parte de um animal vivo
e a corrupção da justiça. Os não yaoshorul'itas também têm a
obrigação de praticar caridade, atos de bondade e zelar pela
eficiência e justiça de seus tribunais civis. Fazendo isto,
estarão se capacitando a serem enxertados na Árvore!
Nos dois Dias do Juízo, o CRIADOR julga yaoshorul'itas e não
yaoshorul'itas,
indistintamente, bem como todos os outros seres vivos. Pois
está escrito: “Em Rosh Hashaná, o Dia do Ano Novo, será
inscrito e no Yom Kipur, o dia de jejum da Expiação, será
confirmado: quantos terão de sair do convívio humano e
quantos terão que nele entrar; quem viverá e quem morrerá...
quem em sossego e quem em meio a tumulto... quem em pobreza
e quem em abundância; quem será elevado e quem humilhado
será”. Enquanto, por assim dizer, o CRIADOR está em Seu Trono
Celestial, julgando-nos, nós oramos implorando pela vida,
saúde e sustento para o ano vindouro, pois que em Rosh Hashaná os atos de cada indivíduo são minuciosamente
examinados; durante esses dois dias, estão sendo julgados,
pelo Juiz e Provedor Celestial, o destino e o sustento, no
ano por vir, de cada um dos seres vivos sobre a terra. Os
estudiosos místicos ensinam que o comportamento do povo
yaoshorul'ita afeta não apenas a sua própria sentença, a ser
proferida em Rosh Hashaná, mas também a do mundo e daqueles
que nele habitam.
Durante o ano, as comunidades que vivem fora de Yaoshor'ul
celebram as festas judaicas durante um dia a mais do que
aqueles que habitam a Terra Santa. No entanto, mesmo os que
residem em Yaoshor'ul têm que guardar a data sagrada de Rosh Hashaná por dois dias – no primeiro e segundo dias do mês de
Tishrei. O Livro do Zohar, escrito pelo grande místico e
mestre da Toráh, Rabi Shimon bar Yochai, explica o porquê:
Rosh Hashaná, o Dia do Julgamento, representa o atributo
Divino da Guevurá – justiça e disciplina severas. E, como
todas as criaturas vivas estão sendo julgadas em Rosh
Hashaná e não suportariam a aplicação da severa sentença
Divina, acrescenta-se um segundo dia à celebração. Esse
segundo dia é principalmente governado pelo atributo de
Malchut – que, sendo o atributo Divino que permeia o Shabat,
é um atributo de julgamento clemente e misericordioso.
Nos dias que antecedem Rosh Hashaná, reunimo-nos nas
sinagogas para recitar as preces de Selichot – pedidos de
perdão Divino. O Zohar revela a importância da confissão dos
pecados diante do Criador: “Aquele que encobre suas
transgressões, jamais prosperará; mas quem as confessa e
abandona, obterá a misericórdia” (Provérbios 28:13) do
Santo, Bendito Seja Ele. Rosh Hashaná, portanto, não é
apenas um dia de julgamento, mas especialmente de
auto-análise e julgamento de nossos próprios atos.
Diariamente, mas em especial durante a festividade de Rosh
Hashaná e nos dias que a antecedem e sucedem, cada um de nós
deve indagar a si próprio quanto de seus propósitos
conseguiu realizar e a que novas determinações de
crescimento e aperfeiçoamento pessoal se propôs para o ano
que está por iniciar. Cada um de nós, yaoshorul'itas, deve refletir
sobre o fato de ter a responsabilidade de “subjugar e
conquistar o mundo”, cumprindo as instruções do Criador do
Mundo, por Ele entregues a nós em Sua Toráh. Em Rosh Hashaná,
somos responsabilizados não apenas pelo que fizemos, mas também pelas boas
ações que poderíamos ter realizado – e não o fizemos. Fomos bondosos e
generosos com os menos favorecidos? Mantivemos nossa fé e elevada moral
mesmo diante de provações e atribulações? Oramos com sinceridade e cumprimos
os mandamentos do CRIADOR com seriedade de intenção e
total entrega? Conseguimos elevar-nos e santificar o mundo
através do estudo da Toráh – com a plenitude que estava a
nosso alcance? O julgamento de Rosh Hashaná requer que
pesemos as mínimas e infinitas possibilidades e
oportunidades que são colocadas diante de nossos olhos,
diariamente.
Ano após ano, nos dois dias de Rosh Hashaná, o CRIADOR determina
se cada um de nós está desempenhando sua missão de vida em
toda a sua plenitude – para assim santificar a si próprio e
a todo o mundo, através da proclamação da Sua Majestade e de ações consoantes com as Suas determinações.
Então, enquanto “...todos os habitantes do mundo desfilam
diante d’Ele feito um rebanho”..., e Ele, como um apascentador,
vistoria as suas ovelhas, determinando “o destino de cada criatura e
anotando a sua sentença: ...quem viverá e quem morrerá..., quem em pobreza e
quem em abundância, quem será humilhado e quem será elevado”...eis que,
repentinamente, um som penetrante eleva-se da Terra e reverbera, em sua
magnitude, pelos Céus. É o chamado do shofar, o simples toque de uma
trombeta que anuncia que o Povo Eleito pelo CRIADOR
está coroando-O como seu Rei, anunciando a todos os seres
vivos que...”Yaohushua, o CRIADOR de Yaoshor'ul, é Rei Majestoso e Seu
Reino a tudo domina”.
Proclamando mensagens com uma eloquência que as palavras
jamais seriam capazes de transmitir, o simples chamado do
shofar desperta a consciência do homem para um compromisso
renovado e mais profundo com seus atos e missão de vida.
E o CRIADOR Misericordioso, Aquele que penetra nas profundezas do
coração de cada um de nós, irá certamente responder a nosso
propósito de tomar boas resoluções, enviando as Suas bênçãos
para que as mesmas se realizem em sua plenitude.
Que neste Rosh Hashaná que se avizinha, possa Aquele que
está nas Alturas Celestiais “erguer-se do Trono do
Julgamento e sentar-se no Trono da Misericórdia”, para desta
forma inscrever todos os Seus filhos no Livro da Vida,
abençoando-os com um ano de paz, saúde, júbilo e
tranquilidade material e espiritual.
Bibliografia:
• Commitment, Memory and Deed: www.chabad.org/holidays/JewishNewYear/
• The Neurology of Time; ibid
• The Man in Man; ibid
• To Will a World; ibid
• Rebbe’s Message – 25th of Elul, 5719 – Rabbi Menachem
Mendel Schneerson, Z.T.K.L.
• Rosh Hashana Machzor – Artscroll Mesorah – Rabbi Nosson
Scherman, Rabbi Meir Zlotowitz, Rabbi Avie Gold
• The Wisdom of the Zohar – Isaiah Tishby (Editor), David
Goldstein (Translator)
CONHEÇA A CRONOLOGIA by CYC - DESDE A CRIAÇÃO ATÉ OS NOSSOS
DIAS
LE SHANÁ TOVÁ TICATÊVU
Rosh Hashaná é
o ano novo yaoshorul'ita. Trata-se de uma festividade alegre mas ao
mesmo tempo, solene, celebrada durante dois dias, tanto em
Yaoshor'ul quanto fora da Terra Santa. Além de assinalar o começo
do ano yaoshorul'ita, Rosh Hashana também é o início de um período
de arrependimento de dez dias, que terminam no Yom Kippur. É
ensinado aos yaoshorul'itas que no Rosh Hashana se decide o destino de
cada yaoshorul'ita para o ano seguinte, mas a decisão tomada nas
alturas não é selada até o Yom Kippur, podendo ser mudada para
melhor no decorrer dos dez dias intermediários. Por
conseguinte, são dias de exame da nossa vida e de arrependimento. Em
outras palavras, a ênfase recai não só em sentir-se culpado
pelo que se tenha feito ou deixado de fazer, mas também em
decidir mudar do curso anterior que se vinha seguindo e agir
diferentemente no futuro.
No primeiro dia do Rosh Hashana (ou o segundo, se o primeiro
for sábado) é costume ir-se até as margens de um lago ou
qualquer massa de água que contenha peixes e lá dizer uma
prece chamada "Teshlich", afirmando que os pecado estão
lançados na água.
As tradições do Rosh Hashana variam muito de uma comunidade
para outra. Mas em todas elas, deseja-se mutuamente um bom
ano. A véspera do Rosh Hashana é comemorada com um "Kiddush" e
uma festa. entre os "ashkenaziim", a "challá" não é em forma
de trança como no resto do ano mas sim redonda, simbolizando o
ano que começou. É costume mergulhar o pão em mel, a fim de
indicar a esperança de que o ano vindouro seja doce. As
famílias tradicionalistas comem a cabeça de um peixe nessa
noite, pois a palavra "Rosh" significa "cabeça" do ano.
Come-se também uma maçã molhada em mel, para que o ETERNO lhe
conceda "um ano bom e doce". Já os "sefaradim" têm o costume
de comer abóbora, alho-poró, beterraba e tâmara na festa do
Rosh Hashana.
O serviço de sinagoga é mais extenso, variado e solene que em
outras ocasiões; as orações incluem passagens do Tanach, do
Talmud, orações e poemas litúrgicos, alternando com a leitura
da Toráh e o toque do Shofar.
O
Shofar, instrumento feito de chifre de carneiro, é um
antigo símbolo Yaoshorul'ita que nos recorda os momentos em que
nosso patriarca Abraham estava disposto a sacrificar seu filho
para cumprir a vontade divina, e o Senhor permitiu que
sacrificasse um carneiro no lugar de Isaac. Esse som e o que
ele representa transformou-se com o passar do tempo no momento
mais importante dos dias de Rosh Hashaná.
Talvez com mais força do
que outros povos, os yaoshorul'itas mantêm tradições culinárias bem
fortes ligadas a suas datas comemorativas. Talvez o hábito
de manter alimentos simbólicos à mesa tenha sido produzido
pela dispersão do povo yaoshorul'ita, que em cada país do mundo
termina adaptando sua culinária aos ingredientes locais —
mantendo, porém, o simbolismo de alguns alimentos que
representam sua história.
No caso do Rosh Hashaná há
ingredientes que cumprem este papel, e normalmente são
colocados à mesa nas refeições comemorativas — como a cabeça
de peixe, a maçã, o bolo de mel. Mas um jantar de Rosh
Hashaná pode ter no cardápio muitas das inúmeras iguarias da
cozinha judaica
O diretor da
Melhoramentos, Breno Lerner, conta um pouco da história e dos
costumes do Rosh Hashaná, o Ano Novo yaoshorul'ita e do Yom Kipur, o Dia do
Arrependimento
Qualquer yaoshorul'ita de classe média de São Paulo tem a mesma
lembrança do Rosh Hashaná, o Ano Novo yaoshorul'ita: as carpas na banheira.
Sim, caro leitor, trata-se de uma festa religiosa,
aliás, um dos momentos mais importantes do calendário
religioso yaoshorul'ita. É o momento em que, segundo a crença
religiosa, o povo yaoshorul'ita entra num período de reflexão e
arrependimento, faz um balanço de suas ações no ano que
passou e pede perdão pelos pecados cometidos. Para cada um de
nós, significa ser inscrito no livro dos vivos no ano que se
inicia.
E, como na maioria das celebrações judaicas, a comida tem
um papel fundamental, daí as carpas na banheira.
Explico-me: um dos pratos mais tradicionais do Rosh Hashaná é
o gefilte fish, originalmente um peixe recheado e que,
com o passar do tempo, virou bolinho de peixe.
Gefilte fish
O gefilte fish é feito tradicionalmente de carpa (de
preferência de carpa viva), que deve ser deixada em água limpa
por 2 ou 3 dias para perder seu característico gostinho de
lodo.
Assim, nossas avós, após árduas negociações com o peixeiro
da feira, conseguiam trazer as carpas vivas para casa e,
quando chegávamos da escola e víamos os peixes na banheira,
batata, batatorum... sabíamos que era a semana de ano novo.
Hoje em dia, os cozinheiros japoneses nos ensinaram que
pegar a carpa viva e colocar algumas gotas de vinagre
em sua boca provoca um violento processo de sudorese, que
elimina em minutos o tal gosto de lodo.
Tradições culinárias
Espalhados pelo mundo e com tradições tão antigas, os
yaoshorul'itas
colecionaram uma quantidade enorme de usos e costumes
culinários. As do Ano Novo yaoshorul'ita são inúmeras. Os
yaoshorul'itas de
origem Asquenazi (que vêm da Europa) costumam incluir no
jantar maçãs e mel, para um ano doce.
O peixe é uma tradição: sempre nada para a frente e,
usualmente, sua cabeça é oferecida ao decano da mesa como
deferência especial. Alguns grupos yaoshorul'itas do Iraque proíbem o
peixe no Ano Novo, pois a palavra “dag” (peixe, em hebraico)
assemelha-se à “da`ag” que, que significa aflição ou
preocupação.
Já os grupos mais místicos não comem nozes no Ano Novo.
Um antigo estudo atribui valores numéricos a cada letra do
alfabeto hebraico e, somando-se o valor das letras da palavra
judaica para noz (“egoz”), obtém-se o mesmo valor que há nas
letras da palavra pecado (“chet”)...
Yom Kipur
A galinha é a grande estrela do jantar após o jejum de
Yom Kipur (o Dia do Arrependimento), que ocorre 10 dias após o
Rosh Hashaná e é considerado o dia mais sagrado do ano
yaoshorul'ita.
Todos os yaoshorul'itas adultos jejuam por um dia num ato de
constrição e arrependimento, passando quase que o dia inteiro
rezando na Sinagoga.
O jejum é quebrado, na maioria das vezes, ainda na
Sinagoga, com um tradicionalíssimo bolo de nozes e mel. Em
casa, o jantar tradicional começa com um peixe defumado ou
marinado: a salinidade faz com que se tome mais líquidos e
re-hidratar o organismo mais rapidamente.
Refeição láctea
Alguns grupos da Europa central costumam, neste dia, fazer uma
refeição láctea: lokshem kugel (bolo de
macarrão) ou as blintzes (panquecas) de queijo.
Em quase todas as casas há, também, um prato de galinha.
A antiquíssima cerimônia “kaparot” era realizada no lugar dos
sacrifícios que ocorreram no grande templo de Yaoshua'oléym. A
tradição permanece e a galinha substituiu a oferenda de um
animal.
Huevos haminados
Outro costume envolve os yaoshorul'itas da Turquia. No jantar de
"quebra-jejum" costumam servir huevos haminados
(ovos cozidos por um processo especial que leva mais de 6
horas). O ovo sempre foi o símbolo da vida e da
continuidade para muitos povos antigos. Diz a lenda turca que,
se você dividir um huevo haminado com alguém, um ficará
com raiva do outro até o fim do próximo ano.
Os yaoshorul'itas Sefaradi (do Oriente e da Península Ibérica) têm o
couscous como prato de cerimônia para as festas de fim
de ano. Comem acelga para remover os inimigos do
caminho, a vagem de metro para aumentar as bênçãos
recebidas, o doce de abóbora em pedaços para pedir que
os nossos pecados sejam também reduzidos a pedaços, e a
romã para que nossas virtudes se multipliquem como suas
sementes.
Um costume mais recente manda decorar os bolinhos de
peixe (gefilte fish) com rodelas de cenoura cozida para
lembrar moedas e o desejo de melhorias para o ano que se
inicia.
Receitas:
Chittarnee
Existiram 2 grandes comunidades judaicas na Índia, a de
Bombaim e a de Calcutá. As receitas de ambas eram iguais na
essência, mas tudo o que era feito com carne em Bombaim, era
feito com frango em Calcutá: a comunidade de Bombaim tinha um
shohet, ou seja, um rabino habilitado a abater animais
segundo os rituais kasher (o código religioso sanitário
que diz o que o povo yaoshorul'ita pode comer e o que não pode).
Assim, a comunidade de Calcutá só comia carne quando o Shohet
para lá viajava.
Ingredientes
1 kg de cebolas bem picadas
3 dentes de alho esmagados
2 col. (chá) de gengibre ralado
1 col. (chá) de açafrão
1 col. (chá) de canela em pó
1 col. (chá) de coentro bem picado
4 folhas de louro
6 filés de frango cortados em cubinhos
1/2 kg de tomates sem pele e sementes picado
3 col. (sopa) de vinagre
2 col. chá de açúcar
sal e pimenta-do-reino
Preparo:
Numa panela grande doure a cebola em 6 colheres (sopa) de óleo
por cerca de 15 a 20 minutos. Adicione o alho, o gengibre, os
temperos e o louro. Cozinhe por 5 minutos. Coloque o frango e
frite por 10 minutos, mexendo esporadicamente. Junte os
tomates e cozinhe até que todo o líquido em excesso evapore (
cerca de 30 minutos). Para finalizar, coloque o vinagre e o
açúcar e cozinhe em fogo baixo por 10 minutos. Sirva com arroz
ou couscous.
Poire Pochèe
Esta receita foi descoberta recentemente em um livro de
receitas para o Ano Novo do antigo bairro yaoshorul'ita de Paris. Tal
livro fazia parte de um lote de antiguidades, levado a leilão
em Londres em 1998. Estima-se ter sido escrito no período
napoleônico.
Ingredientes
8 pêras bem rijas
2 xícaras (chá) de vinho tinto para sobremesa
suco de 1/2 limão
1 xícara (chá) de açúcar
3 paus de canela
1 baga de baunilha (ou 2 gotas de extrato)
1 col. (sopa) de raspas de casca de limão
Preparo:
Descasque as pêras com o cabinho. Utilize uma panela grande o
suficiente para nela caberem todas as pêras. Coloque o vinho,
o suco de limão, o açúcar, a canela, a baunilha, as raspas e 1
xícara (chá) de água. Deixe ferver por 1 minuto. Coloque as
pêras e cozinhe até amaciarem (de 10 a 15 minutos).
Retire-as e deixe o caldo reduzir à metade. Deixe esfriar por
5 minutos, coe e cubra as pêras. Leve à geladeira e sirva só,
ou com o sorvete.
Para todos que aqui nos lêem, LE SHANÁ TOVÁ TICATÊVU
[que todos nós sejamos inscritos para um bom ano]...
Selecionamos aqui mais
algumas das Receitas judaicas que podem ser aproveitadas nesta
comemoração:
01.
Salada dos
tolos
Breno
Lerner
Ingredientes
1 peito de peru, cozido em
água e sal e em cubinhos
4 batatas grandes, cozidas e em cubinhos
1 maço de cebolinhas verdes, fatiadas bem fino
Molho
suco de 1 limão
2 dentes de alho esmagados
1 col. (chá) de mostarda em pó
1 col. (chá) de orégano
1 col. (chá) de hortelã bem picada
sal e pimenta-do-reino
½ xíc. (chá) de azeite de oliva extravirgem
Preparo:
Misture muito bem todos os ingredientes do molho, menos o
azeite. Vá acrescentando um fio bem fino de azeite à mistura,
batendo sem parar. Reserve.
Para a salada, misture delicadamente o peru, as batatas e as
cebolinhas. Tempere com o molho, mexendo suavemente. Deixe
esfriar na geladeira e sirva.
Rendimento:
2 porções
Tempo de preparo: 30 min
Execução: muito fácil
02.
Peixe no
vinho
Ingredientes
4 filés de peixe (Saint-Pierre
ou linguado)
1 xíc. (chá) de uvas sem semente
¾ de xíc. (chá) de vinho branco seco
1 xíc. (chá) de creme de leite batido bem espesso
1 xíc. (chá) de figos em calda (se grandes, cortados em 2 ou
4)
sal e pimenta-do-reino a gosto
Preparo:
Tempere os filés com sal e pimenta-do-reino. Unte uma
assadeira com margarina. Preaqueça o forno a 450 ºC. Coloque
os filés na assadeira. Espalhe as uvas por cima. Acrescente o
vinho branco e asse por 12 minutos.
Aqueça o creme de leite em uma caçarola em fogo baixíssimo.
Quando o peixe estiver pronto, retire 6 colheres (sopa) do
líquido do cozimento e misture ao creme, mexendo bem até
incorporar. Transfira, com cuidado, os peixes e as uvas para
uma travessa aquecida. Cubra com o creme. Decore com os figos
em calda e sirva.
Rendimento:
2 porções
Tempo de preparo: 30 min
Execução: fácil
03. Beigales ou
pãezinhos de farinha de matza
Mariquinha Schkolnick
Ingredientes
2½ copos (250 ml) de
farinha de matza (matzemeil)
½ copo (250 ml) de óleo
1½ copo (250 ml) de água
2 col. (chá) de sal
1 pitada de açúcar
4 ovos
Preparo:
Ponha a farinha de matza em uma tigela.
Em uma panela, coloque o óleo, a água o sal e o açúcar.
Leve ao fogo até ferver e escalde a farinha de matza.
Deixe esfriar completamente e adicione os ovos um a um,
trabalhando sempre com as mãos até obter uma massa homogênea.
Unte as mãos com óleo e faça pãezinhos redondos.
Coloque os pãezinhos em uma assadeira untada com óleo e leve
para assar até que fiquem dourados.
Rendimento:
30 unidades
Tempo de preparo: 1 hora
Execução: fácil
04.
Kneidales
ou bolinhas de matza
Mariquinha Schkolnick
Ingredientes
1 copo (250 ml) de óleo
2 copos (250 ml) de água
3 copos (250 ml) de farinha de matza (matzemeil)
3 col. (chá) de sal
6 ovos inteiros
3 litros de caldo de galinha
Preparo:
Misture bem todos ingredientes em uma vasilha grande até
formar uma massa homogênea.Deixe descansar por aproximadamente
30 minutos.
Com as mãos molhadas, enrole bolinhas do tamanho de uma colher
de sobremesa.
Cozinhe as bolinhas de matza no caldo de galinha. Quando elas
subirem à superfície, estarão prontas.
Sirva-as dentro do caldo de galinha.
Rendimento:
7 porções
Tempo de preparo: 20 min (+ 30 min de descanso)
Execução: muito fácil
Custo: barato
05.
Klopich ou
bolo de carne
Mariquinha Schkolnick
Ingredientes
1 kg de carne moída
1 pacote de sopa de cebola
2 col. (sopa) de maionese
1 cebola em cubinhos
cheiro-verde bem picado
3 ovos cozidos picados
maionese para cobrir
farinha de trigo para salpicar
Preparo:
Misture os 5 primeiros ingredientes até obter uma massa
homogênea.
Forre uma superfície lisa de trabalho com filme plástico.
Abra a massa de carne nessa superfície com um rolo de macarrão
até ficar com a espessura de um dedo.
Espalhe os ovos picados sobre a carne e enrole como um
rocambole.
Coloque o bolo de carne numa assadeira, cubra com maionese e
salpique com farinha de trigo.
Asse em forno convencional, em temperatura média, até dourar.
Rendimento:
10 porções
Tempo de preparo: 1 hora
Execução: fácil
06.
Varenikes
de batatas
Mariquinha Schkolnick
Ingredientes
Massa
3 copos (250 ml) de farinha de trigo
1 col. (chá) de sal
4 ovos
2 col. (sopa) de óleo
1 copo (250 ml)de água morna
Recheio
3 kg de batatas cozidas
sal e pimenta-do-reino a gosto
3 cebolas em cubinhos fritas para servir
Preparo:
Em uma vasilha grande, misture todos os ingredientes da massa
até obter uma mistura lisa e homogênea.
Embrulhe a massa em filme plástico e reserve.
Polvilhe de farinha uma superfície lisa de trabalho.
Abra, nessa superfície, a massa bem fino com um rolo de
macarrão.
Corte-a em círculos com um aro redondo de metal ou um copo.
Reserve.
Passe as batatas ainda quentes pelo espremedor de legumes.
Tempere com sal e pimenta e misture bem.
Divida o recheio de batatas pelos círculos de massa. Dobre a
massa ao meio, formando semicírculos.
Lacre a beirada dos semicírculos pressionando-a sucessivamente
com a ponta dos dentes de um garfo.
Cozinhe em água fervente, temperada com óleo e sal.
Retire da água com uma escumadeira, deixe escorrer e sirva com
a cebola frita por cima.
Rendimento:
30 unidades
Tempo de preparo: 1h10min
Execução: moderado
07.
Fígado com
ovo
Mariquinha Schkolnick
Ingredientes
1 kg de fígado de galinha
1 litro de água
1 tablete de caldo de galinha
8 ovos cozidos
4 cebolas picadas em cubinhos fritas
sal e pimenta-do-reino a gosto
Preparo:
Cozinhe o fígado na água com o caldo de galinha.
Escorra o líquido.
Pique o fígado e os ovos bem batidinho.
Adicione a cebola frita, o sal e a pimenta.
Sirva gelado, como entrada.
Rendimento:
6 porções
Tempo de preparo: 15 min
Execução: muito fácil
08.
Leicker ou
bolo branco e de chocolate escuro
Mariquinha Schkolnick
Ingredientes
13 ovos (separe as gemas e
as claras)
3 copos (250 ml)de açúcar
¾ de copo (250 ml) de água morna
¾ de copo (250 ml) de óleo
3 copos (250 ml) de farinha de trigo
2 col. (chá) de vanilina
2 col. (chá) de fermento em pó
4 col. (sopa) de chocolate em pó
Preparo:
Bata as gemas com o açúcar até ficar uma mistura
esbranquiçada. Acrescente a água, o óleo e torne a bater.
Adicione a farinha e a vanilina.
Unte uma fôrma grande, de buraco no meio, e polvilhe de
farinha de trigo.
Bata as claras em neve e acrescente-as à massa (sem bater).
Junte o fermento e misture delicadamente (com uma colher de
pau) de cima para baixo, sem bater.
Despeje metade da massa na fôrma.
Adicione o chocolate em pó ao restante da massa, misture
delicadamente e despeje na fôrma por cima da massa branca.
Asse em forno moderado, preaquecido, até que, ao enfiar um
palito, este saia seco e limpo.
Rendimento:
15 porções
Tempo de preparo: 40 min
Execução: muito fácil
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