[Ex-membro do Corpo Governante das
"Testemunhas de Jeová"]
- apresentação de apenas 03 capítulos
inerentes às doutrinas antibíblicas -
(SUFICIENTE PARA O ESTUDANTE DAS ESCRITURAS
PERCEBER ONDE ESTA DEPOSITANDO SUA VIDA ETERNA)
Editorial:
O autor, tendo sido um membro de
terceira geração das "Testemunhas de Jeová", viveu entre elas os últimos
sessenta anos de sua vida, servindo em diversos países e em todos os
níveis da estrutura organizacional. Destes sessenta anos, os últimos
nove ele passou no conselho executivo central, o Corpo Governante.
Aqueles anos o levaram à Crise de Consciência que tornou-se o TEMA
deste livro. É uma narrativa ímpar. Proporciona ao leitor uma visão
das sessões decisórias de um conselho religioso fechado, e do
poderoso, e às vezes dramático, impacto que SUAS DECISÕES tem sobre as
vidas das pessoas. Passando desde a doutrina [equivocada] do “não
alimentar-se de sangue” até a escatologia envolvendo o ano de
1914, fadado ao erro e por diversas vezes manipulado ou alterado
em seus valores por este Corpo Governante que, de forma alguma é a voz
do ETERNO – Ez 13:7.
Edição by o Caminho
NOTA DE oCAMINHO: Nossa edição limitou-se apenas em relação ao Nome do
Filho...
Cap 5: TRADIÇÃO E LEGALISMO
"E assim, aproveitando-se de uma regra feita pelos homens, contrariam a
ordem direta de UL... ensinam leis feitas pelos homens em vez de leis vindas
de UL".
Matt’yaohuh 15:6,9
[ESN
- Escrituras Sagradas segundo o Nome - EUC (Edição Unitariana Corrigida by
CYC)].
A MAIORIA das
"Testemunhas de Jeová" imagina as sessões do Corpo Governante como reuniões de
homens que passam grande parte do seu tempo em estudo profundo da Palavra de
Deus. Fazem uma imagem deles como pessoas que
se reúnem para refletir humildemente sobre como podem ajudar
seus irmãos a entender as Escrituras, para discutir maneiras construtivas e
positivas de edificá-los na fé e no amor, qualidades que motivam as
verdadeiras obras cristãs, fazendo tudo isto em reuniões nas quais se
recorre sempre às Escrituras
como a única autoridade válida, final e
suprema.
Como já foi observado,
os membros do Corpo Governante, melhor do que ninguém, sabiam que os artigos
de A Sentinela descrevendo a relação entre a corporação e o Corpo
Governante apresentavam um quadro que não se harmonizava com a realidade. Do
mesmo modo, também, os membros do Corpo Governante sabem, melhor do que
ninguém, que o quadro descrito no parágrafo anterior difere na mesma
proporção da realidade.1
Examinando-se
cuidadosamente os registros de uma reunião após outra, verifica-se que o
aspecto mais destacado, mais constante e que consome mais tempo, é a
discussão de questões que, em última análise, acabavam nesta pergunta: “É
caso de desassociação?”
Eu compararia o Corpo
Governante (e fiz tal comparação em minha mente por repetidas vezes) com um
grupo de homens apoiados contra a parede com muitas pessoas arremessando
bolas para eles pegarem e lançarem de volta. As bolas vêm com tamanha
freqüência e em tal quantidade que
há pouco tempo para qualquer outra coisa. Na verdade, parecia que cada regra
feita e emitida produzia somente questões formuladas a partir de novos
ângulos, sobrando pouco tempo para pensamento, estudo, discussão e ação
verdadeiramente positivos e construtivos.
1
Uma vez que todas as reuniões do Corpo Governante são totalmente reservadas,
só seus membros são testemunhas do que realmente nelas ocorre.
Ao longo dos anos, acompanhei muitas e
muitas reuniões em que se discutiam questões que podiam afetar seriamente
a vida das pessoas, sem que, no entanto, a Bíblia viesse às mãos ou mesmo
aos lábios de praticamente nenhum dos participantes. Existiam motivos para
isso; uma combinação de motivos.
Muitos membros do
Corpo Governante admitiam que se achavam tão ocupados com vários assuntos
que havia pouco tempo para estudo da Bíblia. Não há nenhum exagero em
dizer que seus membros, em média não gastavam mais tempo, e às vezes
menos, em tal estudo que muitas Testemunhas dentre os denominados “as
fileiras”. Alguns dos que faziam parte da Comissão Editora (que incluía
encarregados e diretores da corporação de Pensilvânia) eram notáveis com
relação a isto, devido à tremenda quantidade de trabalho de redação com
que se deparavam e por achar evidentemente que não poderiam ou não
deveriam delegá-lo a qualquer outra pessoa para que tudo fosse revisado e
apresentado, incluindo-se aqui as conclusões ou recomendações.
Nas poucas ocasiões
em que se programava alguma discussão puramente bíblica era geralmente
para discutir um artigo ou artigos para A Sentinela que alguém
tinha preparado e sobre o qual havia alguma objeção. Nestes casos,
regularmente acontecia que, apesar de avisado com um ou duas semanas de
antecedência sobre o assunto, Milton Henschel, Grant Suiter ou algum outro
membro desta comissão se sentia obrigado a dizer: “Tenho estado tão
ocupado que só tive tempo para examiná-lo rapidamente.” Não havia nenhuma
razão para se duvidar de que estivessem verdadeiramente ocupados. Essa era
a questão que me vinha à mente: Como podiam eles votar então com boa
consciência sobre a aprovação da matéria, quando não tinham conseguido
meditar sobre ela, pesquisar as Escrituras para pô-la completamente à
prova? Uma vez publicada, era vista como “a verdade” por milhões de
pessoas. Que trabalho burocrático poderia equiparar-se a isto em
importância?
Mas estes irmãos não
estavam de maneira alguma sozinhos, já que as discussões em si mesmas
demonstravam que a grande maioria do Corpo tinha feito pouco mais que ler
a matéria escrita. O tema era muitas vezes desses que havia se originado e
se desenvolvido na mente do escritor sem que o Corpo fosse consultado,
mesmo representando este algum entendimento “novo” das Escrituras, e tendo
muitas vezes o próprio escritor preparado então todos os seus argumentos e
colocado a matéria na forma definitiva sem discutir as coisas e testar seu
pensamento, nem sequer com alguma outra pessoa.2
O argumento era freqüentemente complicado, enrolado, do tipo que jamais
poderia permitir, através de uma leitura superficial, análise suficiente
que provasse sua validade e determinasse se era biblicamente sólido ou
apenas um caso de ‘lógica acrobática’, um malabarismo habilidoso com
textos articulados para dizer algo além do que realmente diziam. Os que só
tinham lido a matéria geralmente votavam a favor; os que tinham feito
estudo e pesquisa extras eram os mais prováveis de levantar questões
sérias.
Desta forma, depois
da discussão de certo artigo que apresentava o entendimento de que a
“festividade do ajuntamento da colheita” (celebrado, segundo a Bíblia,
no final da estação da colheita) representava uma particularidade da
história das Testemunhas no início de sua colheita
espiritual, quantidade suficiente de membros votou a favor de que
fosse aceito.3
Lyman Swingle, que servia nessa época como coordenador da Comissão de
Redação, disse então: “Tudo bem, se é isso o que querem fazer, vou
enviá-lo à gráfica para ser impresso. Mas isso não significa que eu pense
assim. É só mais uma pedra acumulada sobre o enorme monumento de
testemunho de que A Sentinela não é infalível.”
Uma segunda razão
para a falta de verdadeira discussão bíblica, creio eu, vem obviamente da
precedente. E essa é que a maioria do Corpo não era realmente tão versada
nas Escrituras, pois sua “ocupação” não era nenhuma novidade. No meu
próprio caso, eu tinha
estado até 1965 em tal “redemoinho” de atividades que me sobrava pouco
tempo para um estudo realmente sério. Mas penso que o problema é mais
profundo do que isso. Acho que predominava a sensação de que tal estudo e
pesquisa não eram tão essenciais, que as normas e os ensinos da
organização, desenvolvidos durante muitas décadas — eram em si mesmos um
guia seguro, de modo que, não importava que moção o Corpo propusesse,
desde que se harmonizasse com tais tradições, devia estar totalmente
certa.
2
Mesmo
durante a existência de Nathan Knorr, este era o procedimento normal
seguido pelo principal escritor da Sociedade, Fred Franz. Somente quando
apresentadas de forma completa é que qualquer outra pessoa — e geralmente
só o
presidente — tem oportunidade de considerar e discutir as idéias ou
interpretações desenvolvidas.
3
Veja A Sentinela de 15 de agosto de 1980, páginas 824.
Os fatos apontam
para esta conclusão. Às vezes uma longa discussão sobre alguma questão de
“desassociação” era repentinamente resolvida porque um membro tinha
descoberto uma declaração relacionada com o caso no livro Organização,
da Sociedade, ou, mais provavelmente, no livro chamado “Ajuda Para
Responder Correspondência do Escritório de Filial”, um
compêndio de normas ordenadas alfabeticamente sobre uma ampla
variedade de assuntos, emprego, casamento, divórcio, posição política,
problemas militares, sindicatos de trabalhadores, sangue e dezenas de
outros. Quando se encontrava tal declaração, apesar de não se citar
qualquer texto bíblico em apoio do ponto específico referente à norma,
esta parecia pôr fim à questão para a maioria dos membros do Corpo e eles
geralmente se dispunham a votar sem hesitação a favor de qualquer moção
que se harmonizasse com a norma impressa. Vi isto acontecer em diversas
ocasiões e nunca deixei de ficar impressionado pela maneira como esse tipo
de declaração normativa impressa podia causar uma transformação tão
repentina no andamento e na decisão de uma discussão.
Uma razão final para
a Bíblia ter pouca influência em tal discussão é que, em caso após caso, a
questão envolvia alguma coisa sobre a qual as Escrituras eram, em si
mesmas omissas.
Para citar exemplos
específicos, a discussão poderia ser para decidir se a injeção de soro
deveria ser vista do mesmo modo que as transfusões de sangue, ou se se
deveria considerar as plaquetas sangüíneas tão objetáveis de serem aceitas
quanto as células vermelhas em embalagem. Ou a discussão poderia
concentrar-se sobre se a norma de que uma esposa que cometeu um ato de
infidelidade está obrigada a confessá-lo a seu marido (mesmo que ele fosse
conhecido como tendo natureza extremamente violenta) ou, do contrário, a
sua alegação de
arrependimento não
seria considerada válida, ficando ela passível de desassociação. Que
textos bíblicos tratam de tais questões?
Considere este caso
que surgiu para ser discutido e decidido pelo Corpo Governante. Uma das
"Testemunhas de Jeová", ao dirigir um caminhão da Coca-Cola, tinha como sua
rota uma extensa base militar na qual fazia muitas entregas. A pergunta:
Podia ele fazer isto e permanecer como membro numa condição aprovada ou é
esta uma transgressão sujeita à desassociação? (O fator crítico aqui é que
estavam envolvidos propriedade e pessoal militares.)
Novamente, que
textos bíblicos tratam de tais problemas — de modo que se possa ver clara
e razoavelmente, de modo a evitar a necessidade de raciocínios e
interpretações relacionados? Não se apresentou nenhum; ainda assim, a
maioria do Corpo decidiu que este trabalho não era aceitável e que o homem
teria de arranjar outra rota para continuar numa condição aprovada. Veio à
tona um caso similar envolvendo um músico que era Testemunha e tocava numa
“banda” de um clube de oficiais numa base militar. Este, também, foi
decidido como inaceitável pela maioria do Corpo. Sendo as Escrituras
omissas, o raciocínio humano provia a solução.
Geralmente, em
discussões deste tipo, se os que eram a favor da condenação do ato ou
conduta faziam qualquer apelo a um texto bíblico, esse apelo
ocorria por meio de declarações muito amplas tais como “Não fazem parte do
mundo”, encontrada em João, capítulo 15, versículo 19. Se um membro do
Corpo Governante sentisse pessoalmente escrúpulos contra a ação ou conduta
em discussão e não conseguisse pensar em nenhum outro argumento contra
ela, ele muitas vezes passava a recorrer a este texto, ampliando-o e
aplicando-o de modo a adaptá-lo a quaisquer que fossem as circunstâncias.
A necessidade de deixar que o restante das Escrituras defina o que tal
declaração de sentido amplo significa e como ela se aplica parecia ser
considerada muitas vezes supérflua ou irrelevante.
Um fator importante nas decisões do
Corpo Governante era a regra da maioria de dois terços. Isto às vezes
produzia alguns resultados curiosos.
A regra era que se
precisava de uma maioria de dois terços (dos membros ativos) para fazer-se
aprovar uma moção. Eu pessoalmente apreciava a oportunidade concedida por
isto para que um membro se “abstivesse” sem sentir que estava exercendo o
“poder de veto”. Nos
casos menos
importantes, eu geralmente votava com a maioria. Mas quando surgiam
questões que afetavam profundamente minha consciência, encontrava-me
freqüentemente entre a minoria, raramente sozinho mas muitas vezes com
apenas um, dois ou três de outros membros que alegavam objeção de
consciência por não votar a favor da moção.4
Muitas vezes não foi assim durante os primeiros dois anos mais ou menos
depois da grande mudança efetuada na estrutura do poder (posta
oficialmente em vigor em 1º de janeiro de 1976). Nos meus dois últimos
anos como membro, entretanto, uma forte tendência a uma avaliação de
“linha dura” me obrigou a abster-me com maior freqüência.
Porém, considere
agora o que às vezes acontecia quando o Corpo estava completamente
dividido em seu ponto de vista, uma ocorrência bem menos rara do que
alguns poderiam imaginar.
Devia-se discutir
uma questão envolvendo conduta que tinha, em algum ponto no passado da
Sociedade, sido designada como “transgressão passível de desassociação”,
talvez receber particularmente certa pessoa injeção de pequena fração de
sangue para controlar uma doença potencialmente fatal; ou, possivelmente,
o caso de uma esposa que tinha marido não-Testemunha no serviço militar e
que trabalhava num armazém da base militar de seu marido.
Às vezes o Corpo podia estar muito
dividido em tais discussões, algumas vezes até rachado ao meio. Ou podia
haver uma maioria que favorecia a retirada de uma determinada atividade,
conduta ou tipo de emprego da categoria de “transgressão passível de
desassociação”. Considere o que podia acontecer por causa da regra da
maioria de dois terços:
Se, dos quatorze
membros presentes, nove favorecessem a retirada do rótulo de “transgressão
passível de desassociação” e só cinco favorecessem sua manutenção, a
maioria não era suficiente para mudar o rótulo indicativo de desassociação.
Apesar da clara maioria, os nove não formavam uma maioria de dois
terços. (Mesmo se houvesse dez deles a favor desta mudança, ainda não
eram suficientes, pois, apesar de serem dois terços da maioria dos
quatorze presentes, a regra era dois terços do total dos membros
ativos, que durante a maior parte do tempo era dezessete ou dezoito.)
Se alguém dentre os nove favoráveis
à remoção da categoria passível de desassociação apresentasse uma moção,
ela iria fracassar, já que eram necessários doze votos para que ela
passasse. Se alguém dentre os cinco favoráveis à manutenção da categoria
de transgressão “passível de desassociação” apresentasse a moção de que a
norma fosse mantida, fracassaria naturalmente também. Mas mesmo o fracasso
da moção para se reter a categoria não resultaria na remoção dessa
categoria passível de desassociação. Por que não? Porque a norma era que
alguma moção tinha de ser aprovada antes de fazer-se qualquer
mudança em uma norma anterior. Em um dos primeiros destes exemplos de tal
voto dividido, Milton Henschel havia expressado o ponto de vista de que,
quando não houvesse nenhuma maioria de dois terços, então o “status quo
deveria prevalecer”, nada deveria mudar. Era muito raro, nestes casos, um
membro fazer uma mudança no seu voto, de modo que a coisa acabava
geralmente num impasse.
4
Posso recordar-me, e meus registros o indicam, de apenas uma ou duas
ocasiões, em mais de oito anos, em que me achei completamente sozinho em
abstenção.
Isso significava que
a Testemunha que exercesse determinada atividade ou tivesse determinado
emprego considerado, ainda estaria sujeita à desassociação, apesar da
maioria do Corpo ter deixado claro que ela não deveria mais estar
sujeita a isto!
Em mais de uma
ocasião, quando uma minoria considerável ou mesmo uma maioria (apesar de
não ser de dois terços) achava que um problema não deveria ser uma
transgressão passível de desassociação, manifestei minha opinião de que a
nossa posição era desarrazoada e até incompreensível. Como podíamos
permitir que as coisas continuassem como antes, com pessoas sendo
desassociadas por tais coisas, quando bem dentro do Corpo Governante,
havia vários de nós, algumas vezes a maioria, que achavam que a atividade
envolvida não merecia tal julgamento severo? Como se sentiriam os irmãos e
as irmãs ao saberem que isto acontecia e estavam, ainda assim, sendo
desassociados?5
Para ilustrar, se
cinco anciãos congregacionais que compõem uma “comissão judicativa”
tivessem de dar consideração a um caso e três dos cinco não acreditassem
que a atividade ou conduta da pessoa requeria desassociação, iria o fato
de eles serem apenas uma maioria
de três quintos e não uma maioria de dois terços tornar sua posição
inválida?6
Seria a pessoa então desassociada? Certamente que não. Como poderíamos
nós, então, permitir que uma simples regra de votação fizesse prevalecer
uma posição tradicional sobre desassociação, quando a maior parte dos
membros do Corpo pensava o contrário? Não deveríamos nós tomar, pelo
menos, a posição de que, em todos os casos de desassociação, mesmo
quando uma minoria considerável (e especialmente uma maioria embora
pequena) achasse que não havia razões suficientes para desassociação,
então a regra de não-desassociação deveria ser mantida?
5
A natureza secreta das sessões do Corpo Governante admite, evidentemente,
pouca probabilidade de alguém vir a saber disto. As “Atas” das reuniões
nunca são abertas para ser vistas por outras Testemunhas.
Estas questões
submetidas ao Corpo ficavam sem resposta, mas vez após vez em tais casos,
vigorava a norma previamente estabelecida, tradicional, e fazia-se isto
como coisa de rotina, como algo normal. Qualquer que fosse o efeito na
vida das pessoas isto não exercia influência suficiente para fazer com que
os membros se sentissem movidos a abrir mão de sua norma “padrão” em tais
casos. Em algum momento no passado da organização, fora formulada uma
norma de desassociação (resultante muitas vezes da opinião de um único
homem, muitíssimas vezes alguém flagrantemente isolado das circunstâncias
consideradas) e colocara-se essa norma em vigor; adotara-se uma regra e
essa regra imperava, a menos que fosse derrubada por uma maioria de dois
terços.
Talvez nenhum outro
caso ilustre tão bem essa estranha maneira de encarar as coisas como o que
envolve a questão do serviço alternativo.
“Serviço alternativo” representa o
serviço civil oferecido pelo governo como uma alternativa para aqueles que
têm objeções de consciência à participação no serviço militar. Um bom
número de países esclarecidos oferece esta alternativa a tais pessoas
entre seus cidadãos.
A posição oficial da
Sociedade Torre de Vigia, desenvolvida durante a 2ª Guerra Mundial, é que
se alguém das "Testemunhas de Jeová" aceita esse serviço alternativo, ele
“transige”, viola sua integridade para com Deus. O raciocínio por trás
disso é que, já que este serviço é um “substituto”, assume portanto o
lugar daquilo que substitui e (assim vai aparentemente o raciocínio) vem a
representar a mesma coisa. Já que é oferecido em lugar do serviço militar
e o serviço
militar envolve (potencialmente pelo menos) o derramamento de sangue,
então qualquer um que aceite o substituto torna-se “culpado de sangue”.
Esta norma extraordinária desenvolvida no período anterior ao Corpo
Governante tornou-se realidade e foi evidentemente decidida por Fred Franz
e Nathan Knorr durante o tempo em que produziram todas as principais
decisões normativas.
6
Três tirado de cinco é apenas 60%, não 66,6 % como numa maioria de dois
terços.
Durante anos, em
obediência a esta norma, literalmente milhares de "Testemunhas de Jeová", em
diferentes países ao redor do mundo, foram para a prisão em vez de aceitar
as provisões de serviço alternativo. Muitas Testemunhas foram para a
prisão por este motivo. Deixar de aderir à norma da Sociedade significaria
serem vistos automaticamente como “dissociados” e tratados do mesmo modo
como se fossem desassociados.
Em novembro de 1977,
uma carta de uma Testemunha na Bélgica questionava o raciocínio sobre o
qual se apoiava esta norma. Isto levou à consideração do problema pelo
Corpo Governante, primeiro em 28 de janeiro de 1978, depois em 1º de março
e, novamente, em 26 de setembro, 11 de outubro, 18 de outubro e 15 de
novembro. Foi feita uma pesquisa mundial e receberam-se cartas dos cerca
de noventa escritórios de filiais. Um número considerável indicava que as
Testemunhas em seus respectivos países tinham dificuldade de ver qualquer
base bíblica existente para a posição adotada. Considere o que aconteceu
no Corpo Governante.
Na reunião de 11 de
outubro de 1978, dos treze membros presentes, nove votaram a favor de
mudar-se a norma tradicional de modo que a decisão de aceitar ou rejeitar
o serviço alternativo seria deixado a cargo da consciência do indivíduo,
mas quatro votaram contra. Resultado? Visto que havia então dezesseis
membros no Corpo e nove não representavam dois terços de dezesseis, não se
fez nenhuma mudança.
Em 15 de novembro,
todos os dezesseis membros estavam presentes e onze votaram a favor da
mudança da norma, de modo que a Testemunha que se sentisse
conscienciosamente em condições de aceitar tal serviço, não seria
automaticamente classificada como infiel a Deus e dissociada da
congregação. Isto representava uma maioria de dois terços. Realizou-se a
mudança?
Não, pois depois de
um breve intervalo, um dos membros do Corpo Governante anunciou que tinha
mudado de idéia. Isso acabou com a maioria de dois terços. Feita uma
votação subseqüente, com quinze
membros presentes, houve nove a favor da mudança, cinco contra e uma
abstenção.7
Apesar de, em todas
estas votações, uma clara maioria do Corpo Governante favorecer a
revogação da norma existente, essa norma continuou em vigor e, em
conseqüência disso, ainda se esperava que varões Testemunhas corressem o
risco de ser presos em vez de aceitar serviço alternativo — apesar de
achá-lo conscienciosamente apropriado aos olhos de Deus. Embora pareça
incrível, esta foi a posição adotada, e a maioria dos membros do Corpo
pareceu aceitá-la, tudo como se não houvesse nada com que se perturbar.
Estavam, afinal de contas, simplesmente seguindo as regras em vigor.
Em todos estes casos
controvertidos, a “transgressão passível de desassociação” não era algo
claramente identificado nas Escrituras como pecaminoso. Era assim
puramente em resultado da norma organizacional. Uma vez publicada, essa
norma se transformava numa carga lançada sobre a associação mundial dos
irmãos para que eles a carregassem, junto com as conseqüências da norma.
Em tais circunstâncias, é errado achar que se aplicam as palavras de
Yaohushua: “Sobrecarregam-vos com pesados fardos e não estão dispostos a
aliviar-vos, nem sequer com um dedo.”?8
Deixo que o leitor tire sua conclusão. Apenas sei o que me ditava a minha
consciência e a posição que me sentia forçado a tomar.
Não obstante, acho que os membros do
Corpo Governante geralmente acreditavam estar fazendo a coisa certa. Que
pensamento poderia fazê-los apegar-se a uma posição de desassociação em
face de uma minoria considerável ou, possivelmente, da metade ou mais dos
seus companheiros?
Num caso em que a
discussão prolongada tornou previsível tal situação, Ted Jaracz manifestou
um ponto de vista que pode refletir apropriadamente o pensamento dos
demais. De descendência eslava (polonês) como Dan Sydlik, Jaracz se
destacava tanto em estatura como em temperamento. Enquanto Sydlik era
frequentemente levado
pelo sentimento de “ousadia” com relação à condição certa ou errada de
certa questão, Jaracz era de uma natureza mais moderada. Nesta reunião em
particular, ele admitiu que ‘a norma existente poderá trazer certa medida
de dificuldade sobre alguns indivíduos nesta situação específica em
discussão’ e disse: “Não é que não sintamos compaixão pelos envolvidos com
o problema, mas temos sempre de ter em mente que não estamos tratando com
apenas duas ou três pessoas, temos de ter em perspectiva uma grandiosa
organização mundial e temos de pensar no efeito sobre essa organização
mundial.”9
7
Segundo meus registros, os que votaram a favor foram: John Booth, Ewart
Chitty, Ray Franz, George Gangas, Leo Greenlees, Albert Schroeder, Grant
Suiter, Lyman
Swingle e Dan Sydlik. Os que votaram contra foram: Carey Barber, Fred
Franz, Milton Henschel, William Jackson e Karl Klein. Ted Jaracz se
absteve.
8
Mateus 23:4
9
Estes pontos podem também ter sido substancialmente o que Milton Henschel
quis dar a entender quando comentava freqüentemente sobre a necessidade de
“ser prático” em nossa maneira de tratar de tais assuntos, pois, ao votar,
sua posição e a de Ted Jaracz coincidiam com regularidade.
Esta visão, de que aquilo que é bom
para a organização é bom para as pessoas que fazem parte dela, e que os
interesses do indivíduo são, de fato, “sacrificáveis” quando os interesses
da grandiosa organização parecem exigi-lo, parecia ser aceita como uma
posição válida por muitos dos membros.
Adicionalmente,
alguns podiam apresentar o argumento de que qualquer abrandamento da
posição poderia “abrir o caminho” para uma enxurrada de transgressão. Se
se conhecessem um ou mais exemplos extremos de má conduta que pudessem ser
relacionados com o assunto em discussão, estes eram apresentados como
forte evidência do perigo potencial. Apresentava-se usualmente o aspecto
ameaçador de tal perigo nestes casos, mesmo antes de ser apresentada uma
moção, quando era bem evidente que um número considerável do Corpo se
inclinava a favor de uma mudança. Num desses casos, Milton Henschel
recomendou seriamente cautela seriamente, fazendo crer que, “Se
deixarmos os irmãos fazerem isto, não sabemos até onde irão.”
Creio que ele e
outros que insistiam no mesmo ponto em outras ocasiões, sem dúvida,
acreditavam sinceramente ser necessário apegar-se firmemente às antigas
normas a fim de ‘manter as pessoas na linha’, prendê-las dentro da “cerca”
protetora, para que não se perdessem.
Se a “cerca”
protetora destas normas tivesse sido na realidade do tipo claramente
delineado na Palavra de Deus, eu teria sido obrigado a concordar e o teria
feito com prazer. Muitas vezes não era esse o caso e, que não era, foi
claramente indicado pelo fato de os anciãos (muitas vezes, homens das
comissões de filial), que haviam escrito sobre o
assunto, não terem encontrado nada nas
Escrituras que tratasse do problema, e pelo fato de o próprio Corpo não
ter encontrado nada também. Portanto, os membros tinham de recorrer à sua
própria argumentação numa discussão prolongada, sob muitos aspectos, num
debate.
Na última ocasião
mencionada, seguindo-se à declaração de Milton Henschel, meu comentário
foi que eu não acreditava que nos coubesse “deixar” os irmãos
fazerem certas coisas. Em vez disso, eu cria que Deus é o Único que os
“deixa” fazer certas coisas, quer porque sua Palavra as aprova quer porque
é omissa quanto ao problema, e que Ele é o Único que os proíbe, quando sua
Palavra condena claramente o ato, quer de maneira explícita quer através
de um princípio claro. Que não acreditava que nós, como homens imperfeitos
e sujeitos a erros, estivéssemos jamais autorizados por Deus a decidir o
que deveria ser permitido ou proibido para eles. A minha pergunta diante
do Corpo era: “Quando um assunto não estiver claro nas Escrituras, por que
deveríamos nós tentar fazer o papel de Deus? Atuamos tão mal nesse papel.
Por que não O deixamos, em tais casos, ser o Juiz destas pessoas?” Repeti
este ponto de vista em outras ocasiões em que estava sendo apresentada a
mesma linha de argumento, mas não creio que a maioria tivesse esse
entendimento e suas decisões provaram que não tinham.
Pintar um quadro
agourento do potencial de maldade irreprimida por parte dos irmãos
simplesmente porque nós, como Corpo Governante, revogamos algum
regulamento existente, parecia-me como dizer que suspeitávamos que nossos
irmãos careciam de verdadeiro amor à justiça, desejando
interiormente pecar e precisando ser mantidos sob controle somente por
regulamentos organizacionais.
Veio-me à mente um artigo publicado
alguns anos antes na revista Despertai! da Sociedade. Descrevia uma
greve da polícia em Montreal, Canadá, e mostrava que a ausência de
força policial por cerca de um dia, levou a toda sorte de atos de desordem
por pessoas geralmente acatadoras da lei.
O artigo da Despertai! destacava
que os verdadeiros cristãos não tinham de estar sujeitos a uma imposição
da lei para agir de maneira lícita.10
10
Veja a Despertai! de 8 de junho de 1970, páginas 21-24.
Por que então, eu me
perguntava, o Corpo Governante adotou a posição de que era perigoso
revogar um regulamento tradicional, na crença de que isto podia “abrir o
caminho” para a imoralidade e má conduta generalizadas por parte dos
irmãos? O que dizia isso sobre nossa atitude para com esses irmãos e a
confiança neles? Quão diferentes achávamos que eram estes irmãos daqueles
indivíduos que violaram as leis durante a greve da polícia em Montreal, e
quão profundo e genuíno acreditávamos ser realmente o amor deles à
justiça? Às vezes, parecia ser esse o sentimento predominante dentro do
Corpo: não confiem em ninguém além de nós. Para mim, isto, também,
não parecia refletir uma modéstia recomendável.
Outro indício deste
pensamento em tais casos era a ênfase dada à natureza duradoura de uma
determinada norma. Isto ocorria porque, através dos anos, milhares haviam
aderido fielmente às normas da Sociedade, mesmo que isso tivesse resultado
num severo fardo para eles, levando talvez a encarceramento ou outro
sofrimento. “Mudar agora”, argumentava-se, “poderá fazer com que tais
pessoas achem que o que passaram foi desnecessário e, na medida em que
tenham sentido satisfação pessoal em sofrer dessa maneira, encarando-o
como ‘sofrimento pela causa da justiça’, poderão daqui em diante sentir-se
desiludidas, possivelmente achando até injusto que tenham suportado uma
forma de martírio enquanto outros poderão agora safar-se dele”.
Achava difícil
harmonizar isto com o espírito encorajado pelas Escrituras. A impressão
era que tais pessoas deveriam, em vez disso, regozijar-se em saber que não
seria exigido de outros levarem esse fardo para que permanecessem numa boa
condição na organização. Se, como ilustração, uma pessoa tivesse perdido
uma fazenda devido a impostos onerosos, não deveria ela se regozijar por
causa de amigos, confrontados com o mesmo prejuízo, se soubesse que o
imposto oneroso foi suspenso? Não deveria um mineiro que sofre de doença
nos pulmões ficar feliz se melhorassem as condições nas minas, mesmo que
ele não pudesse mais tirar proveito delas? A impressão era que um cristão
verdadeiro reagiria assim.
A atitude com a qual
alguns membros do Corpo expressavam grave preocupação parecia mais
refletir o espírito dos homens do vinhedo, do relato de Yaohushua, homens
esses que haviam suportado o calor e o trabalho árduo durante longas horas
e achavam injusto terem os trabalhadores das onze horas, que não haviam
passado por isso,
recebido a mesma
recompensa que eles. Ou, aquele do irmão mais velho do filho pródigo, que
disse a seu pai, “Eis que trabalhei tantos anos como escravo para ti, e
nunca, nem mesmo uma única vez, transgredi teus mandamentos,” e
que achava injusto que seu irmão mais moço não tivesse de fazer o
mesmo para receber a aprovação de seu pai.11
Novamente, parecia-me que, esperar dos irmãos qualquer coisa exceto
ficarem felizes por outros não terem de sofrer o que haviam sofrido, seria
atribuir motivação errada a eles. Dava-me a impressão de que precisávamos
perguntar-nos quanto da preocupação expressa não poderia ser atribuída à
preocupação com a própria “imagem” do Corpo Governante, sua credibilidade,
e sua influência sobre a confiança das pessoas, sendo afetada pelo medo de
que, por admitir um erro, esta se enfraqueceria.
As conseqüências
advindas destas decisões divididas não eram, de maneira alguma,
irrelevantes. Deixar de harmonizar-se com uma decisão do Corpo Governante,
uma vez publicada ou anunciada, poderia levar, e realmente levava, à
desassociação, a ser separado da congregação, da família e dos amigos.
Harmonizar-se, por outro lado, poderia exigir a desistência de certo
emprego, às vezes em situações quando empregos eram escassos e os custos
de manutenção de uma família eram elevados. Poderia significar tomar uma
posição contrária aos desejos do companheiro, posição essa que poderia
levar, e às vezes levava, ao divórcio, à dissolução do casamento, do lar e
da família, separando os filhos do pai e da mãe. Poderia significar
sentir-se forçado a recusar-se a obedecer a certa lei, e ser então preso e
afastado da família e do lar para um lugar de encarceramento. Poderia, na
realidade, significar a perda da própria vida ou, o que pode ser ainda
mais difícil de suportar, ver entes queridos perdidos na morte.
"ALIMENTAR-SE DE SANGUE"
Para ilustrar as dificuldades que
poderiam surgir, mesmo quando se fazia mudança em alguma regra
anterior, considere a posição organizacional adotada com relação
aos hemofílicos e o uso de frações de sangue (tais como Fator VIII e IX, fatores coagulantes) para prevenir uma hemorragia fatal.
Por muitos anos,
pedidos de informação enviados à sede da organização (ou seus escritórios
de filiais) por hemofílicos recebiam a resposta de que aceitar tal fração
[hemocomponente] de sangue uma única vez poderia ser
visto como não objetável, de fato, como
“medicação”. Mas fazê-lo mais de uma vez significaria
“alimentar-se” dessa fração de sangue e seria, portanto,
considerado uma violação da injunção bíblica contra comer sangue.12
11
Mateus 20:1-15; Lucas 15:25-32.
12
Os textos referidos incluíam Gênesis 9:3, 4; Levítico 17:10-12; Atos
15:28, 29.
Anos mais tarde, esta regra mudou. Os
membros da equipe, que trabalhavam em responder à correspondência, sabiam
que tinham enviado cartas, no passado, dizendo o contrário e que os
hemofílicos que tinham tomado sua injeção “uma única vez” estavam ainda
sob a impressão de que, fazê-lo novamente, seria contado como uma violação
das Escrituras. Poderiam sangrar até morrer por apegarem-se a tal posição...
A administração não
era favorável à publicação impressa da nova posição já que a posição
antiga nunca havia sido impressa mas apenas transmitida aos indivíduos que
tinham solicitado particularmente a informação. Publicar alguma coisa
exigiria primeiro explicar qual tinha sido a antiga posição e então
explicar que ela estava agora obsoleta. Isto não parecia desejável. Desse
modo, os trabalhadores da equipe fizeram uma busca diligente em seus
arquivos para achar os nomes e endereços de todas essas pessoas e
enviou-se outra carta a cada uma avisando da mudança. Os trabalhadores da
equipe se sentiam melhor com isto.
Perceberam então que
muitos dos pedidos de informação tinham vindo por telefone e que não
tinham nenhum registro de tais chamadas telefônicas e absolutamente
nenhuma maneira de determinar quem eram os hemofílicos que pediram a
informação. Se, no ínterim, entre a antiga e a nova regra, alguns tivessem
morrido, eles não poderiam saber; se alguns, a quem não tinham conseguido
contatar ainda morreriam por apegar-se à antiga regra, eles também não
poderiam saber; só sabiam que tinham seguido instruções, sendo lealmente
obedientes a seus superiores na organização.
Esta mudança na
norma tornou-se oficial na sessão de 11 de junho de 1975 do Corpo
Governante. (Veja também o Apêndice) Foi somente em 1978 que a mudança foi
finalmente colocada de forma impressa, embora expressa de maneira um tanto
obscura e, o que é curioso, arrolada à questão do uso de injeções de
plasma para combater doença (ao passo que a hemofilia não é doença mas uma
deficiência
hereditária), no número de A Sentinela de 1º
de dezembro de 1978. Não se reconhecia ainda que isto representava uma
mudança na norma anterior quanto ao múltiplo uso de fração de sangue por
hemofílicos.
Escutar alguns dos
argumentos apresentados nas sessões do Corpo Governante fez lembrar os
muitos casos ganhos pelas "Testemunhas de Jeová" perante a Suprema Corte dos
Estados Unidos. Advogados de acusação haviam usado, em muitos aspectos,
argumentos similares aos usados no Corpo Governante. Tais advogados
enfatizavam os perigos potenciais. Eles alegavam que havia um forte
risco de a visita de porta em porta poder transformar-se num sério
aborrecimento ou num subterfúgio para o roubo e outras atividades
criminosas, e que isto justificava impor restrições à liberdade das
Testemunhas de levar adiante esta atividade. Diziam que conceder liberdade
às Testemunhas para prosseguirem com sua atividade pública ou fazerem
discursos em parques de certas comunidades poderia resultar em tumulto,
devido à atitude adversa e hostil da comunidade como um todo, e que, por
isso, dever-se-ia impor-lhes restrições. Argumentavam que dar permissão às
Testemunhas para estas expressarem seus pontos de vista sobre assuntos
tais como saudar a bandeira, ou sua atitude com relação aos governos do
mundo como “parte da organização do Diabo”, poderia ser prejudicial aos
interesses da maior parte da comunidade e gerar possivelmente uma
deslealdade generalizada, portanto, sediciosa; assim, as restrições eram
algo necessário.
Os magistrados da
Suprema Corte demonstravam, em muitos casos, discernimento e clareza
mental extraordinários ao penetrar em tais argumentos, provando ser eles
arguciosos. Não concordavam que os direitos do indivíduo ou de uma pequena
minoria impopular pudessem ser apropriadamente restringidos simplesmente
porque um perigo possível ou imaginário, ou os interesses
reivindicados pela grande maioria fizessem com que isto parecesse
desejável. Sustentavam que, antes de aplicar-se qualquer restrição
legítima limitando tais liberdades, o perigo deve ser mais que um “medo”,
algo que se supõe provável de manifestar-se. Deve ser provado que é
um “perigo claro e presente”, do tipo realmente existente.13
Quantas decisões
favoráveis teriam as Testemunhas recebido se os magistrados da Suprema
Corte não tivessem demonstrado tal sabedoria criteriosa,
tal habilidade de ver em que se baseia a verdadeira questão, tal
preocupação pelo indivíduo? Suas decisões foram aplaudidas nas publicações
da Sociedade. Infelizmente, entretanto, seus elevados padrões de
julgamento e sua abordagem com relação a questões emocionalmente
carregadas pareciam estar, com freqüência, num nível mais elevado que o
evidenciado em muitas sessões do Corpo Governante. Faz lembrar a
declaração de um magistrado da Suprema Corte no caso de uma determinada
Testemunha. Disse ele:
O caso se torna difícil, não porque os princípios de sua decisão são
obscuros, mas porque a bandeira envolvida é a nossa. No entanto, aplicamos
as limitações da Constituição sem nenhum temor de que a liberdade de ser
intelectual e espiritualmente diferente ou mesmo contrário venha a
desintegrar a organização social... a liberdade de divergir não está
limitada a coisas que não tenham muita importância. Essa seria uma mera
sombra da liberdade. O teste de sua substância consiste no direito de
divergir com relação às coisas que tocam o âmago da ordem existente.14
13
Veja a
publicação da Sociedade Defendendo e Estabelecendo Legalmente as Boas
Novas (em inglês), página 58.
14Ibid.,
página 62
A confiança expressa
pelo magistrado na ‘ordem social existente’ e nas liberdades por esta
defendidas parecia consideravelmente maior que a confiança expressa por
alguns membros do Corpo Governante em suas co-Testemunhas e no resultado
que sua liberdade de consciência, pudesse ter, se exercida, na “ordem
Teocrática” existente. Se os magistrados da Suprema Corte tivessem
raciocinado como alguns membros do Corpo Governante raciocinavam, as
Testemunhas teriam provavelmente perdido um caso após outro.
As decisões da Corte
são julgadas pela história. A declaração bíblica sobre um dia que na certa
virá, em que cada ancião cristão “prestará contas” ao Supremo Juiz dos
seus procedimentos e tratamento com o rebanho de Deus, deveria certamente
dar àqueles que exercem grande autoridade entre os cristãos um sério
motivo para avaliarem cuidadosamente o que fazem.15
Por causa do poder
que a organização exerce sobre seus membros através de suas decisões e por
causa da enorme repercussão que estas podem ter sobre a vida das pessoas,
parece apropriado recapitular aqui um dos maiores exemplos de
inconsistência verificados nos meus nove
anos no Corpo. Ainda parece difícil de acreditar que homens, que
proclamavam tamanha preocupação com “uma posição intransigente”, em
“manter a organização limpa”, ao evitar qualquer mancha de “mundanismo”,
pudessem, ao mesmo tempo, tentar ignorar uma circunstância que só pode ser
descrita como chocante. Você pode julgar a propriedade desse termo pelo
que segue.
CAP
7: PREDIÇÕES E PRESUNÇÃO
...se aquilo que foi
profetizado não acontecer é porque não foi o Criador quem comunicou essa
mensagem; foi fruto da sua própria imaginação. Não têm que se preocupar
minimamente com o que ele disse.
Debarim 18:22 [ESN].
QUANDO se consideram
atitudes em torno da prometida volta de Yaohushua hol'Mehushkháy, deve-se certamente
preferir expectativa ansiosa à apatia. Os cristãos primitivos,
decididamente, não eram apáticos acerca desse evento tão esperado.
Em certa ocasião, assisti
a um programa de televisão no qual um representante de relações públicas
do escritório da filial das "Testemunhas de Jeová" no Canadá, Walter Graham,
respondia a perguntas sobre o fracasso de certas predições relacionadas
com a volta de Cristo. Ele disse que, caso se achasse qualquer
responsabilidade da parte das "Testemunhas de Jeová" neste respeito, isso se
devia então exclusivamente ao “nosso anseio de ver o nome de Deus
vindicado e o seu Reino governando a terra”.
A maioria das pessoas,
penso eu, concordará que é simplesmente humano cometer o erro de falar
coisas sob o impulso do momento, deixar que o pensamento fantasioso ou
talvez o desejo intenso e a empolgação ansiosa influenciem nosso
julgamento fazendo com que tiremos conclusões precipitadas. Em algum
momento de nossas vidas, todos nós temos feito isso. Com certeza, se isso
fosse tudo o que estava envolvido, ninguém teria motivo para grande
preocupação.
No entanto, não acredito,
pessoalmente, que isso seja tudo o que está envolvido aqui. As questões
vão mais profundamente e os fatores relacionados têm um significado muito
maior do que os de algum erro comum e incidental que às vezes todos nós
cometemos. Isto se dá particularmente dessa maneira por causa do modo como
as predições envolvidas afetaram os interesses mais importantes da vida
das pessoas.
Um fator que não pode ser
tratado levianamente é que o Corpo Governante encara as "Testemunhas de
Jeová", pelo menos os da “classe ungida” (à qual pertencem todos os membros
do Corpo Governante) como desempenhando o papel de um “profeta”,
designadas por Deus para essa tremenda responsabilidade.
Dessa forma, o exemplar da
revista A Sentinela de 1º de outubro de 1972, na página 581, trouxe
um artigo intitulado “Saberão Que Houve um Profeta no Seu Meio”. Levantava
a questão quanto a se Jeová Deus tinha, nos tempos modernos, um profeta
para ajudar o povo, “para avisá-los dos perigos e declarar-lhes as coisas
vindouras”. A resposta dada foi sim, que o histórico atestava que havia
tal profeta.
IDENTIFICAÇÃO DO
“PROFETA”
A estas perguntas pode-se
responder na afirmativa. Quem é este profeta?
Este “profeta” não era um
só homem, mas um grupo de homens e mulheres. Era o grupo pequeno de
seguidores das pisadas de Yaohushua hol'Mehushkháy, conhecidos naquele tempo como
Estudantes Internacionais da Bíblia. Hoje, são conhecidos como testemunhas
cristãs de Jeová. Ainda proclamam um aviso, e nesta sua obra comissionada
juntam-se a eles e ajudam-lhes centenas de milhares de pessoas que
escutaram a sua mensagem, crendo nela
Naturalmente, é fácil
dizer-se que este grupo age como “profeta” de Deus. Outra coisa é provar
isso. A única maneira em que isto pode ser feito é recapitular a história.
O que demonstra ela?
A “história” merece ser
recapitulada. Que ela revela erros, até a organização central reconhece.
Certa manhã em 1980, quando presidia a consideração do texto diário no lar
de Betel em Brooklyn, o presidente da Sociedade, Fred Franz, relatou à
família da sede suas recordações das expectativas mantidas em torno do ano
de 1925, predito como o tempo para o “restabelecimento de todas as coisas”
no milênio. Ele citou o Juiz Rutherford como tendo dito logo depois com
relação às suas próprias predições: “Sei que fiz papel de asno.”1
[Ou como se diria em português: “Sei que fiz papel de tolo”]
1
Esta
declaração de Rutherford é citada na revista Despertai! de 22 de setembro
de 1987, página 19, em nota de rodapé.
A organização, no entanto,
trata estes erros como mera evidência da imperfeição humana e também como
evidência do grande desejo e aspiração de ver cumpridas as promessas de
Deus.
Eu creio que a “história”
mostra que há algo mais que isso. Uma coisa é um homem fazer papel de
“asno” por querer ver alguma coisa acontecer. Outra coisa bem diferente é
ele instar com outros para que partilhem de suas idéias, criticá-los se
não as aceitam, até duvidar da fé deles e contestar seus motivos se não
entendem o assunto como ele entende.
Mais sério ainda é que uma
organização que se apresenta como o porta-voz designado de Deus para toda
a humanidade faça isto — e o faça, não por alguns dias ou meses, mas por
anos, até mesmo décadas, repetidamente, a nível mundial. A
responsabilidade pelos resultados não pode, na verdade, ser minimizada por
dizer-se simplesmente: “Bem, ninguém é perfeito.”
Ninguém é perfeito, mas
cada um de nós leva a responsabilidade pelo que faz. E isso se dá
especialmente quando nossas ações afetam dramaticamente algo tão
importante e pessoal como a relação dos outros com Deus.
Não é menos sério quando
um grupo de homens está dividido em sua opinião quanto às predições
relacionadas com certa data e apresenta, ainda assim, perante seus
adeptos, uma aparência externa de confiança unificada, encorajando esses
adeptos a depositarem confiança inabalável nessas predições.
Suponho que devo atribuir
o mérito por convencer-me da realidade destas coisas também à minha
experiência com o Corpo Governante. Durante os primeiros vinte anos mais
ou menos de minha associação ativa com as "Testemunhas de Jeová", eu tinha,
no máximo, uma vaga idéia acerca de alguns fracassos de predições passadas
e não lhes dava absolutamente qualquer importância significativa. Não
tinha nenhum interesse em literatura que atacasse nossos ensinos neste
ponto. Desde o fim dos anos cinqüenta em diante, certas publicações da
Sociedade, tais como As "Testemunhas de Jeová" no Propósito Divino
(uma história da organização, em inglês) e o livro patrocinado pela
Sociedade A Fé em Marcha (em inglês) mencionavam realmente
estes fracassos, mas fazia isso de modo a fazê-los parecer como de
pouca conseqüência e eu os via nessa mesma perspectiva.
Foi somente no final dos
anos setenta que me dei conta de quão longe tinha ido exatamente o
assunto. Inteirei-me então sobre isso, não através da chamada “literatura
dos opositores”, mas através das próprias publicações da Torre de Vigia e
de Testemunhas ativas e respeitadas, inclusive co-membros do Corpo
Governante das "Testemunhas de Jeová".
1914 é a data principal
sobre a qual se apóia grande parte da estrutura de doutrinas e de
autoridade das "Testemunhas de Jeová". As "Testemunhas de Jeová" defendem
atualmente as seguintes crenças ligadas a essa data:
Que, em 1914, Yaohushua
hol'Mehushkháy
passou a estar “presente” de maneira invisível aos olhos humanos,
começando, conseqüentemente nessa data, um período de julgamento para
todos os seus professos seguidores e para o mundo.
Que, em 1914, Yaohushua
hol'Mehushkháy
começou sua regência ativa com relação ao mundo inteiro, com seu reino
assumindo oficialmente o poder.
Que 1914 assinala o início
dos “últimos dias” ou do “tempo do fim” predito na profecia bíblica.
Que a geração de pessoas
que viviam em 1914 e que tinham a capacidade de compreender o que viram
então acontecer seria a ‘geração que não passaria até que se cumprissem
todas as coisas’, inclusive a destruição do sistema existente de coisas
(isto foi mudado em 1995).
Que, três anos e meio
depois de 1914 (em 1918), começou a ressurreição dos cristãos que dormiam
na morte, desde os apóstolos em diante.
Que, por volta do mesmo
tempo (em 1918), os verdadeiros seguidores de Cristo que viviam então
entraram em cativeiro espiritual com relação à Babilônia, a Grande, sendo
libertados no ano seguinte, 1919, ocasião em que Yaohushua hol'Mehushkháy os
reconheceu coletivamente como seu “escravo fiel e discreto”, sua agência
aprovada para dirigir sua obra e cuidar de seus interesses na terra, seu
único canal para transmitir orientação e esclarecimento a seus servos por
toda a terra.
Que, desse tempo em
diante, está em andamento a obra da “colheita” final, resultando na
divisão de todas as pessoas em duas classes, “ovelhas” e “cabritos”, com
salvação ou destruição como seus respectivos destinos. (Isto foi mudado em
1995).
Enfraquecer a crença no
significado da data fundamental de 1914 seria enfraquecer toda a
superestrutura doutrinal (descrita acima), que se fundamenta nela. Seria
também enfraquecer a pretensão de autoridade especial alegada pelos que
atuam como o grupo que representa oficialmente a classe do “escravo fiel e
discreto”.
Eliminar
essa data como sendo
de tanta importância poderia significar o virtual colapso de toda a
estrutura de doutrinas e autoridade nela fundamentadas. Eis quão crítico
é.
Apesar disso, poucas
Testemunhas sabem atualmente que, por quase meio século — desde 1879 até o
fim dos anos vinte —, as profecias relativas a datas na revista A
Sentinela, (chamada A Torre de Vigia, na época) e
publicações correlatas eram essencialmente contrárias a todas as
crenças delineadas pouco acima. Quanto a mim, não me dei conta
disso até anos recentes. Descobri então que, durante quase cinqüenta anos,
o “canal” da Torre de Vigia (A Sentinela) havia atribuído
tempos e datas diferentes para cada uma das coisas relacionadas acima, e
que foi só o fracasso de todas as expectativas originais com relação a
1914 que levou à designação de novas datas para aqueles pretensos
cumprimentos de profecias.
Conforme considerado num
capítulo anterior, a pesquisa que eu tive de fazer com relação ao livro
Ajuda ao Entendimento da Bíblia convenceu-me de que a data de 607
A.E.C. da Sociedade para a destruição de Jerusalém por Babilônia era
contrária a toda evidência histórica conhecida. Ainda assim, continuei a
depositar confiança nessa data apesar da evidência, achando que tinha
apoio bíblico. Sem 607 A.E.C., a data crucial de 1914 seria posta em
dúvida. Adotei o ponto de vista de que a evidência histórica era
provavelmente defeituosa e argumentei nesse sentido no livro Ajuda.
Aí, em 1977, uma
Testemunha de Jeová da Suécia, chamada Carl Olof Jonsson, enviou à sede em
Brooklyn uma quantidade substancial de pesquisa que fizera sobre
cronologia relacionada com a Bíblia e sobre especulação cronológica.
Jonsson era ancião e estivera ativamente associado com as "Testemunhas de
Jeová" por uns vinte anos.
Tendo eu mesmo experiência
com pesquisa sobre cronologia, fiquei impressionado com a profundidade com
que ele havia examinado a matéria, bem como pela inteireza e veracidade de
sua apresentação. Basicamente, ele procurou chamar a atenção do Corpo
Governante para a fragilidade nos cálculos cronológicos da Sociedade que
levam à data de 1914 como o ponto final dos “tempos dos gentios”,
mencionados por Yaohushua em Lucas, capítulo 21, versículo 24 (chamados de “os
tempos designados das nações” na Tradução do Novo Mundo).
Explicado de forma
resumida, chega-se à data de 1914 pelo seguinte processo:
No quarto capítulo da
profecia de Daniel, ocorre a expressão “sete tempos”, aplicada aí ao rei
babilônico Nabucodonosor enquanto descreve um período de sete anos de
loucura pelo qual o rei passaria.2 A Sociedade ensina que esses
“sete tempos” profetizam algo maior, a saber, o período de tempo que se
estende desde a destruição de Jerusalém (fixada pela Sociedade como 607
A.E.C.) até o fim dos “tempos dos gentios”, explicados como significando o
período durante o qual as nações gentias exercem domínio “ininterrupto”
sobre a terra.
Os “sete tempos” são
interpretados como significando sete anos, com cada ano se constituindo de
360 dias. Sete multiplicado por 360 dá 2.520 dias. Entretanto, faz-se
referência a outras profecias que usam a expressão “um dia por um ano.”3
Empregando-se esta fórmula, os 2.520 dias se transformam em 2.520 anos,
que vão de 607 A.E.C. ao ano de 1914 E.C.
2
Daniel 4:17, 23-33.
3
Números 14:34; Ezequiel 4:6.
NOTA
DE O CAMINHO: O autor também desconhece que Russell era maçom e dos
estudos das pirâmides [Altura X Corredores], trouxe seus cálculos,
adaptando-o a Dayan’ul 4 que, segundo as escrituras [vs. 33], cumpriu-se
plenamente na vida de Nabucodonossor (Nebuchadnezar).
Túmulo de Russell
.
Veja estes textos:
Aqui trago-lhes uma jóia da sabedoria que tem caracterizado à Watchtower
desde suas origens. Em 1891 Russell achava que a pirâmide de Keops no
Egito era tão importante como a Bíblia, em sua loucura piramidal chega a
algumas conclusões sem sentido que até o dia de hoje perseguem às
"Testemunhas de Jeová".
A descoberta das mentiras ditas por Russell e repetidas com nova maquiagem
hoje em dia pelo Corpo Governante deveriam bastar para que as "Testemunhas
de Jeová" pensarem e questiorem seriamente se elas estão em "Na Verdade" ou
no pior de todos "Nos Enganos".
Não há uma harmonia mais que notável entre esta "Testemunha" de pedra e a
Biblia?". As datas de Outubro de 1914 e as de Outubro de 1881 são exactas
ainda que a de 1910 não esteja fornecida pela Biblia mas parece ser uma
data mais que razoável para algum importante acontecimento para a
experiência e prova final da Igreja enquanto 1914 está aparentemente bem
definido como o fim então virá a maior tribulación do mundo na qual alguns
membros da "Grande multidão" poderão ter alguma parte. Sobre este
particular recordemos que esta data limite de 1914 deve ser não somente
testemunha da conclusão da selecção , prova e glorificación do inteiro
corpo de Cristo senão também da purificación de alguns desta grande
multidão de crentes ungidos que por temor e falta de coragem têm cessado
de oferecer sacrifícios agradáveis a Deus e devido a isto estão mais ou
menos contaminados por elogios crias e caminhos do mundo. Alguns dentre
eles poderão sair da grande tribulación dantes do fim deste período ( Apoc
7:14). Muitos dentre eles estão ainda intimamente unidos às diversas ervas
de discórdia e devem ser queimados" mas isso não será dantes de que a
destruição ardente do período final da colheita tenha consumido os laços
que os retêm em escravatura a Babilonia, então serão capazes de escapar,
salvados "como através de fogo".
Deverão assistir à destruição completa de "Babilonia a Grande" e terão uma
verdadeira porção de suas plagas (Apo 18:4).,os
quatro anos desde 1910 até o final de 1914 indicados na Grande Pirâmide
serão
sem dúvida um tempo de prova ardente" para a Igreja (1 Cor 3:15)
precedendo à anarquia do mundo ainda que não pode durar muito tempo " Se
não se abreviassem aqueles dias nenhuma carne salvar-se-á" - Mat 24:22.
ESTUDOS DAS ESCRITURAS .VOL3. CAP.10 - 1891
De modo que no ano de 1914 estava apoiado pelas medidas de um corredor da
pirâmide e qualquer pessoa hoje em dia dar-se-ia conta que isto é uma
loucura, no entanto milhões de "Testemunhas de Jeová" seguem achando que
essa loucura é uma verdade fundamental de sua religião, sem nem sequer
saber a história que rodeia essa data. Russell enganou a sua geração e a
Watchtower seguirá enganando quantas geração lhe permiterem.
DAVID FONTES
www.extestemunhasdejeova.net/
Voltando a "Crise de Consciência":
Conforme
observado anteriormente, os ensinos atuais da Sociedade sobre o início da
regência do reino de Cristo, os “últimos dias”, o começo da ressurreição e
coisas relacionadas estão todos ligados a este cálculo. Poucas Testemunhas
são capazes de explicar a complicada aplicação e combinação de textos
envolvidos. Todos, porém, aceitam o produto final deste processo e
cálculo.
A maioria das "Testemunhas
de Jeová" entende que esta explicação, que leva a 1914, é mais ou menos
peculiar à sua organização, tendo sido publicada inicialmente pelo
primeiro presidente da Sociedade, o Pastor Russell. Em sua contracapa, a
publicação da Sociedade As "Testemunhas de Jeová" no Propósito
Divino, traz estas declarações:
1870
Charles Taze Russell
inicia seu estudo da Bíblia com um pequeno grupo de associados.
1877
É publicado o livro “Três
Mundos” identificando a data 1914 como o fim dos “Tempos dos Gentios”.
A impressão transmitida
aqui, bem como a apresentada dentro do livro, é que este livro Os
Três Mundos (que Russell apenas financiou) foi a primeira
publicação a conter este ensino sobre 1914.
Isto é o que eu pensava
até a chegada do material do ancião sueco à sede mundial. Percebi então
quantos fatos haviam sido ignorados ou encobertos pelas publicações da
Sociedade.
Jonsson traçou primeiro a
longa história da especulação cronológica. Mostrou que a prática de se
aplicar arbitrariamente a fórmula de “um dia por um ano” a vários períodos
de tempo encontrados na Bíblia foi inicialmente utilizada por rabinos
judaicos, datando do primeiro século E.C. No século 9 E.C., uma “série de
rabinos judaicos” começaram a fazer cálculos e predições utilizando esta
fórmula de dia = ano com relação aos períodos de tempo de 1.290, 1.335 e
2.300 dias encontrados na profecia de Daniel, aplicando em cada caso suas
conclusões ao tempo para o aparecimento do Messias.4
Entre professos cristãos,
a prática surgiu pela primeira vez no século 12, começando com um abade
católico romano, Joaquim de Flora. Não apenas os períodos de dias
encontrados na profecia de Daniel, mas também os períodos de 1.260 dias
mencionados em Revelação, capítulo 11, versículo 3, e capítulo 12,
versículo 6, foram então interpretados empregando-se o método de “um dia
por um ano”. Com o passar do tempo, os diversos intérpretes chegaram a uma
notável sucessão de datas, incluindo em suas predições o ano de 1260,
depois 1360 e, posteriormente, várias datas no século 16. Mudanças e novas
interpretações tornavam-se regularmente necessárias à medida que uma data
após outra passava sem que acontecesse o evento predito.
Em 1796, George Bell, ao
escrever numa revista de Londres, predisse a queda do “Anticristo” (o
papa, segundo seu entendimento). Isto deveria acontecer em “1797 ou 1813”,
baseando sua predição na interpretação dos 1.260 dias, usando, porém, um
ponto de partida diferente dos outros intérpretes (alguns haviam começado
sua contagem a partir do nascimento de Cristo, outros a partir da queda de
Jerusalém, outros a partir do início da Igreja Católica). Sua predição foi
escrita durante a Revolução Francesa. Não muito depois de tê-la formulado,
ocorreu um evento surpreendente — o papa foi capturado pelas tropas
francesas e forçado a ir para o exílio.
4 Daniel
8:14; 12:11, 12. O texto completo da pesquisa de Carl Olof Jonsson acha-se
desde então publicado sob o título Os Tempos dos Gentios Reconsiderados,
(Primeira edição: Lethbridge: Hart Publishers, 1983; segunda, terceira e
quarta edições: Commentary Press, 1987, 1998 e 2004, respectivamente;
primeira edição em português: 2008).
Muitos viram isto como um
extraordinário cumprimento da profecia bíblica e 1798 foi aceito por eles
como o fim dos proféticos 1.260 dias. Com base nisto, desenvolveu-se o
entendimento de que o ano seguinte, 1799, marcava o começo dos “últimos
dias”.
Revoltas adicionais na
Europa produziram uma enxurrada de novas predições. Entre os
prognosticadores, achava-se um homem na Inglaterra chamado John Aquila
Brown. Pelo início do século 19, ele publicou uma explicação dos 2.300
dias de Daniel, capítulo 8, que os apresentava como terminando em 1844
E.C. Este entendimento foi adotado pelo pioneiro americano do Segundo
Advento, William Miller.
NOTA DE O CAMINHO: Miller foi
o precursor da IASD [Igreja Adventista do Sétimo Dia], cuja escatologia do
Fim - comprovada pela falsa profetiza EGW - apontava para 1844. Mais
tarde, Russel fazendo parte deste movimento e como a maioria dos chamados
"pioneiros" eram maçons [incluindo Russell e Tiago White, esposo de Ellen
G. White] e o ano de 1844 tornara-se um erro, pretendeu introduzir no
adventismo os cálculos escatológicos da maçonaria, usando as medidas da
Grande Pirâmide [Qops]. Porem enfrentou grande oposição dos White's, que
culminou com a sua saída da IASD e com a consequente fundação do que seria
a futura "Testemunhas de Jeová".
Veremos como estes
cálculos vieram mais tarde a desempenhar um papel na história das
"Testemunhas de Jeová".
Entrementes, John Aquila
Brown desenvolvia uma explicação que está intimamente relacionada com o
ano de 1914, tal como essa data figura nas crenças das "Testemunhas de
Jeová". De que modo?
A evidência indica que
Brown foi o verdadeiro originador da interpretação dos “sete tempos” de
Daniel capítulo 4, a interpretação que produz os 2.520 anos pela fórmula
dia-ano.
Brown publicou esta
interpretação pela primeira vez em 1823 e seu método convertia os “sete
tempos” em 2.520 anos, de um modo exatamente igual ao encontrado nas
publicações da Torre de Vigia atualmente.
Isto foi 29 anos antes do
nascimento de Charles Taze Russell, 47 anos antes de ele iniciar seu grupo
de estudo da Bíblia e mais de meio século antes do aparecimento do livro
Os Três Mundos.
Eu ignorava isso
totalmente até o momento em que li o material enviado da Suécia para a
Sociedade.
John Aquila Brown,
entretanto, iniciava seu período de 2.520 anos em 604 A.E.C. e
encerrava-o, portanto, em 1917 E.C. Ele predisse que nesse tempo “a
plena glória do reino de Israel seria aperfeiçoada”.
De onde se originou,
então, a ênfase sobre a data de 1914?
Após o fracasso das
expectativas em torno do ano de 1844, houve consequentemente uma divisão
de vários grupos do Segundo Advento, estabelecendo a maioria deles novas
datas para a volta de Cristo. Um destes grupos se formou em torno de N. H.
Barbour, de Rochester, Nova York.
Barbour estudou as obras
de John Aquila Brown e adotou a maior parte de sua interpretação, mas
alterou o ponto de partida dos 2.520 anos para 606 A.E.C. e surgiu com a
data final de 1914 E.C. (Na realidade, isto representava um erro de
cálculo, já que abrangeria somente 2.519 anos - esqueceu-se que não existe
o Ano Zero).
Em 1873, Barbour publicava
uma revista para seus adeptos do Segundo Adventismo intitulada
inicialmente O Grito da Meia-Noite e, mais tarde, O Arauto da
Aurora. Vê-se logo abaixo uma cópia da primeira página do Arauto da
Aurora de julho de 1878, o ano anterior à publicação do primeiro
número de A Sentinela. Note a frase no canto inferior à direita:
“‘Os tempos dos Gentios’ terminam em 1914”.
Esta cópia foi tirada da
revista que é mantida no arquivo da sede em Brooklyn, embora não esteja
disponível ao uso geral. Sua existência lá mostra que algumas pessoas do
pessoal da sede devem ter tido conhecimento de que a revista A
Sentinela não foi evidentemente a primeira a publicar e a defender a
data de 1914 como o fim dos tempos dos gentios. Esse ensino foi na verdade
adotado da publicação do Segundo Adventismo de N. H. Barbour.
Pode-se observar também
que, nessa época, julho de 1878, C. T. Russell havia-se tornado “editor
assistente” desta revista do Segundo Adventismo, o Arauto da Aurora.
O próprio Russell explica como ele veio a associar-se a N. H. Barbour e
como veio a adotar a cronologia de Barbour, cuja maior parte inclui os
“sete tempos” de Daniel capítulo quatro, que Barbour tinha, por sua vez,
adotado de John Aquila Brown.
A explicação de Russell
acha-se publicada no número de A Sentinela de 15 de julho de 1906:
"Foi por volta de
janeiro de 1876 que o tema do tempo profético
me chamou especialmente a atenção, no que se relaciona a estas
doutrinas e esperanças. Aconteceu deste modo: Recebi um
periódico chamado O Arauto da Aurora, enviado
por seu editor, sr. N. H. Barbour. Quando o abri, identifiquei-o de
imediato pela gravura em sua capa com o Adventismo e examinei-o
com certa curiosidade para ver que data eles estabeleceriam em seguida
para a queima do mundo. Mas, imaginem minha surpresa e alegria quando
descobri, pelo seu conteúdo, que o editor estava começando a abrir os
olhos para temas que, por alguns anos, haviam proporcionado grande
regozijo aos nossos corações aqui em Allegheny — que o objetivo da
volta do nosso Senhor não é destruir, mas abençoar todas as famílias
da terra, e que a sua vinda seria como um ladrão, e não na
carne, mas como um ser espiritual, invisível aos homens; e que o
ajuntamento da sua igreja e a separação do “trigo” do “joio” prosseguiria
no fim desta era sem que o mundo estivesse consciente disso.
Regozijei-me em
descobrir que outros estavam chegando à mesma posição avançada, mas fiquei
espantado em encontrar a declaração expressa com muita cautela de que o
editor acreditava nas profecias que indicavam que o Senhor
já estava presente no mundo (fora da vista, portanto, invisível),
e que já estava no tempo da obra da colheita do trigo, — e que este
entendimento era corroborado pelas profecias
relativas ao tempo, as
quais, apenas uns poucos meses atrás, ele supunha terem falhado.
Eis aqui um novo
raciocínio: Seria possível que as profecias relativas ao tempo, que eu
havia desprezado por tanto tempo, por causa do seu mau uso pelos
Adventistas, pretendiam realmente indicar quando o Senhor estaria
invisivelmente presente para estabelecer seu reino
— algo que eu entendia claramente que não podia ser percebido de nenhuma
outra maneira? Parecia, falando sem exagero, uma coisa razoável,
muito razoável, esperar que o Senhor informasse seu povo sobre o assunto
— especialmente por ter ele prometido que o fiel não haveria de ser
abandonado na escuridão do mundo, e que, embora o dia do Senhor viesse
como um ladrão de noite sobre todos os demais (furtivamente, sem avisar),
não haveria de ser assim com os santos vigilantes e zelosos. — 1
Tessalonicenses 5:4.
Recordo certos
argumentos usados por meu amigo Jonas Wendell e por outros Adventistas
para provar que 1873 testemunharia a queima do mundo, etc. — a cronologia
do mundo indicando que os seis mil anos desde Adão terminaram com o início
de 1873 — e outros argumentos tirados das Escrituras que se supunha
coincidir. Seria possível que estes argumentos relativos ao tempo, os
quais eu havia desconsiderado como não merecendo atenção, contivessem
realmente uma verdade importante que eles haviam aplicado erroneamente?”
Observe que, até esta
ocasião, Russell afirma que não dava nenhuma importância a profecias
relativas ao tempo, que as tinha, na verdade, “desprezado”. Que fez ele
então?
"Ansioso por aprender,
de qualquer fonte, o que quer que Deus tivesse a ensinar, escrevi
imediatamente ao sr. Barbour, informando-o sobre minha concordância
com outros pontos e desejando saber particularmente por que e
com base em que evidências bíblicas sustentava ele que a presença de
Cristo e a colheita da era evangélica datava a partir do outono de 1874. A
resposta mostrou que a minha suposição estivera correta, isto é, que os
argumentos relativos ao tempo, cronologia, etc., eram os mesmos que os
usados pelos Segundos Adventistas em 1873, e explicou como o sr.
Barbour e o sr. J. H. Paton, de Michigan, um companheiro de trabalho dele,
haviam sido Segundos Adventistas ativos até aquela época; e que, com a
passagem da data de 1874 sem que o mundo fosse queimado e sem que eles
vissem Cristo na carne, ficaram por certo tempo aturdidos. Examinaram as
profecias relativas ao tempo que tinham passado aparentemente sem se
cumprir e não conseguiram achar nenhuma falha, e começaram a perguntar-se
se o tempo estava correto mas suas expectativas erradas, — se os
conceitos do restabelecimento e bênção para o mundo, que eu
mesmo e outros estávamos pregando, eram as coisas que se devia esperar.
Parece que, não muito tempo depois do desapontamento deles quanto a 1874,
um leitor do Arauto da Aurora, que possuía um exemplar da Diaglott, notou
algo nele que lhe chamou a atenção, — que em Mateus 24:27, 37, 39, a
palavra que em nossa versão comum é vertida por vinda, era traduzida
presença. Esta era a chave. E, seguindo-se a isso, o tempo profético
levou-os a conceitos corretos com relação ao objetivo e o modo da volta do
Senhor. Eu, pelo contrário, fui levado desde o início a
conceitos apropriados quanto ao objetivo e o modo da volta do nosso Senhor
e, em seguida, ao exame do tempo para estas coisas, indicados na Palavra
de Deus. Desse modo, Deus guia muitas vezes seus filhos a partir de
diferentes pontos de verdade; mas quando o coração é sincero e confiante,
o resultado deve ser o ajuntamento de todos esses.
Não
havia, porém, nenhum livro ou outra publicação que apresentasse as
profecias relativas ao tempo como eram então entendidas, de maneira que
custeei as despesas do sr. Barbour para que viesse ver-me em
Filadélfia (onde eu tinha alguns compromissos de negócios durante o verão
de 1876), a fim de mostrar-me cabal e biblicamente, caso pudesse, que as
profecias indicavam 1874 como a data em que a presença do Senhor e a
‘colheita’ começaram. Ele veio e eu fiquei convencido da
evidência. Sendo um pessoa de firmes convicções e plenamente dedicado
ao Senhor, vi imediatamente que os tempos especiais em que vivemos têm uma
importância significativa sobre a nossa obrigação e trabalho como
discípulos de Cristo; que estando nós no tempo da colheita, o trabalho de
colheita teria de ser realizado; e essa verdade presente era a foice pela
qual o Senhor nos levaria a efetuar um ajuntamento e uma obra de colheita
por toda a parte, entre seus filhos".
Assim, a visita do Segundo
Adventista, N. H. Barbour, mudou as idéias de Russell sobre as profecias
relativas a datas. Russell tornou-se editor assistente da revista de
Barbour, o Arauto da Aurora. Deste tempo em diante, as profecias
relativas ao tempo constituíram um aspecto destacado dos escritos de
Russell e da revista A Sentinela que ele logo depois fundou.5
A interpretação dos “sete
tempos” e a data de 1914, que Russell assimilou, estavam totalmente
associados a data de 1874, havendo recebido importância primária por parte
de Barbour e de seus adeptos (1914 ainda estava décadas no futuro,
enquanto 1874 acabava de passar). Eles acreditavam que 1874 marcava o fim
de 6.000 anos de história humana e esperavam a volta de Cristo naquele
ano. Quando o ano passou e nada aconteceu, sentiram-se desiludidos. Como
mostra a matéria citada anteriormente, um Segundo Adventista, que
contribuía para a revista de Barbour, chamado B. W. Keith, notou mais
adiante que certa tradução do Novo Testamento, The Emphatic Diaglott,
usou a palavra “presença” em vez de “vinda” nos textos relacionados com
volta de Cristo. Keith propôs a Barbour a idéia de que Cristo havia de
fato retornado em 1874, porém invisivelmente, e de que Cristo
estava agora invisivelmente “presente”, completando a obra de julgamento.
Uma “presença invisível” é
uma coisa muito difícil para se contra-argumentar ou refutar. É algo
semelhante a ter um amigo que lhe confessa receber a visita invisível e o
conforto de um parente falecido e tentar provar então para esse
amigo que não é realmente assim.
O conceito da “presença
invisível” facultava, portanto, a estes Segundos Adventistas associados
com Barbour dizerem que haviam tido, afinal, “a data certa [1874], mas
haviam simplesmente esperado a coisa errada nessa data.”6 Essa
explicação foi também aceita e adotada por Russell.
5 Foi
depois da reunião com Barbour que Russell escreveu um artigo no The Bible
Examiner (Examinador da Bíblia), publicada por George Storrs, outro
adventista, no qual Russell apresentou a data 1914 a que Barbour havia
chegado. Como tantas revistas dos Segundos Adventistas, a revista a que
Russell deu início, incluía o termo Herald (Arauto) em seu título, Torre
de Vigia de Sião e Arauto da Presença de Cristo (presença de Cristo que se
acreditava ter iniciado em 1874).
6 A
Sentinela
de 15 de julho de 1906,
anteriormente citada, mostra que eles fizeram realmente uso desse
mesmo argumento.
Atualmente, vários milhões
de "Testemunhas de Jeová" crêem e ensinam que a presença invisível de Cristo
começou em 1914. Muito poucas se dão conta de que, por quase cinqüenta
anos, a Sociedade Torre de Vigia anunciou e proclamou, em seu papel de
profeta, que tal presença invisível começara em 1874. Tão
tardiamente quanto em 1929, quinze anos depois de 1914, elas ainda
estavam ensinando isto.7
As "Testemunhas de Jeová"
crêem atualmente que Cristo iniciou oficialmente a regência do seu Reino
em 1914. A revista A Sentinela ensinou durante décadas que isto
acontecera em 1878.8
As "Testemunhas de Jeová"
crêem atualmente que, em 1914, começaram também os “últimos dias” e o
“tempo do fim”. A revista A Sentinela ensinou durante
meio século que os “últimos dias” começaram em 1799 (aceitando
a interpretação de George Bell publicada em 1796).
Elas crêem atualmente que
a ressurreição dos cristãos ungidos, que morreram do tempo de Cristo em
diante, começou a acontecer em 1918. Por mais de quarenta anos, a revista
A Sentinela ensinou ter ela começado em 1881.
Sua crença atual é que,
desde 1914 e depois dessa data, particularmente de 1919 em diante, está em
andamento a grande obra da “colheita”, que deve chegar ao clímax com a
destruição do atual sistema e de todos aqueles que não se mostraram
sensíveis à sua atividade de pregação. Desde seu início, a revista A
Sentinela tinha ensinado que, em vez disso, a “colheita” se estenderia
de 1874 a 1914, e que, por volta de 1914, ocorreria a destruição de todas
as instituições humanas deste mundo.
A organização coloca hoje
a queda de “Babilônia, a Grande” (o “império mundial da religião falsa”)
em 1919. Durante pelo menos nenhum indício de que continuou sendo ensinada
depois de 1914.
7 Veja
o livro Profecia (em inglês), publicado em 1929, páginas 64, 65.
A Sentinela de 15 de fevereiro de 1975, páginas 122, 123, faz menção
desta crença, mas não dá
quatro décadas, A
Sentinela a situava em 1878, com a completa destruição de Babilônia
esperada para 1914 ou 1918.
8 Este
entendimento começou a ser mudado em 1922, no congresso de Cedar Point,
oito anos depois de 1914.
O que provocou a mudança
em todos estes ensinos proféticos importantes aceitos durante tantas
décadas e por tanta gente?
Foi o mesmo que se deu no
caso de toda a longa série de predições do século 13 em diante — a falta
de cumprimento de suas expectativas anunciadas.
Alguns talvez estejam
inclinados a não levar isto a sério, encarando-a como se fosse uma mera
afirmação. Afinal de contas, quase nenhuma das Testemunhas tem acesso
atualmente aos números mais antigos de A Sentinela, e mesmo hoje,
quando se discute a história passada da organização, as publicações
da Sociedade ignoram ou apresentam uma visão parcial, às vezes alterada,
destes ensinos advogados por tanto tempo. Não dão a mínima idéia do fervor
e da confiança com que se promoviam estes entendimentos.
Considere então uma parte
da evidência tirada do “histórico oficial” desta organização que professa
exercer o papel de profeta dos tempos modernos.
Ao rever os números mais
antigos da revista A Sentinela, de 1879 em diante, um aspecto
notável é que estavam esperando que acontecessem coisas grandiosas bem
naquele momento. Embora cressem que 1914 marcaria o fim dos “tempos
dos gentios”, essa data tinha relativamente pouca influência sobre seu
pensamento. Estavam pensando muito mais em 1874 e na crença de que Cristo
tinha começado nessa ocasião sua presença invisível, introduzindo, daí em
diante, o governo do seu Reino. Assim, esperavam passar muito em breve
pela experiência da transferência para a vida celestial. Com isto, seria
encerrada a oportunidade de chegarem a fazer parte da “noiva de Cristo”.
Também esperavam que, muito antes de 1914, o mundo entraria num período de
grande aflição, que se agravaria e evoluiria para um estado de caos e
anarquia. Por volta de 1914, estaria tudo terminado, acabado, e Yaohushua
hol'Mehushkháy teria assumido o pleno controle dos assuntos da terra, com a
substituição completa de todo os sistemas humanos de governo pelo seu
Reino.
Isto é bem ilustrado pela
seguinte matéria tirada do número de janeiro de 1881 de A Sentinela,
sendo certos pontos sublinhados aqui para conveniência do leitor:
"Vemos
também que, não somente a colheita da era judaica e a do
evangelho formam um paralelo no ponto inicial, mas também no período de
duração; a deles sendo ao todo quarenta anos, desde o tempo da unção
de Yaohushua [no início de sua colheita, 30 A.D.] até a destruição de
Jerusalém, em 70 A.D. Portanto, a nossa, tendo começado em 1874,
termina com o fim do “dia da ira” e com o fim dos “tempos dos gentios” em
1914 — um período similar e correspondente de quarenta anos. Os
primeiros sete anos da colheita judaica eram especialmente dedicados ao
ajuntamento do trigo maduro dessa igreja; dos quais, três anos e meio se
deram enquanto ele estava presente como o Noivo e os outros três anos e
meio foram depois de ele ter vindo a eles como rei e sido glorificado,
embora estivesse tudo sob sua supervisão e direção.
Conforme fora dito por
João, ele limpou sua eira, recolheu seu trigo e queimou a palha. Portanto,
eis aqui o paralelo se cumprindo: Encontramos [conforme demonstrado
anteriormente — veja “A Aurora do Dia”] a lei e os profetas
declarando-o presente na culminação dos “ciclos do Jubileu”, em
1874. E os paralelos nos mostram que começou então a colheita, e que o
recolhimento da noiva para um lugar de segurança levará um tempo
correspondente de sete anos, terminando em 1881. Mas, como, quando e
por que a tropeçaram sobre Cristo “os servos da casa”? Se pudéssemos
certificar-nos disto, conseguiríamos um indício de como, quando e por que
tropeça a casa do evangelho, especialmente em vista do fato de que, em
muitos aspectos, a obra final daquela era é o modelo exato desta.
——————————
Cremos que Cristo
está agora presente, no sentido de ter começado a obra de tomar para si
seu grande poder e domínio.
A obra começou com a separação do joio do trigo na igreja vivente e na
associação do trigo de todas as eras consigo mesmo na autoridade de seu
reino. “Àquele que vencer, concederei sentar-se comigo no meu trono,” e
“dar-lhe-ei autoridade sobre todas as nações”, para continuar até que
todas as coisas sejam subjugadas sob ele. Parece apropriado, também, que a
obra deveria começar assim, por tomar a sua noiva e os dois se tornarem
um".
A verdadeira data-base
para A Sentinela nessa época era claramente 1874. A partir dessa
data, Cristo estava presente. Nos próximos quarenta anos, ele concluiria
toda a sua obra de colheita. Por acreditarem nisto, achava-se que eventos
dramáticos deveriam ocorrer mui rapidamente, talvez naquele mesmo ano de
1881, conforme argumentado no artigo adicional com o título “Por Quanto
Tempo, Ó Senhor?” Observe estes pontos:
"Esta é, sem dúvida,
uma questão que muitos têm se perguntado, a saber: ‘Quão cedo virá a nossa
mudança?’
Muitos de nós têm aguardado esta mudança por anos e, ainda com maior
alegria, imaginamos o tempo em que nos juntaremos a Yaohushua e o veremos como
ele é. No artigo concernente à nossa mudança, no periódico de
dezembro, expressamos a opinião de que estava mais próxima do que
muitos supunham e, enquanto não tentássemos provar que a nossa mudança se
daria em algum tempo específico, mesmo assim, propomos que olhemos para as
evidências que parecem indicar que a trasladação ou mudança da condição
natural para a espiritual deverá ocorrer antes ou por volta do outono do
nosso ano de 1881. A evidência de que a nossa mudança se dará
por volta desse tempo aumenta, já que temos visto que a transformação em
corpos espirituais não é o casamento. Enquanto pensávamos que o casamento
fosse a mudança e sabendo que havia, desde 1978, três anos e meio de favor
especial para a igreja nominal (deixada agora desolada), não podíamos
esperar nenhuma trasladação antes de 1881 ou durante estes três anos e
meio. Mas, uma vez que reconhecemos que ser admitido em casamento não
significa apenas estar pronto para mudança (por reconhecer sua presença),
mas também que essa admissão inclui a própria mudança, então as
evidências de que entramos (ou seremos mudados) dentro do
tempo mencionado são fortes e se apresentam a todos os interessados como
dignas de investigação. À parte de qualquer prova direta de que a nossa
mudança está próxima, o fato de que a maneira da mudança pode agora ser
entendida é evidência de que estamos próximos do tempo da mudança, pois a
verdade é “alimento no tempo devido” e só é entendida quando esse tempo
chega. Será relembrado que, depois da primavera de 1878 (quando
entendíamos que Yaohushua deveria aparecer como Rei), o tema da santidade ou
das vestes de casamento estava muito agitado. E, à parte do paralelo em
relação à era judaica e do favor que se demonstrava naquela época à nação
judaica, o que implicava na presença do Rei, a consideração das vestes de
casamento era também prova da exatidão da aplicação, pois “o Rei havia
entrado para ver os convidados,” [Mat. xxii, 11] e todos estavam,
portanto, interessados em saber como se encontravam diante dele. Ora, como
a inspeção dos convidados é a última coisa que antecede à nossa mudança, a
qual vem antes do casamento e estamos todos dando consideração agora à
mudança, parece que o tempo dela está próximo.
Apresentaremos agora o que
mencionamos através dos modelos e pontos proféticos como parecendo indicar
que a trasladação dos santos e o fechamento da porta à chamada de cima se
darão por volta de 1881".
Seguiu-se argumentação
detalhada, com ênfase no outono de 1881 como o tempo provável de sua
mudança para vida celestial e da ocasião “em que a porta — a oportunidade
de vir a ser membro da noiva — se fechará”. Isto seria 35 anos antes de
1914, o que, para eles, era apenas um ponto final, o tempo durante o
qual todas as coisas se acabariam.
NOTA DE O CAMINHO:
Para o Adventismo, diga-se IASD, isto ocorrera nos Sete (7) Anos
subsequentes à 1844 com a consequente Volta do Messias... Posteriormente
adotaram o ano de 1875 como sendo esta volta...
A expectativa de que os
cristãos ungidos da “classe da Noiva” passariam por uma transição para a
vida celestial pelo outono de 1881, obviamente, não se materializou. À
medida que os anos se passavam, o período considerado começou a
prolongar-se e 1914 começou a receber uma ênfase um tanto maior. Todavia,
ainda era o ponto terminal, quando a eliminação dos reinos
terrestres e a destruição da “cristandade nominal” haveriam de se
completar, já que se acreditava que Cristo começara a exercer seu pleno
poder do Reino em 1878, conforme demonstrado no livro publicado por
Russell em 1889, com o título O Tempo Está Próximo página 239:
Tradução:Tem
sido exatamente assim nesta colheita: A presença de nosso Senhor
como Noivo e Ceifeiro foi reconhecida durante os primeiros três anos e
meio, de 1874 A.D. a 1878 A.D. Desde esse tempo, ficou
enfaticamente claro que em
1878 A.D. chegou o tempo em que deveria começar o julgamento real da casa
de Deus. É aqui
que se aplica Rev. 14:14-20, e nosso Senhor tornou-se visível como o
Ceifeiro coroado. Sendo o ano 1878 A.D. o paralelo de sua tomada de
poder e autoridade no tipo, assinala o tempo claramente para a verdadeira
tomada do poder como Rei dos reis pelo nosso presente, espiritual e
invisível Senhor — o tempo dele assumir seu grande poder para reinar,
o que, na profecia, está intimamente associado à ressurreição de seus
fiéis e ao começo da aflição e da ira sobre as nações. (Rev. 11:17, 18)
Mesmo depois da virada do
século, nos primeiros anos após 1900, o foco ainda se concentrava sobre
1874 e 1878 como datas-chaves em torno das quais girava todo pensamento.
Eles já estavam dentro dos “últimos dias” desde 1799, dentro do
período da “colheita” desde 1874, Cristo estivera exercendo seu poder real
desde 1878 e a ressurreição havia então começado. O passar dos anos não
alterou estas afirmações. Estavam todas relacionadas a eventos
invisíveis, diferente da predição acerca da ‘trasladação para o céu
dos santos vivos’ esperada em 1881. Sem nenhuma evidência visível para
tirar-lhes o crédito, estas afirmações podiam ser, e foram, mantidas.
A três anos de 1914, em
1911, A Sentinela ainda proclamava a importância de 1874, 1878 e
1881. “Babilônia, a Grande” havia caído em 1878 e seu “fim total” viria em
outubro de 1914. Foi feito, entretanto, um ‘ajuste’ com relação ao
“fechamento da porta” da oportunidade para tornar-se parte da classe do
Reino celestial, colocada anteriormente em 1881. Agora os leitores de A
Sentinela são informados de que a “porta” ainda “se mantém
entreaberta” nesta matéria do número de 15 de junho de 1911:
"Observando estes
paralelos, encontramos 1874 como o início desta ‘colheita’ e do
ajuntamento dos ‘eleitos’ desde os quatro ventos do céu; 1878 como o tempo
em que Babilônia foi formalmente rejeitada, Laodicéia foi vomitada — o
tempo desde o qual se declara, ‘Caiu, caiu Babilônia’
—, destituída do favor divino. O paralelo em 1881 parece indicar que ainda
se mantinham certos favores aos em Babilônia até essa data, não obstante a
rejeição do sistema; e, desde essa data, temos entendido que essa relação
não tem sido em nenhum sentido vantajosa, mas tem sido, em muitos sentidos
da palavra, uma clara desvantagem da qual, somente com dificuldade poderia
alguém libertar-se, auxiliado pela graça do Senhor e pela verdade. E, em
harmonia com este paralelismo, outubro de 1914 testemunhará o fim total
de Babilônia, ‘como uma grande mó lançada no mar’, completamente destruída
como sistema.
Voltando atrás: Admitamos que seja razoável concluir que o encerramento
dos favores sobre o Israel carnal represente o encerramento do favor
especial da era Evangélica, a saber, o convite à chamada de cima; dessa
forma, nosso entendimento é que a ‘chamada’ ampla ou geral desta
era para as honras do reino cessou em outubro de 1881. Entretanto, como já
foi mostrado nos ESTUDOS DAS ESCRITURAS, fazemos a distinção entre o fim
da “chamada” e o fechamento da ‘porta’; e cremos que a porta para a classe
do reino não está ainda fechada; que se mantém entreaberta por um tempo,
a fim de permitir que os que já aceitaram a ‘chamada’ e deixaram de usar
seus privilégios e oportunidades, com o sacrifício de si mesmos, sejam
expulsos e a fim de permitir que outros entrem e recebam suas coroas, em
harmonia com Rev. 3:11. Portanto, o tempo atual, desde 1881 até que a
porta para o sacrifício no serviço do Senhor seja completamente fechada, é
um período de “peneiramento com respeito a todos os que já estão no favor
divino, numa relação pactuada com Deus.”
Isso foi escrito em 1911 e
a data do desfecho final, 1914, estava agora próxima. Com sua chegada, a
colheita estaria terminada, os últimos dias teriam alcançado seu ponto
culminante, suas esperanças estariam completamente cumpridas. O que
ensinavam exatamente as publicações da Torre de Vigia que aconteceria
quando chegasse a data de 1914?
O livro O Tempo Está
Próximo, publicado 25 anos antes de 1914, nas páginas 76 a 78,
estabelece sete pontos, conforme veremos a seguir:
A fotocópia ao lado
omite os pontos 4, 5 e 6. Mas segue-se a tradução de
todos os sete pontos:
Neste capítulo,
apresentamos a evidência bíblica que prova que o término total dos
tempos dos gentios, isto é, o término total de sua licença de domínio se
vencerá em 1914 A.D.; e que essa data será o limite máximo da regência de
homens imperfeitos. E observe-se que, se isso se revela como um fato
firmemente estabelecido pelas escrituras, provará
Em primeiro lugar que,
nessa data, o Reino de Deus, pelo qual nosso Senhor nos ensinou a
orar, dizendo, “Venha o Teu Reino”, terá alcançado o pleno controle
universal, e que será então ‘instalado’, ou firmemente estabelecido,
na terra.
Em segundo lugar, provará
que ele, cujo direito é portanto assumir o domínio, estará então
presente como o novo Regente da terra; e não apenas isso, mas provará
também que ele há de estar presente por um período considerável antes
dessa data; já que a derrubada destes governos gentios é
causada diretamente por ele espatifá-los como um vaso de oleiro (Salmos
2:9; Rev. 2:27), e pelo estabelecimento de seu próprio governo justo em
substituição a eles.
Em terceiro lugar, provará
que, algum tempo antes do fim de 1914 A.D., o último membro
da divinamente reconhecida Igreja de Cristo, do ‘sacerdócio real’, do
‘corpo de Cristo’, será glorificado com a Cabeça; já que
cada membro deve reinar com Cristo, sendo co-herdeiro com ele no Reino,
que não pode ser plenamente ‘instalado’ sem cada membro.
Em quarto lugar, provará
que, daquele tempo em diante, Jerusalém não será mais pisoteada
pelos gentios, mas se erguerá do pó do desfavor divino para honra,
visto que os “tempos dos gentios” terão se cumprido ou completado.
Em quinto lugar provará
que, nessa data, ou antes dela, começará a ser retirada a
cegueira de Israel, já que a ‘cegueira parcial’ devia continuar
somente ‘até que houvesse entrado a plenitude dos gentios’ (Rom. 11:25),
ou, em outras palavras, até que o pleno número dentre os gentios, que
haveriam de ser membros do corpo ou noiva de Cristo, fossem plenamente
selecionados.
Em sexto lugar, provará
que o grande ‘tempo de aflição’ tal como nunca houve desde que
existe nação”, alcançará seu ponto culminante no reino mundial
da anarquia; e os homens aprenderão então a ficar parados e a
reconhecer que Jeová é Deus e que ele será exaltado na terra. (Salmo
46:10) A condição das coisas, descrita em linguagem simbólica como ondas
agitadas do mar, o derretimento da terra, o nivelamento da montanhas e a
queima dos céus, terá se passado e a ‘nova terra e novo céu’, com suas
bênçãos de paz começarão a ser reconhecidas pela humanidade abalada pela
aflição. Mas o Ungido do Senhor e a sua autoridade legítima e justa serão
primeiro reconhecidos pela companhia dos filhos de Deus, enquanto
atravessam a grande tribulação — a classe representada por m
e t no Plano das Eras (veja também as páginas 235 a 239,
Vol. I.); posteriormente, bem no seu final, pelo Israel carnal; e,
finalmente, pela humanidade em geral.
Em sétimo lugar, provará
que, antes dessa data, o Reino de Deus, organizado em
poder, estará na terra, e golpeará e esmagará então a imagem gentia
(Dan. 2:34) — consumirá totalmente o poder destes reis. Seu
próprio poder e domínio serão estabelecidos tão logo ele esmiúce e
pulverize, por suas variadas influências e operações, as ‘potências que
são’ — civis e eclesiásticas — ferro e argila.
Estas declarações são da
edição anterior a 1914. Note como algumas de suas declarações foram
‘ajustadas’ na edição posterior a 1914 (1924).
Conforme pode ser
observado na matéria citada, a edição anterior a 1914 diz claramente que
1914 “será o limite máximo da regência de homens imperfeitos”.
Disse que, nessa data, o Reino de Deus “terá alcançado o
pleno controle universal, e que será então ‘instalado’, ou
firmemente estabelecido, na terra”.
A edição posterior a 1914
encobre isto ao dizer:
"Neste
capítulo apresentamos a evidência bíblica provando que o término total dos
tempos dos gentios, isto é, o término total de sua licença de domínio se
vencerá em 1914 A.D.; e que essa data verá a desintegração da regência de
homens imperfeitos".
E observe-se que, se isso
se revela como um fato firmemente estabelecido pelas escrituras, provará:
"Em
primeiro lugar que, nessa data, o Reino de Deus, pelo qual nosso
Senhor nos ensinou a orar, dizendo, ‘Venha o Teu Reino’, começará a
assumir o controle, e que será pouco depois ‘instalado’, ou firmemente
estabelecido na terra, sobre as ruínas das instituições atuais".
No terceiro ponto, a
edição anterior a 1914 declarou que, antes do fim em 1914, o último membro
do “corpo de Cristo” seria glorificado com a Cabeça. Aqui, também, a
edição posterior a 1914 alterou a fraseologia e eliminou qualquer
referência ao ano de 1914:
"Em
terceiro lugar, provará que, algum tempo antes do fim da
derrocada, o último membro da divinamente reconhecida Igreja de
Cristo, do ‘sacerdócio real’, do “corpo de Cristo”, será glorificado com a
Cabeça; já que cada membro deve reinar com Cristo, sendo co-herdeiro com
ele no Reino, que não pode ser plenamente ‘instalado’ sem cada membro.”
Assim, fez-se um esforço
visível nas edições posteriores para encobrir os mais óbvios fracassos das
declarações mais confiantes feitas com relação a 1914, já que essa data
havia passado sem que os eventos preditos acontecessem. Poucas
"Testemunhas de Jeová" hoje fazem qualquer idéia da magnitude das pretensões envolvendo
esse ano ou do fato de que nenhum dos sete pontos originais sequer se
cumpriu como foi declarado. Essas expectativas recebem atualmente apenas
menção muito rápida nas publicações da Sociedade; algumas são totalmente
ignoradas.9
NOTA DE O CAMINHO:
Isto não é novidade [manipulação das publicações anteriores]; na IASD o
livro Primeiros escritos, foi reeditado para esconder os erros proféticos
de EGW, diga-se a profecia da Porta Fechada e, hoje, continuam manipulando
para esconder a verdadeira crenças dos pioneiros [eram monoteístas, como
Russell].
De fato, ao ler as
recentes publicações da Sociedade, alguém pode chegar talvez à conclusão
de que Russell, o presidente da Torre de Vigia, não falou especificamente
sobre o que 1914 traria exatamente. Essas insinuam que qualquer
expectativa exagerada ou afirmação dogmática era da responsabilidade dos
outros, os leitores. Um exemplo disto se encontra na história oficial,
As "Testemunhas de Jeová" no Propósito Divino (em inglês), página
52:
"Não há dúvida de que
muitos, durante este período, eram excessivamente entusiásticos em suas
declarações quanto ao que se podia esperar. Alguns liam as declarações de
A Sentinela como dizendo o que jamais pretenderam dizer e, ao passo que
era necessário para Russell chamar a atenção para a certeza de que estava
prevista uma grande mudança no fim dos tempos dos gentios, ele ainda
encorajava seus leitores a manterem a mente aberta, especialmente quanto
ao elemento de tempo".
O livro cita trechos de
revistas A Sentinela mas estes, ao serem examinados, simplesmente
não apóiam a declaração apresentada. O único que trata especificamente de
um “elemento de tempo” específico é tirado de A Sentinela de 1893,
que diz:
"Uma grande tempestade
está próxima. Apesar de ninguém saber exatamente quando ela irromperá,
parece razoável supor que não pode ser mais que doze ou catorze anos ainda
no futuro".
9
Do mesmo modo, também, com as afirmações feitas acerca dos anos 1878 e
1881, as quais, juntamente com aquelas envolvendo 1799 e 1874, foram todas
eventualmente descartadas como errôneas.
Isto não contribui em nada
para provar a asserção feita; simplesmente confirma o que é mostrado por
outros escritos de Russell, isto é, que ele definitivamente esperava que
rebentasse uma calamidade mundial antes da chegada de 1914, não
mais tarde que 1905 ou 1907, de acordo com a matéria citada, e que esta
deflagração levaria à eventual destruição de todos os governantes da terra
nessa data final.
O livro As "Testemunhas
de Jeová" no Propósito Divino (página 53) cita a declaração de Russell
em A Sentinela de 1912, conforme segue:
"Há
certamente espaço para ligeiras diferenças de ponto de vista sobre este
assunto e isso nos leva a conceder um ao outro a mais ampla latitude. A
permissão de poder aos gentios pode terminar em outubro de 1914 ou em
outubro de 1915. E o período de intensa luta e anarquia “tal como nunca
existiu desde que há nação” pode ser o fim conclusivo dos tempos dos
gentios ou o começo do reinado do Messias".
Porém, alertamos mais uma
vez a todos os nossos leitores que não profetizamos nada sobre os tempos
dos gentios acabarem em um tempo de calamidade, nem sobre a época gloriosa
que seguirá imediatamente depois da catástrofe. Simplesmente destacamos o
que dizem as Escrituras, expressando nossas opiniões com respeito a seu
significado e instando com nossos leitores a que julguem, cada um por si
mesmo, o significado delas. Estas profecias ainda querem dizer a
mesma coisa para nós... Por mais que alguns possam fazer
afirmações categóricas do que sabem, e do que não sabem, nós
nunca nos entregamos a isto; porém, simplesmente asseveramos
que cremos dessa e daquela maneira, por tais e tais razões.
Este é, portanto, o quadro
que a organização procura transmitir. Compare-o com outras declarações
apresentadas na revista A Sentinela e demais publicações,
declarações sobre as quais as publicações da Sociedade não fazem
atualmente a menor referência. Pergunte-se se é verdade que a
responsabilidade por quaisquer afirmações dogmáticas recai fora da
Sociedade, que, em vez disso, recai sobre aqueles que “lêem” nas
publicações uma certeza jamais intencionada, particularmente com relação
ao que 1914 haveria de trazer.
Extraído de O Tempo
Está Próximo, publicado em 1889, páginas 98 e 99, lemos o seguinte:
Tradução:
Na verdade, é esperar
grandes coisas afirmar, como o fazemos, que dentro dos próximos 26 anos,
todos os atuais governos serão derrubados e dissolvidos; porém, estamos
vivendo em um tempo especial e peculiar, ‘O Dia de Jeová,’ no qual os
assuntos chegarão a uma conclusão rápida;
e está escrito, ‘O Senhor realizará uma obra curta sobre toda a terra.’“
(Veja Vol. I., cap. xv.)
————————
Em vista da forte
evidência bíblica concernente aos tempos dos gentios, consideramos uma
verdade estabelecida que o final definitivo dos reinos deste mundo
e o pleno estabelecimento do Reino de Deus estarão realizados pelo fim de
1914 A.D. Nessa ocasião, a oração da Igreja, desde quando seu Senhor
empreendeu sua partida _ “Venha o Teu Reino” _ , será respondida; e sob
essa administração sábia e justa, a terra inteira se encherá da glória do
Senhor _ com conhecimento, justiça e paz (Salmo 72:19; Isa. 6:3; Hab.
2:14); e a vontade de Deus será feita “na terra, como é feita no céu”.
Se você disser, não
simplesmente que alguma coisa é verdadeira, mas que a considera uma
“verdade estabelecida”, não é isso o mesmo que dizer que sabe que é
assim? Não é isso ‘entregar-se a afirmações categóricas’? Se existe
alguma diferença, quão grande é esta diferença?
Na mesma publicação, na
página 101, aparece esta declaração:
“Não
se surpreendam, pois, se apresentamos, nos capítulos seguintes, provas
de que o estabelecimento do Reino de Deus já começou, que está
destacado na profecia como devendo começar a exercer o poder em 1878 A.D.,
e que a ‘batalha do grande dia do Deus, o Todo-poderoso’
(Rev. 16:14), que terminará em 1914 A.D. com a completa
destruição do atual domínio da terra, já foi iniciada. O ajuntamento
dos exércitos está claramente visível do ponto de vista da Palavra de
Deus.
Se a
nossa visão não ficar obstruída pelo preconceito, quando conseguimos
ajustar corretamente o telescópio da Palavra de Deus, podemos ver com
clareza o caráter de muitos dos eventos que devem ocorrer no ‘Dia do
Senhor’ _ de que estamos bem no meio desses eventos, e que chegou ‘o
Grande Dia de Sua Ira".
Dois anos depois de ter-se
publicado este livro, publicou-se outro livro de Russell, Venha o Teu
Reino (em inglês), em 1891 e, na página 153, encontramos o seguinte:
Tradução:
"A
predita queda, pragas, destruição, etc., que sobreviriam à mística
Babilônia, foram prefiguradas pela grande angústia e destruição nacional
que sobrevieram ao Israel carnal, e que terminou com a completa destruição
da nação em 70 A.D. E o período da queda tem também uma correspondência;
visto que, desde o tempo em que nosso Senhor disse, ‘Vossa casa vos fica
abandonada’, de 33 A.D. a 70 A.D. são 36 anos e meio; e, do mesmo modo, de
1878 A.D. ao fim de 1914 A.D. são 36 anos e meio. E com o fim de 1914,
aquilo que Deus chama de Babilônia e os homens chamam de
cristandade, terá passado, conforme já está demonstrado pela profecia".
No ano seguinte, 1892, no
número de 15 de janeiro, A Sentinela dizia que a “batalha” final já
havia começado, devendo seu fim ocorrer em 1914:
"Enquanto era uma surpresa agradável para nós (em vista dos relatos
sensacionais e hostis que se publicam com tanta freqüência), achar a
situação na Europa, como a descrevemos aqui — de acordo com o que as
Escrituras nos haviam induzido a esperar —, ainda assim, tão grande é
nossa confiança na Palavra de Deus e na luz da verdade atual que brilha
sobre ela, que não poderíamos ter duvidado de seu testemunho, quaisquer
que fossem as aparências. A data do encerramento dessa “batalha”
está definitivamente marcada nas Escrituras como sendo outubro de 1914.
Ela já está em andamento, datando seu início de outubro de 1874. Até
agora, tem sido principalmente uma batalha de palavras e um tempo para
organização de forças – capital, trabalho, exércitos e sociedades
secretas.
Nunca houve um tempo
em que se formaram tantas coligações como no presente.
As nações não estão apenas se aliando umas às outras para proteger-se
contra outras nações, mas as várias facções dentro de cada nação estão se
organizando para proteger seus diversos interesses. Mas, por enquanto, as
várias facções estão simplesmente estudando a situação, examinando a força
de seus adversários e procurando aperfeiçoar seus planos e poder para a
luta futura, que muitos, sem o testemunho da Bíblia, parecem convencer-se
de que é inevitável. Outros ainda se iludem dizendo, Paz! Paz! quando não
há nenhuma possibilidade de paz até que o reino de Deus assuma o controle,
compelindo-os a que se faça sua vontade na terra como é feita agora no
céu.
Este aspecto da
batalha deve continuar
com variável sucesso para todos os envolvidos; a organização deve ser
muito cabal; e a luta final será comparativamente curta, terrível e
decisiva _ resultando em anarquia geral. Em muitos sentidos, as convicções
dos grandes generais do mundo coincidem com as predições da Palavra de
Deus. Então, ‘Ai do homem ou nação que der início a próxima guerra na
Europa; pois .’. Esta será induzida não apenas por
animosidades nacionais, mas também por ressentimentos, ambições e
animosidades sociais e, caso não seja levada a um fim pelo
estabelecimento do reino de Deus nas mãos de seu eleito e da então
glorificada Igreja, a espécie seria exterminada. _ Mateus 24:12".
Este pequeno artigo que
aparece em A Sentinela de julho de 1894 revela o quanto eles viam
as condições mundiais daquele tempo como prova clara de que o mundo estava
então prestes a entrar em suas ânsias finais, com seu último suspiro
ocorrendo em 1914:
Tradução:
PODE SER ADIADO ATÉ 1914?
Dezessete anos atrás as pessoas diziam, com relação aos detalhes
cronológicos apresentados na AURORA DO MILÊNIO: Parecem razoáveis em
muitos aspectos, mas certamente não ocorrerão mudanças radicais entre o
momento atual e o final de 1914; se vocês tivessem provado que
aconteceriam dentro um século ou dois, isso pareceria muito mais provável.
Que
mudanças têm ocorrido desde então e que velocidade está se alcançando
diariamente?
“O
velho está passando rapidamente e o novo está chegando.” Agora, em vista
dos recentes problemas trabalhistas e da ameaça d anarquia, nossos
leitores estão escrevendo para saber se não deve haver algum erro na data
de 1914. Eles dizem que não vêem como as condições atuais podem agüentar
tanto tempo sob tensão.
Não vemos nenhum motivo
para mudarmos os números — nem poderíamos mudá-los se quiséssemos. Eles
são, acreditamos, datas de Deus, não nossas. Mas, tenham em mente que o
fim de 1914 não é a data para o início, mas para o fim do tempo de
aflição".
Não vemos motivo algum
para alterarmos nossa opinião expressa na visão apresentada em A Torre
de Vigia de 15 de janeiro de 1892. Aconselhamos que a leiam novamente.
É verdade que se usa aqui
a palavra “opinião”, mas quão significativo isto é quando, ao mesmo tempo,
se inclui Deus no quadro como apoiando as datas anunciadas? Quem estaria
inclinado a duvidar das “datas de Deus”?
Atualmente, a organização
diria que estes assuntos são todos superficiais, de somenos importância
quando comparados ao que costumam apresentar como uma verdade maior, a
saber, que a Sociedade estava certa sobre o “fim dos tempos dos gentios”
como ocorrendo em 1914, a única crença inicial com relação a 1914
que ainda permanece. Mas, ao dizerem isto, eles cometem provavelmente o
maior ato de representação falsa de todos. Pois o fato é que tudo o que se
reteve foi a expressão: “o fim dos tempos dos gentios”. O
significado atribuído à expressão é totalmente diferente do
significado a ela atribuído pela Sociedade Torre de Vigia durante os
quarenta anos que vão até 1914.
Durante todos aqueles
quarenta anos, os associados à Sociedade Torre de Vigia entendiam que o
“fim dos tempos dos gentios” significaria a derrubada completa de todos os
governos terrenos, sua total destruição e substituição pela regência de
toda a terra pelo reino de Cristo. Não restaria nenhuma regência humana.
Recordem a declaração nas páginas 98 e 99 do livro O Tempo Está Próximo,
dizendo que “dentro dos próximos 26 anos [a partir de 1889], todos os
atuais
governos serão derrubados e dissolvidos.”
Que, “Em vista da forte evidência bíblica concernente aos tempos
dos gentios, consideramos uma verdade estabelecida que o
final definitivo dos reinos deste mundo e o pleno
estabelecimento do Reino de Deus estarão realizados pelo fim de
1914 A.D.”
Atualmente, o significado
atribuído à expressão “fim dos tempos dos gentios” (ou “os tempos
designados das nações”) é completamente diferente. Não é o fim real
do domínio dos governos humanos como resultado de sua destruição por
Cristo. Diz-se agora que é o fim de sua “regência ininterrupta” da terra,
sendo a interrupção o resultado de haver Cristo assumido invisivelmente o
poder e começado a reinar em 1914 e a dirigir sua atenção de um ‘modo
especial’ para a terra, (o que é, na verdade, aquilo que fora ensinado
anteriormente quanto ao ano de 1874).
Já que, mais uma vez, é no
domínio invisível que se diz que isto ocorreu, é difícil argumentar contra
tal teoria. O fato de que nada mudou absolutamente desde 1914 com relação
ao domínio da terra pelos governos terrenos não parece ser visto como de
alguma conseqüência. A “licença” deles expirou, diz-se agora, estando
invisivelmente cancelada pelo Rei invisível, e, dessa forma, veio o “fim”
do seu tempo designado.
Tudo isto é comparável a
proclamar-se durante quarenta anos que, numa certa data, o ocupante
indesejável de uma propriedade seria completamente expulso, removido para
sempre, e então, quando a data vem e se vai e o ocupante ainda continua lá
como sempre, aparecer então com uma explicação evasiva dizendo: “Bem, eu
cancelei sua licença e, no que me diz respeito, é como se ele tivesse ido
embora. E, além do mais, agora estou vigiando as coisas mais de perto”.
Reconhecidamente, quanto
mais se aproximava 1914, mais cautelosas se tornavam as previsões. Ao
passo que Russell havia argumentado que a tempestade de aflição e a
anarquia universal ocorreriam antes de outubro de 1914, mais tarde, em um
número de 1904 da revista, ele disse:
Tradução:
ANARQUIA UNIVERSAL — POUCO ANTES OU DEPOIS DE OUTUBRO DE 1914 A.D.
O que parece ser à
primeira vista a coisa mais trivial e totalmente desvinculada do assunto,
mudou nossa convicção com respeito ao tempo de quando pode ser esperada a
anarquia universal, segundo os números proféticos. Agora, esperamos que o
clímax anárquico do grande tempo de aflição, que precederá as bênçãos do
Milênio ocorrerá depois de outubro de 1914, A.D. — bem imediatamente
depois, em nossa opinião — “em uma hora”, “repentinamente”.10
E, enquanto ele havia
afirmado em 1894 que os cálculos expostos eram “datas de Deus, não
nossas”, em A Sentinela de 1º de outubro de 1907, sete anos antes
de 1914, disse ele então:
Um querido irmão pergunta:
Podemos nos sentir absolutamente seguros de que é correta a cronologia
apresentada nos ESTUDOS DA AURORA DO MILÊNIO? — de que a colheita começou
em 1874 A.D. e findará em 1914 A.D. numa calamidade de amplitude mundial,
que eliminará todas as instituições atuais e será seguida pelo reino de
justiça do Rei da Glória e de sua noiva, a igreja?
Respondemos, como o
temos freqüentemente feito antes nas AURORAS e SENTINELAS, oralmente e por
carta, que nós nunca afirmamos que nossos cálculos fossem infalivelmente
corretos; nós nunca afirmamos que fossem conhecimento, nem baseados
em evidência incontestável, fatos, conhecimento; a nossa afirmação
tem sido sempre que eles se baseiam na fé.
10 A Torre
de Vigia
de 1º
de julho de 1904.
Este mesmo artigo continua,
entretanto, a dar a entender que os que duvidam desses cálculos são carentes
de fé. Diz ele:
“Lembrem-se mais uma vez
de que os pontos fracos da cronologia são suplementados pelas várias
profecias que se entrelaçam com ela de maneira tão notável que a fé na
cronologia se torna quase conhecimento de que é correta. A mudança de um
único ano tiraria a harmonia das belas correspondências; já que algumas
profecias são contadas a partir de A.C., algumas a partir de A.D., e algumas
dependem de ambos os períodos. Cremos que Deus pretendia que essas profecias
fossem compreendidas ‘no tempo devido’; cremos que as compreendemos agora —
que elas nos falam através desta cronologia. Não selam elas desse modo a
cronologia? Selam com respeito à fé, mas não independente dela. Nosso Senhor
declarou, “O sábio entenderá”; e ele nos diz “Vigiai” para que possamos
conhecer; e é esta cronologia que nos convence (a qual podemos aceitar e
realmente a aceitamos pela fé) de que a Parábola das Dez Virgens está agora
em processo de cumprimento — que ouviu-se seu primeiro grito em 1844 e que
seu segundo grito, ‘Eis aqui o Noivo’ — presente — se deu em 1874.
Quão
proveitoso é — ou, quanto a isso, quanta humildade demonstra — reconhecer
própria falibilidade enquanto se dá a entender, ao mesmo tempo, que somente
aqueles que aceitam os seus pontos de vista estão demonstrando fé, estão
entre os sábios que entenderão’? Não estariam aqueles que deixaram de
atender a estes “gritos” de 1844 e 1874 classificados logicamente como as
“virgens tolas” da parábola?".
O mesmo
artigo havia dito anteriormente:
"Os
tempos e as épocas de Deus são dados de tal maneira como sendo convincentes
somente àqueles que, pela intimidade com Deus, são capazes de reconhecer
seus métodos característicos".
Desse modo, se alguém
expressasse dúvidas quanto à cronologia da Sociedade, colocava-se sutilmente
em dúvida a própria qualidade de sua relação com Deus — juntamente com sua
fé e sua sabedoria. Esta é uma forma de intimidação intelectual, uma prática
que aumentou de múltiplas maneiras, uma vez que o ano de 1914 havia se
passado sem que se cumprissem as expectativas publicadas mundialmente.
CAP
9 - 1975: ‘O TEMPO APROPRIADO
PARA DEUS AGIR’
É YAOHU’ABI quem determina os
tempos, respondeu, e não vos compete conhecê-los. Atos 1:7, ESN
DURANTE a segunda metade da presidência
de Rutherford, a maioria das profecias relacionadas com datas mais
antigas, defendidas tão energicamente na primeira metade, foram
gradualmente abandonadas ou remanejadas.
O início dos “últimos dias” foi mudado
de 1799 para 1914. A presença de Cristo em 1874 foi também mudada para
1914 (como já havia sido feito em 1922 com o início oficial da regência
ativa do Reino de Cristo). O começo da ressurreição foi mudado de 1878
para 1918.
Por algum tempo, afirmava-se até que
1914 havia de fato ocasionado o “fim do mundo” no sentido de que Deus
havia encerrado ‘legalmente’ a concessão de domínio das nações mundanas
sobre a terra. Isto foi também abandonado e o “fim” ou a “terminação do
sistema de coisas” (conforme a versão da Tradução do Novo Mundo) é
agora considerado como estando no futuro.
A organização pretende crer que os
acontecimentos alistados tiveram cumprimento nos novos anos selecionados,
mas como se trata inteiramente de cumprimentos invisíveis, é obvio
que a aceitação de tais eventos depende inteiramente da fé da pessoa nas
interpretações apresentadas. Depois de uma reunião do Corpo Governante, em
que se suscitou a discussão destas profecias e as mudanças em suas datas,
Bill Jackson me disse sorrindo: “Costumávamos dizer, você simplesmente
retira a data deste ombro e a passa para o outro”.
Foi somente depois da morte de
Rutherford em 1942 que foi feita a mudança com respeito ao ano 606 A.E.C.
como o ponto inicial dos 2.520 anos. Curiosamente, o fato de que os 2.520
anos a contar de 606 A.E.C. levavam na realidade a 1915 E.C., e não a 1914
E.C., não foi reconhecido ou considerado por mais de 60 anos.
Então, discretamente, o ponto inicial
retrocedeu em um ano para 607 A.E.C., permitindo a manutenção do ano 1914
E.C. como o ponto final dos 2.520 anos. Nenhuma evidência histórica foi
apresentada para indicar que a destruição de Jerusalém tivesse ocorrido um
ano mais cedo do que o acreditado. O desejo da organização em manter 1914
como uma data marcada e apontada por eles durante tantos anos (algo que
eles não haviam feito com 1915) ditou a antecipação da destruição de
Jerusalém em um ano, uma coisa simples de se fazer — no papel.
Em meados dos anos 40, tinha sido
decidido que a cronologia usada durante as presidências de Russell e
Rutherford estava errada em 100 anos com relação à contagem do tempo até a
criação de Adão. Em 1966, a organização disse que, em vez de ocorrer em
1874 conforme ensinado anteriormente, o fim de seis mil anos de história
humana chegaria em 1975.
Isto foi publicado no verão de 1966 no
livro escrito por Fred Franz, intitulado Vida Eterna — na Liberdade dos
Filhos de Deus. No seu primeiro capítulo, o livro lançava mão do
arranjo do Jubileu, o qual havia também figurado com destaque nas
predições relacionadas com 1925, e argumentava (como também se fizera lá
naquela época) em favor da crença em seis “dias” de mil anos cada um,
durante o qual a humanidade deveria passar pela imperfeição, a ser seguido
por um sétimo “dia” de mil anos em que se restabeleceria a perfeição num
grandioso jubileu de libertação da escravidão ao pecado, à doença e à
morte. Dizia o livro nas páginas 27 a 29:
41
Desde o tempo de Ussher, fizeram-se estudos intensivos da cronologia
bíblica. Neste século vinte, realizou-se um estudo independente que não
acompanha cegamente certos cálculos cronológicos tradicionais da
cristandade, e a tabela de tempo publicada, resultante deste estudo
independente, fornece a data da criação do homem como sendo 4026 A.E.C.
Segundo esta cronologia bíblica fidedigna, os seis mil anos desde a
criação do homem terminarão em 1975 e o sétimo período de mil
anos da história humana começará no outono (segundo o hemisfério
setentrional) do ano de 1975 E.C.
42
Assim, seis mil anos da existência do homem na terra acabarão em breve,
sim, dentro desta geração. Jeová Deus não tem limite de tempo, conforme
está escrito no Salmo 90:1, 2: “Ó Jeová, tu mesmo mostraste ser uma
verdadeira habitação para nós durante geração após geração. Antes de
nascerem os próprios montes ou de teres passado a produzir como que com
dores de parto a terra e solo produtivo, sim, de tempo indefinido a tempo
indefinido, tu és Deus.” Portanto, do ponto de vista de Jeová Deus, a
passagem destes seis mil anos da existência humana são apenas como que
seis dias de vinte e quatro horas, pois este mesmo salmo (versículos 3 e
4) prossegue, dizendo: “Fazes o homem mortal voltar à matéria quebrantada
e dizes: ‘Retornai, filhos dos homens.’ Pois mil anos aos teus olhos são
apenas como o ontem que passou e como uma vigília durante a noite.”
Assim, dentro de poucos anos em nossa própria geração
atingiremos o que Jeová Deus poderia considerar como o sétimo dia
da existência do homem.
Qual seria a importância disto? O livro
passa a fazer esta aplicação dos pontos desenvolvidos:
43
Quão apropriado seria se Jeová Deus fizesse deste vindouro sétimo
período de mil anos um período sabático de descanso e livramento, um
grandioso sábado de jubileu para se proclamar liberdade através da terra a
todos os seus habitantes! Isto seria muito oportuno para a
humanidade. Seria muito apropriado da parte de Deus, pois,
lembre-se de que a humanidade ainda tem na sua frente o que o último livro
da Bíblia Sagrada chama de reinado de Yaohushua hol'Mehushkháy sobre a terra por mil
anos, o reinado milenar de Cristo. Yaohushua hol'Mehushkháy, quando na terra há
dezenove séculos, disse profeticamente a respeito de si mesmo: “Por que
Senhor do sábado é o que é o Filho do homem.” (Mateus 12:8) Não seria por
mero acaso ou acidente, mas seria segundo o propósito amoroso de
Jeová Deus que o reinado de Yaohushua hol'Mehushkháy, o “Senhor do sábado”,
correspondesse ao sétimo milênio da existência do homem.
Tinha a organização dito ‘sem rodeios’
que 1975 marcaria o início do milênio? Não. Mas o parágrafo acima
constituía o clímax para o qual toda a argumentação complexa,
cuidadosamente arquitetada, desse capítulo fora desenvolvida.
Não se fez nenhuma predição direta,
absoluta, sobre 1975. Mas o autor se dispôs a declarar que seria “muito
apropriado da parte de Deus” que Ele iniciasse o milênio nesse tempo
específico. Pareceria razoável que, para um homem imperfeito dizer o que é
e o que não é apropriado para o Deus Todo-Poderoso fazer, é necessário um
alto grau de certeza, certamente diferente de ‘se expressar uma mera
opinião’. A discrição requereria, ou melhor, exigiria que assim fosse.
Ainda mais forte é a declaração seguinte de que “seria segundo o propósito
amoroso de Jeová Deus que o reinado de Yaohushua hol'Mehushkháy, o ‘Senhor do sábado’,
correspondesse ao sétimo milênio da existência do homem”, sétimo milênio
esse que já se havia declarado como devendo começar em 1975.
O livro VIDA ETERNA – NA
LIBERDADE DOS FILHOS DE
DEUS,
escrito por Frederick W. Franz em 1966. Foi a primeira publicação
da Torre de Vigia a gerar expectativa quanto ao ano de 1975.
Mais uma vez, o recente livro de
história da Torre de Vigia intitulado "Testemunhas de Jeová" –
Proclamadores do Reino de Deus teve uma oportunidade de demonstrar
a objetividade e a candura que seu prefácio promete. Em uma apresentação
muito breve da matéria, ele diz o seguinte (na página 104), tratando do
congresso de 1966 no qual Fred Franz apresentou o novo livro que
introduziu a informação sobre 1975:
No congresso realizado em Baltimore,
Maryland, F. W. Franz deu o discurso concludente. Ele começou por dizer:
“Pouco antes de eu subir à tribuna, um jovem se aproximou de mim e disse:
‘Diga-me, que significa esse 1975?’” O irmão Franz mencionou muitas
perguntas feitas sobre se a matéria no novo livro queria dizer que em 1975
o Armagedom teria terminado, e Satanás estaria amarrado. Ele disse, em
síntese: ‘Pode ser. Mas não estamos dizendo isso. Todas as coisas são
possíveis a Deus. Mas não estamos dizendo isso. E que ninguém seja
específico ao falar sobre o que irá acontecer a partir de agora até 1975.
Mas, prezados irmãos, a grande questão é: o tempo é curto. O tempo está-se
esgotando, não resta dúvida sobre isso.’
Nos anos que se seguiram a 1966, muitas
"Testemunhas de Jeová" agiram em harmonia com o espírito do conselho dado.
Todavia, outras declarações foram publicadas sobre esse assunto, e algumas
foram provavelmente mais taxativas do que seria aconselhável. Isso foi
reconhecido em A Sentinela de 15 de setembro de 1980 (página 17).
Mas as "Testemunhas de Jeová" foram também acauteladas no sentido de se
concentrarem principalmente em fazer a vontade de Jeová e não ficarem
excessivamente preocupadas com datas e expectativas de pronta salvação.
Como é típico, a matéria cita a única
declaração acauteladora feita na época. Ela reconhece que “outras
declarações foram publicadas sobre esse assunto, e algumas foram
provavelmente mais taxativas do que seria aconselhável”1
Aproximadamente dois terços dos atuais membros da organização entraram
nela depois de 1975 e, desta forma, não tiveram a experiência de saber o
que se seguiu. Eles não têm qualquer conhecimento do alcance e da
intensidade da ênfase que foi dada ao ano de 1975 e o significado
associado a esse ano. Mas os membros do Corpo Governante sabem. Pelo menos
alguns dos que estão no Departamento de Redação devem ter lido e aprovado
o que aparece no livro de história de 1993. Eles certamente sabem quão
incompleto e branqueado é o quadro que o livro oferece. O que aconteceu
realmente?
1 Em
uma nota de rodapé, o livro de história da Torre de Vigia cita certas
publicações como evidência de outras declarações acauteladoras. Só uma
delas apareceu na década de 1960 (A Sentinela de 1º de novembro de 1968),
e, como foi o caso das outras declarações acauteladoras envolvendo
predições anteriores, as outras duas foram publicadas quando 1975 já
estava iminente ou em curso (as Sentinelas de 15 de dezembro de 1974 e 1.°
de novembro de 1975). Daí a nota de rodapé volta para antes do lançamento
do livro que anunciava 1975 e cita o livro de 1963 (em inglês), intitulado
“Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa”, que declara: “Não
adianta usar a cronologia bíblica para especular sobre datas que se acham
no futuro na corrente do tempo. — Mat. 24:36.” A nota não explica por que
o autor do livro que apontava para 1975 em conexão com o início do milênio
falhou de maneira tão flagrante em seguir o princípio declarado três anos
antes.
No ano seguinte, o número da
Despertai! de 22 de abril de 1967, a revista companheira de A
Sentinela, trazia um artigo intitulado “Quanto Tempo Ainda Levará?” e,
sob o subtítulo “Os 6.000 Anos Terminam em 1975”, também raciocinava que o
milênio seria os últimos 1.000 anos de um dia de descanso de 7.000 anos de
Deus. Passou a dizer (página 20):
Por conseguinte,
estarmo-nos aproximando do fim dos primeiros 6.000 da existência do homem
é algo de grande significado.
Será que o dia de descanso de
Deus decorre paralelamente ao tempo em que o homem tem estado na terra,
desde sua criação? Parece que sim.
Segundo as investigações mais fidedignas da cronologia bíblica,
harmonizadas com muitas datas aceitáveis da história secular, descobrimos
que Adão foi criado no outono do ano 4026 A.E.C. Em algum tempo naquele
mesmo ano, Eva bem que poderia ter sido criada, logo após o que começou o
dia de descanso de Deus. Em que ano, então, terminariam os primeiros 6.000
anos do dia de descanso de Deus? No ano de 1975. Isto é digno de nota,
especialmente em vista de que os “últimos dias” começaram em 1914, e que
os fatos físicos de nossos dias, em cumprimento da profecia, marcam esta
como a última geração deste mundo iníquo. Por conseguinte, podemos esperar
que o futuro imediato esteja cheio de eventos emocionantes para aqueles
que depositam sua fé em Deus e em suas promessas. Isto significa que
dentro de relativamente poucos anos testemunharemos o cumprimento das
profecias restantes que têm que ver com o “tempo do fim”.
A Sentinela
de 1º de novembro de 1968 continuou a
estimular esta expectativa. Usando praticamente o mesmo argumento
do último artigo citado, disse então (página 660):
"O futuro imediato com certeza
estará repleto de eventos climáticos,
pois este velho sistema se aproxima de seu fim completo. Dentro de alguns
anos, no máximo, as partes finais da profecia bíblica relativas a estes
“últimos dias” terão cumprimento, resultando na libertação da humanidade
sobrevivente para o glorioso reino milenar de Cristo. Que dias difíceis,
mas, ao mesmo tempo, que dias grandiosos estão bem à frente! [O grifo é
meu.]".
Já se passaram mais de 30 anos desde
que se escreveu isso. Alguém pode muito bem perguntar: O que significa a
expressão “futuro imediato”? Quantos anos representam
“alguns anos, no máximo”?
No artigo intitulado “O Que Trará a
Década de 1970?”, a Despertai! de 22 de abril de 1969 enfatizava
novamente a brevidade do tempo restante, dizendo no início (página 13):
"O fato de que já
se passaram quase cinqüenta e cinco anos do período chamado de ‘últimos
dias’ é altamente significativo. Quer dizer que restam apenas alguns anos,
no máximo, antes de o corrupto sistema de coisas que domina a terra ser
destruído por Deus".
Mais adiante, recorrendo ao ano de 1975
como o encerramento dos seis mil anos da história humana, dizia o artigo
(página 14):
"Há outro meio que
ajuda a confirmar que vivemos nos poucos anos finais deste “tempo do fim”.
(Dan. 12:9) A Bíblia mostra que nos aproximamos do fim de 6.000 completos
da história humana".
Vez após vez, as publicações da Torre
de Vigia citavam declarações feitas por pessoas importantes ou “peritos”
em qualquer área que fizessem alguma referência a 1975. Por exemplo, a
declaração feita em 1960 pelo ex-secretário de estado dos Estados Unidos,
Dean Acheson, que disse:
"Sei bastante do
que está acontecendo para assegurar-lhes que, em quinze anos, a partir de
hoje [portanto, 1975], este mundo será perigoso demais para se viver
nele".
O livro Fome 1975! (em inglês),
de dois peritos em alimentação, era citado repetitivamente,
particularmente, estas declarações:
"Por volta de 1975, o mundo se
confrontará com um desastre de magnitude sem precedente. Fomes, maiores do
que qualquer outra na história, assolarão as nações subdesenvolvidas.
Prevejo uma data
específica, 1975, quando a nova crise estará sobre nós em toda a sua
importância aterradora.
Por volta de 1975,
distúrbios civis, anarquia, ditaduras militares, inflação galopante, o
colapso dos transportes e um tumulto caótico serão a ordem do dia em
muitas nações famintas".
Três anos depois do enfoque original
sobre 1975 no livro Vida Eterna na Liberdade dos Filhos de Deus,
o autor, Fred Franz escreveu outra publicação intitulada A Paz
de Mil Anos Que Se Avizinha.2 De certa forma, sua linguagem
era ainda mais definitiva e específica do que a das publicações
anteriores. Lançada em 1969, continha as seguintes declarações nas páginas
25 e 26:
"Mais recentemente,
pesquisadores sérios da Bíblia Sagrada verificaram novamente a sua
cronologia. Segundo os seus cálculos, os seis milênios da vida da
humanidade na terra terminariam nos meados da década de mil novecentos e
setenta. Portanto, o sétimo milênio a partir da criação do homem por Jeová
Deus começaria em menos de dez anos.
A fim de que o
Senhor Yaohushua hol'Mehushkháy seja ‘Senhor até do Sábado’, seu reinado de mil anos
terá de ser o sétimo de uma série de períodos de mil anos ou milênios.
(Mateus 12:8, Al) Seria assim um reinado sabático".
O argumento aqui é bem claro e direto:
Assim como o sábado era o sétimo período em seqüência a seis períodos de
labuta, o reinado de mil anos de Cristo será um sétimo milênio sabático em
seqüência a esses seis mil anos de labuta e sofrimento. A apresentação não
é de maneira alguma imprecisa ou ambígua. Conforme diz a página 26:
"A fim de que o
Senhor Yaohushua hol'Mehushkháy seja ‘Senhor até do Sábado’, seu reinado de mil anos
terá de ser o sétimo de uma série de períodos de mil anos ou milênios".
2 A
mesma matéria apareceu também no número de 15 de abril de 1970, páginas
238, 239 de A Sentinela. Os índices mais recentes das publicações da Torre
de Vigia, porém, não a alistam sob o título “1975”, simplesmente
ignorando-a apesar da intensa ênfase que se deu a essa data.
Do mesmo modo como se determinava o que
seria “apropriado” e “adequado” para Deus fazer, estabelece-se agora
também um requisito para Yaohushua hol'Mehushkháy. Para que ele seja o que diz que
será, ‘Senhor até do sábado’, o seu reinado “terá de ser” então o
sétimo milênio duma série de milênios. O raciocínio humano impõe este
requisito ao Filho de Deus. Os seis mil anos terminariam em 1975; a
regência de Cristo, de acordo com o argumento, “terá de ser o sétimo”
período seguinte de mil anos. O “escravo fiel e discreto” tinha, com
efeito, delineado o programa que ele esperava que seu Amo seguisse se é
que ele havia de ser fiel à sua própria palavra.
Apesar de a redação ser mais polida e
as expressões mais refinadas, esta matéria é, em essência,
extraordinariamente semelhante à apresentada no folheto do Juiz
Rutherford, Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão, no qual
ele fez afirmações que admitiu serem asininas. Com exceção da data
de publicação, era como se se tivesse atrasado o relógio em cerca de meio
século até os dias anteriores a 1925. A diferença era que as coisas ditas
então eram agora ditas com relação a 1975.3
Quando chegou a década de 70, a
edificação de expectativa continuou. A Despertai! de 22 de abril de
1972 ainda falava novamente nos seis períodos de labuta e fadiga, seguidos
por um sétimo período (sabático) de descanso, e na página 28,dizia:
"Assim, ao nos
aproximarmos do término de seis mil anos de existência humana, durante
esta década, há emocionante esperança de que um grandioso Sábado de
descanso e alívio se acha deveras às portas".
Relacionado a isso, havia, na página
27, o seguinte gráfico:
3 É
verdade que (na página 27) usa-se a expressão menos específica “em meados
dos anos setenta”, mas o ano 1975 já havia sido apresentado como uma data
biblicamente marcada e esta data estava agora firmemente gravada na mente
de todas as "Testemunhas de Jeová" por toda a terra.
Todas estas declarações se destinavam
claramente a fomentar e a edificar esperança e expectativa. Não se
destinavam a acalmar ou desarmar um espírito de empolgada expectativa. Na
verdade, a maioria era acompanhada de alguma declaração moderadora no
sentido de que ‘não estamos dizendo positivamente’ ou não estamos
‘apontando para uma data específica’, e de que ‘não sabemos o dia e a
hora’. Mas, deve ser lembrado que a organização não era novata neste
campo. Toda a sua história, desde precisamente seu próprio começo, tem
sido do tipo que edifica a esperança das pessoas em certas datas só para
vê-las passarem sem que a esperança se realize. Nos casos passados, as
publicações da Sociedade procuravam logo em seguida colocar a
responsabilidade por alguma desilusão sobre os que recebiam a informação,
não sobre os que a transmitiam, como estando inclinados a esperar demais.
Seguramente, os homens responsáveis pela organização deveriam, então, ter
se dado conta do perigo, ter compreendido como é a natureza humana e
percebido quão facilmente se pode suscitar grandes esperanças.
Mesmo assim, enquanto evitavam
cuidadosamente qualquer predição explícita no sentido de que uma data
específica veria o início do milênio, esses homens responsáveis aprovaram
o uso das expressões “dentro de relativamente poucos anos”, “o futuro
imediato”, “dentro de, no máximo, alguns anos”, “apenas alguns anos, no
máximo”, “os poucos anos finais”, todas usadas nas revistas A
Sentinela e Despertai! com referência ao início do reinado
milenar e todas dentro de um contexto que incluía a data de 1975.
Significam estas palavras alguma coisa? Ou foram usadas de maneira
desconexa, descuidada? São as esperanças, os planos e os sentimentos das
pessoas algo com que se brincar? No entanto, A Sentinela de 15 de
fevereiro de 1969, (página 116) deu até a entender que alguém deveria ser
cuidadoso quanto a pôr excessiva confiança nas próprias palavras
acauteladoras de Yaohushua.
35
Uma coisa é absolutamente certa, a cronologia bíblica, reforçada pela
profecia bíblica cumprida, mostra que em breve, sim, dentro desta geração,
acabarão seis mil anos da existência do homem! (Mateus 24:34) Portanto,
este não é o tempo para se ser indiferente e complacente. Não é o tempo
para se brincar com as palavras de Yaohushua de que “acerca daquele dia e
daquela hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas
unicamente o Pai”. (Mateus 24:36) Ao contrário, é o tempo em que se deve
estar vivamente apercebido de que o fim deste sistema de coisas está
chegando rapidamente ao seu término violento. Não se engane, basta que o
próprio Pai saiba ‘o dia e a hora’!
Como podia um “escravo fiel e discreto”
dizer isto; dizer, com efeito, que, “Realmente, meu amo disse isso e
aquilo, mas não dêem muita importância; ao contrário, conscientizem-se de
que o que lhes digo deve ser a força orientadora de suas vidas”?
Algumas das declarações mais diretas
vieram do Departamento de Serviço da sede internacional, que produz um
periódico mensal chamado Ministério do Reino, destinado apenas às
Testemunhas e não ao público. O número de maio de 1968, (página 4)
exortava a se entrar na atividade de pregação por tempo integral (“serviço
de pioneiro”) dizendo:
"Em vista do curto
período de tempo que resta, desejamos fazer isso tão amiúde quanto as
circunstâncias o permitam. Apenas pensem, irmãos, restam menos de noventa
meses até que se completem os 6.000 anos da existência do homem na terra".
O número de julho de 1974, (páginas 3 e
4) do Ministério do Reino, referindo-se ao “pouco tempo que resta”,
disse:
"Receberam-se
notícias a respeito de irmãos que venderam sua casa e propriedade e que
planejam passar o resto dos seus dias neste velho sistema de coisas
empenhados no serviço de pioneiro. Este é certamente, um modo excelente de
passar o pouco tempo que resta antes de findar o mundo iníquo. — 1 João
2:17".
Um número considerável de testemunhas
fez exatamente isso. Alguns venderam seus negócios, largaram seus
empregos, venderam suas casas ou fazendas e se mudaram com suas esposas e
filhos para outras áreas a fim de ‘servir onde houvesse mais necessidade’,
confiando que tinham fundos suficientes para sustentá-los até 1975.
Outros, inclusive algumas pessoas de
idade, converteram em dinheiro apólices de seguro ou outros certificados
de valor. Alguns adiaram intervenções cirúrgicas na esperança de que a
entrada do milênio eliminasse a necessidade de fazê-las.
Quando 1975 passou e seus fundos
se esgotaram ou sua saúde piorou seriamente, tinham agora de tentar lidar
com a dura realidade e reconstruir suas vidas do melhor modo possível.
Qual era o pensamento dentro do Corpo
Governante durante esse período?
Alguns dos homens de mais idade do
Corpo tinham experimentado pessoalmente as expectativas fracassadas de
1914, 1925, bem como as esperanças suscitadas no início dos anos quarenta.
A maioria, pelo que pude observar, assumiu uma atitude de ‘esperar para
ver’. Estavam relutantes em pedir moderação. Estavam ocorrendo grandes
aumentos. Considere o registro de batismos correspondente ao período de
1960 até 1975:
Desde 1960 até 1966, o índice de
crescimento havia se reduzido, quase parado. Mas depois de 1966, quando se
passou a dar publicidade a 1975, houve um período de crescimento fenomenal
como mostra a tabela.
Durante os anos de 1971 a 1974,
enquanto eu estava servindo no Corpo Governante, não me lembro de ter
ouvido nenhuma manifestação de séria preocupação por parte dos membros do
Corpo com relação às expectativas suscitadas que haviam sido criadas. Não
quero dizer que eu mesmo não tenha me sentido inicialmente empolgado em
1966, quando saiu o livro Vida Eterna na Liberdade dos Filhos de
Deus com seu quadro brilhante da proximidade de um jubileu
milenar. Nem iria alegar que não tive qualquer participação na etapa
inicial da campanha que concentrava a atenção na data alvo de 1975. Mas
cada ano que passava, de 1966 em diante, fazia a idéia parecer cada vez
mais irreal. Quanto mais eu lia as Escrituras, mais fora de harmonia
parecia todo o conceito; não se enquadrava com as declarações do próprio
Yaohushua hol'Mehushkháy, tais como:
- Acerca daquele dia e daquela hora
ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas unicamente o Pai.
- Portanto, mantende-vos vigilantes,
porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.
- Por esta razão, vós também
mostrai-vos prontos, porque o Filho do Homem vem numa hora em que não
pensais.
- Persisti em olhar, mantende-vos
despertos, pois não sabeis quando é o tempo designado.
- Não vos cabe obter conhecimento dos
tempos ou das épocas que o Pai tem colocado sob a sua própria jurisdição.4
Como membro do pessoal da sede de uma
organização que transbordava de alegria por deslizar sobre a onda de um
crescimento extraordinário, contudo, não havia muito que se pudesse fazer.
Eu procurava moderar alguns artigos que vinham a mim para serem editados,
mas isso era praticamente tudo. Em minha atividade pessoal, procurava
chamar atenção para os versículos bíblicos que acabei de mencionar, tanto
em conversas particulares como em discursos públicos.
Certo domingo à noitinha em 1974,
depois de minha esposa e eu havermos retornado de um compromisso de
discurso em outra parte do país, meu tio, então vice-presidente, veio até
nosso quarto. (Como a vista dele estava extremamente fraca, costumávamos
ler a matéria de estudo de A Sentinela em voz alta para ele toda
semana.) Minha esposa mencionou para ele que, em meu discurso daquele
final de semana, eu tinha advertido os irmãos contra ficarem indevidamente
empolgados em relação a 1975. Sua resposta imediata foi: “E por que não
deveriam ficar empolgados? É algo com que se empolgar”.
4
Citado de Mateus 24:36, 42, 44; Marcos 13:33; Atos 1:7.
Não há nenhuma dúvida em minha mente de
que, de todos os membros do Corpo Governante, o vice-presidente era o mais
convencido da exatidão do que ele escrevera e sobre o qual outros haviam
construído. Noutra noitinha, no verão de 1975, um irmão grego de idade
avançada chamado Peterson (originalmente Papagyropoulos) participou de
nossa leitura, como era seu costume. Depois da leitura, meu tio disse a
Peterson: “Sabe, tudo isso lembra muito 1914. Tudo estava calmo até os
meses de verão. Então, de repente, as coisas começaram a acontecer e
estourou a guerra.”
Antes disso, no início de 1975, o
presidente Knorr havia feito uma viagem ao redor do mundo, levando consigo
o vice-presidente Franz. Os discursos do vice-presidente em todos os
países visitados giravam em torno de 1975. Ao retornarem, os outros
membros do Corpo Governante, tendo ouvido relatos procedentes de muitos
países sobre o efeito emocionante do discurso do vice-presidente, pediram
para ouvir uma gravação dele feita na Austrália.5
Em seu discurso, o vice-presidente
falou de 1975 como um “ano de grandes possibilidades, tremendas
probabilidades”. Disse a sua assistência que, de acordo com o calendário
hebraico, estavam “já no quinto mês lunar de 1975”, restando menos de sete
meses lunares. Ele enfatizou também várias vezes que o ano hebraico se
encerraria com o Rosh Hashana, o Ano Novo Judaico, em 5 de setembro de
1975.
Reconhecendo que teria de acontecer
muita coisa nesse curto período se é que o desfecho final estava para vir
nessa ocasião, ele passou a falar sobre a possibilidade de uma diferença
de mais ou menos um ano devido a algum lapso de tempo entre a criação de
Adão e a criação de Eva. Fez referência ao fracasso das expectativas em
1914 e 1925 e citou a observação de Rutherford, “fiz papel de asno”. Disse
que a organização tinha aprendido a não fazer “predições muito audaciosas
e extremas”. Chegando ao final, exortou seus ouvintes, no entanto, a não
adotarem uma visão indevida e imaginarem que a vindoura destruição pudesse
estar a “anos no futuro”, e focalizar sua atenção em outros assuntos, tais
como casar-se e cuidar de uma família, desenvolver um excelente
empreendimento comercial ou passar anos na faculdade em algum curso de
engenharia.
5
Isto aconteceu na sessão de 19 de fevereiro de 1975.
Depois de escutar a fita, alguns
membros do Corpo Governante expressaram preocupação no sentido de que, sem
dúvida, se nenhuma predição “muito audaciosa e extrema” estava sendo
feita, algumas predições sutis estavam sendo feitas e o efeito era
evidente de modo palpável na empolgação que se gerou.
Esta foi a primeira vez que se
expressou preocupação nas discussões do Corpo Governante. Mas não se
adotou nenhuma medida, nem se decidiu nenhuma diretriz a respeito. O
vice-presidente repetiu muitos dos pontos do mesmo discurso em 2 de março
de 1975, na formatura da Escola de Gileade que se seguiu.6
1975 passou – como haviam passado 1881,
1914, 1918, 1920, 1925 e os anos 40. Deu-se muita publicidade por parte de
outras pessoas quanto ao fracasso das expectativas da organização em torno
de 1975. Houve muita conversa a respeito entre as próprias "Testemunhas de
Jeová". Em minha opinião, a maior parte do que se disse não tocou no ponto
principal da questão.
Senti que a verdadeira questão ia muito
além da exatidão ou falta de exatidão de algum indivíduo, ou até da
confiabilidade ou falta de confiabilidade de uma organização, ou da
sensatez ou credulidade de seus membros. Pareceu-me que o fator realmente
importante era como tais predições refletiam finalmente sobre Deus e a sua
Palavra. Quando os homens fazem tais prognósticos e dizem que o estão
fazendo com base na Bíblia, engendrando argumentos para eles com a Bíblia,
afirmando que são o “canal” de comunicação de Deus; qual é o resultado
quando seus prognósticos se provam falsos? Honra a Deus ou edifica a fé
nele e na confiabilidade de sua Palavra? Ou resulta no contrário? Não dá
isso motivo adicional a alguns para se sentirem justificados em dar pouca
importância à mensagem e aos ensinos da Bíblia? Aquelas Testemunhas que
fizeram grandes mudanças em suas vidas podiam, na maioria dos casos,
recolher os destroços, e de fato o fizeram, e prosseguir vivendo apesar de
sentirem-se desiludidas. Nem todas conseguiram fazê-lo. Contudo, seja qual
for o caso, causou-se sério prejuízo em mais de uma maneira.
6
Veja A Sentinela de 15 de setembro de 1975, página 552.
Em 1976, um ano depois da passagem
daquela data amplamente anunciada, uns poucos membros do Corpo Governante
começaram a insistir em que se deveria fazer alguma declaração
reconhecendo que a organização havia se equivocado, que tinha estimulado
falsas expectativas. Outros disseram que achavam que não se deveria
fazê-lo, que isso “serviria apenas de munição para os opositores”. Milton
Henschel recomendou que o procedimento sábio a seguir seria simplesmente
não suscitar o assunto e que, com o tempo, os irmãos deixariam de falar
sobre ele. Não havia, evidentemente, apoio suficiente favorecendo a
aprovação desta moção. Um artigo em A Sentinela de 15 de
janeiro de 1977 fez realmente referência às expectativas não
cumpridas, mas o artigo teve de se harmonizar com o sentimento
prevalecente dentro do Corpo Governante e não foi possível nenhum
reconhecimento claro da responsabilidade da organização.
Em 1977, o assunto surgiu novamente
numa reunião. Apesar de se levantarem as mesmas objeções, aprovou-se uma
moção no sentido de que se deveria incluir uma declaração em um discurso
de congresso que Lloyd Barry estava incumbido de preparar. Meu
entendimento é que, mais tarde, os membros do Corpo Governante Ted Jaracz
e Milton Henschel conversaram com Lloyd sobre sua opinião acerca do
assunto. Qualquer que tenha sido o caso, não se incluiu nenhuma menção a
1975 na preparação do discurso. Recordo-me de ter perguntado a Lloyd sobre
isso e a sua resposta foi que ele simplesmente não tinha conseguido
encaixá-la em seu tema. Passaram-se quase dois anos e, então em 1979, o
Corpo Governante voltou a considerar o assunto. Nessa época, tudo indicava
que 1975 tinha produzido uma séria brecha de credibilidade.
Certo número de membros do pessoal da
sede se expressaram nesse sentido. Alguém descreveu 1975 como um
“albatroz” rondando em volta de nossos pescoços. Robert Wallen, um
secretário do Corpo Governante, escreveu o seguinte:
"Estou associado
como Testemunha batizada há mais de 39 anos e, com a ajuda de Jeová,
continuarei a ser um servo leal. Mas, dizer que não estou decepcionado
seria uma mentira, pois eu sei que meus sentimentos com relação a 1975
foram nutridos em razão daquilo que li em várias publicações e quando sou
efetivamente informado de que cheguei às falsas conclusões por mim mesmo,
sinto que isso não está sendo justo ou honesto. Sabendo que não estamos
tratando com a infalibilidade, para mim o correto só pode ser que, sempre
que homens imperfeitos, porém tementes a Deus, cometerem erros, sejam
feitas então as correções quando os erros forem encontrados".
Raymond Richardson, do Departamento de
Redação, disse:
"Não são as pessoas
atraídas pela humildade e não estão mais dispostas a depositar confiança
onde há candura? A própria Bíblia é o maior exemplo de candura. Esta é uma
das razões mais destacadas para acreditarmos que ela seja veraz".
Fred Rusk, também do Departamento de
Redação, escreveu:
"Apesar de
quaisquer declarações atenuadoras que possam ter sido feitas ao longo do
caminho a fim de alertar os irmãos para não dizerem que o Armagedom viria
em 1975, o fato é que houve uma quantidade de artigos nas revistas e
outras publicações que faziam mais do que insinuar que o velho sistema
seria substituído pelo novo sistema de Jeová em meados dos anos setenta".
Merton Campbell, do Departamento de
Serviço, escreveu:
"Outro dia uma irmã
me telefonou de Massachusetts. Ela estava no trabalho. Tanto a irmã como o
marido dela estão trabalhando para pagar as contas que haviam se acumulado
devido a enfermidade. Ela expressou que se sentira tão confiante de que
1975 traria o fim, que ambos estavam tendo dificuldade em fazer frente aos
fardos deste sistema. Este exemplo é típico de muitos dos irmãos que nós
encontramos".
Harold Jackson, também do Departamento
de Serviço, disse:
"O que se precisa
agora não é de uma declaração no sentido de que estávamos equivocados com
relação a 1975, mas sim de uma declaração explicando por que todo o
assunto tem sido passado por alto por tanto tempo, já que tantas vidas têm
sido afetadas. Confrontamo-nos agora com uma brecha de credibilidade e
essa pode provar-se desastrosa. Se formos dizer absolutamente alguma
coisa, falemos de maneira direta e sejamos francos e honestos com os
irmãos".
Howard Zenke, do mesmo departamento,
escreveu:
"Não queremos
certamente que os irmãos leiam ou escutem alguma coisa e depois digam em
suas próprias mentes que essa forma de tratar o assunto que temos adotado
seja equivalente a um ‘Watergate’ [um caso de escândalo político na
capital dos EUA que culminou na renúncia forçada do presidente Nixon]".
Outros fizeram comentários similares.
Ironicamente, alguns que expressavam nessa ocasião as mais severas
críticas haviam estado entre os mais exaltados antes de 1975 em enfatizar
essa data e a extrema “urgência” que ela evocava, tendo até escrito alguns
dos artigos anteriormente citados e aprovado as declarações no
Ministério do Reino recomendando aqueles que estavam vendendo
suas casas e propriedades, à medida que 1975 se aproximava. Muitas
das declarações mais dogmáticas acerca de 1975 foram feitas por
representantes viajantes (superintendentes de circuito e distrito), todos
os quais estavam sob a supervisão direta do Departamento de Serviço.
Na reunião do Corpo Governante de 6 de
março de 1979, apresentaram-se os mesmos argumentos contra publicar-se
qualquer coisa ; de que isso exporia a organização a mais críticas por
parte de opositores, que nesta hora tão tardia, não havia necessidade
alguma de se apresentar um pedido de desculpas, que não se conseguiria
nada com isso. Todavia, até mesmo aqueles que argumentavam neste sentido o
faziam com menos intensidade que em reuniões anteriores. Isto se devia
particularmente a um fator: as cifras mundiais haviam registrado sérios
decréscimos durante dois anos.
Os relatórios anuais sobre o número
total dos participantes na atividade de testemunho revelam o seguinte:
Esta diminuição, mais do que qualquer
outro fator, parecia ter influenciado os membros do Corpo Governante em sua
posição. Houve uma votação de 15 a 3 a favor de fazer-se uma declaração
expressando pelo menos algum reconhecimento quanto à parcela de
responsabilidade da organização pelo erro. Isto foi publicado em A
Sentinela de 15 de setembro de 1980.
Levou quase quatro anos para que a
organização, através de sua administração, admitisse finalmente que estivera
errada, que havia, durante toda uma década, criado falsas esperanças. Não é
que uma declaração tão franca, ainda que verdadeira, não pudesse ser feita.
O que quer que fosse escrito tinha de ser aceitável para o Corpo como um
todo a fim de ser publicado. Eu sei disso porque fui designado para redigir
a declaração e, como em casos similares no passado, eu tive de me conduzir;
não por aquilo que eu gostaria de ter dito ou até por aquilo que eu achasse
que os irmãos precisavam ouvir; mas por aquilo que pudesse ser dito de modo
a receber a aprovação de dois terços do Corpo Governante quando lhe fosse
apresentado.
Atualmente, toda essa longa década em que
se criou esperanças focalizadas em 1975 é desconsiderada como não tendo
qualquer importância significativa. A essência das palavras de Russell em
1916 é novamente expressa pela organização: Isso “teve certamente um efeito
muito estimulante e purificador sobre milhares, todos os quais podem louvar
o Senhor – até pelo erro.
-O-O-O-O-O-
Edição de o Caminho
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Nota Final de OCaminho: A
desassociação/exclusão é mais uma evidência presente nas falsas
denominações, uma vez que nem aos Anjos o Messias (Yaohushua) permitiu que
se colhesse o joio!
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